Substâncias cancerígenas - a importância de conhecê-las
O que são substâncias cancerígenas?
Chama-se cancerígena a toda e qualquer substância que seja capaz de promover, sozinha ou em associação com outros fatores, o surgimento do câncer1. Há substâncias que são cancerígenas não em vista da sua natureza química, mas devido à radiação que emitem.
Classificação das substâncias com relação ao câncer1
A Organização Mundial da Saúde2 (OMS) classifica as substâncias com relação à possibilidade de causarem câncer1 humano em 4 grupos:
(1) substâncias definitivamente carcinogênicas
(2a) substâncias provavelmente carcinogênicas
(2b) substâncias possivelmente carcinogênicas
(3) substâncias não classificadas como carcinogênicas
(4) substâncias provavelmente não carcinogênicas
Pra se ter uma ideia da extensão dessas substâncias, basta dizer que no grupo (1) estão incluídos 118 itens e nos grupos (2a) e (2b) estão contidos 363 itens.
As substâncias do grupo (1) mais comuns no nosso dia a dia são:
- Tabaco: "O cigarro é de longe o maior cancerígeno do mundo moderno", disse Christoph Rochlitz, chefe do departamento de oncologia do Hospital da Universidade da Basileia, na Suíça. A cada ano, mais de 5 milhões de pessoas morrem em decorrência do fumo.
- Fumo passivo: segundo a OMS, estar ao lado de uma pessoa que fuma pode ser tão mortal quanto fumar. Estima-se que o fumo passivo mata milhares de pessoas ao ano, 28% das quais são crianças.
- Poluição: a OMS estima que cerca de 3,7 milhões de pessoas com menos de 60 anos morrem a cada ano no mundo em decorrência da exposição à poluição.
- Exposição a raios ultravioletas do sol: pode causar melanoma3 maligno, o tipo mais comum, severo e fatal de câncer1 de pele4.
- Fumaça de motores a diesel: a fumaça emitida por motores alimentados a diesel é considerada um agente cancerígeno categoria (1) desde a década de 80, por conter compostos resultantes da combustão incompleta desse combustível.
- Contato com formaldeído: um químico bastante comum, amplamente utilizado na fabricação de resinas e presente em produtos como solventes de cola. O principal risco vem da inalação, que pode resultar em câncer1 da região do nariz5 e da faringe6 e em leucemia7.
- Uso de hormônios progesterona e estrogênio em reposição hormonal ou em pílulas anticoncepcionais: a reposição hormonal na menopausa8 e métodos anticoncepcionais são apontados como fatores do aumento de risco de câncer1.
- Álcool: o álcool etanol e o álcool metílico, presentes em bebidas alcoólicas, constam na lista de substâncias cancerígenas do tipo (1) da OMS.
- Carne processada: as carnes processadas (bacon, linguiça, presunto, etc.) foram adicionadas recentemente à lista das substâncias cancerígenas.
- Exposição ao gás radônio: o radônio é um gás radioativo9, resíduo da desintegração de urânio e tório, presentes em rochas, que sobe à superfície do solo. O gás radônio é a principal causa específica de mortes por câncer1 de pulmão10 após o tabaco. Ele está presente em materiais de construção.
Veja mais sobre "Alcoolismo", "Cigarro eletrônico", "Obesidade11" e "Sedentarismo12".
Como lidar com substâncias cancerígenas?
O contato com algumas substâncias cancerígenas pode ser facilmente evitado, mas com outras pode ser difícil evitá-lo, seja porque a pessoa se tornou dependente delas, como o tabaco, por exemplo, ou por pertencerem ao local de trabalho. Em alguns casos isso é mesmo impossível, como as oriundas do meio ambiente, que estão no ar poluído ou associadas a certos alimentos de consumo rotineiro.
Nem todas as pessoas que têm contato ou ingerem as sustâncias cancerígenas terão câncer1, inevitavelmente, mas essas substâncias potencializam muitos outros fatores concorrentes. Assim, embora o cigarro seja uma das causas do câncer1 de pulmão10, nem todas as pessoas que fumam terão câncer1 de pulmão10, mas, por outro lado, as estatísticas mostram que as pessoas que fumam têm câncer1 de pulmão10 em muito maior número do que as que não fumam.
Algumas substâncias cancerígenas são ingeridas juntamente com alimentos; outras são aspiradas e afetam localmente os pulmões13 ou sistemicamente todo o organismo. Há ainda as que têm efeito tópico14, agindo nos locais em que são aplicadas.
Qual é o substrato fisiológico15 de substâncias cancerígenas?
Muitas substâncias causam câncer1 devido à capacidade que têm de danificar o genoma das células16 ou intervir em processos metabólicos celulares. Embora o público associe a tendência à carcinogênese a produtos químicos sintéticos, é igualmente provável que ela surja também em certas substâncias naturais.
Normalmente, danos graves ao DNA levam à morte celular programada, mas se o processo de morte celular programada for danificado, a célula17 não poderá evitar que se torne uma célula17 cancerosa.
Depois que a substância carcinógena entra no corpo, o organismo tenta eliminá-la por meio de um processo chamado biotransformação. No entanto, em alguns casos, essas reações também podem converter um carcinógeno menos tóxico em um carcinógeno mais tóxico.
Os principais tipos de câncer1 e suas relações com as substâncias cancerígenas
- O câncer1 de pulmão10, tipo de câncer1 mais comum no mundo, é causado principalmente pela fumaça do tabaco. Estima-se que a fumaça do tabaco seja responsável por quase 90% dos casos de câncer1 de pulmão10. A maioria dos compostos da fumaça do tabaco causam danos ao DNA das células16 pulmonares, induzindo outras alterações que podem causar erros de replicação, os quais podem resultar em mutações em genes supressores de tumor18 ou oncogenes que levam ao câncer1.
- O câncer1 de mama19 é o segundo tipo de câncer1 mais comum. O risco aumentado de câncer1 de mama19 está associado a níveis persistentemente elevados de estrogênio no sangue20. O principal estrogênio em humanos, o estradiol, pode ser metabolizado em derivados de quinonas e esses derivados podem causar um mecanismo genotóxico (capacidade de alguns agentes químicos de danificar a informação genética de uma célula17) que pode causar câncer1 de mama19.
- O câncer1 colorretal é o terceiro tipo de câncer1 mais comum. Aqui também a fumaça do tabaco tem sua atuação, e pode ser responsável por até 20% dos cânceres colorretais. Além disso, evidências substanciais indicam que os ácidos biliares são um fator importante na eclosão do câncer1 de cólon21. Os ácidos biliares induzem a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que danificam o DNA e induzem danos a ele, nas células16 do cólon21. Os ácidos biliares também causam a morte celular programada (apoptose22) e o aumento dela pode resultar na sobrevivência23 seletiva de células16 resistentes à indução de apoptose22, podendo causar câncer1 de cólon21.
- O câncer1 de estômago24 é o quarto tipo de câncer1 mais comum. A infecção25 pelo Helicobacter pylori é o principal fator causador. A gastrite26 crônica ou a úlcera gástrica27 causadas por ele costumam ter uma longa duração antes de eclodir o câncer1. A infecção25 de células16 epiteliais gástricas pelo Helicobacter pylori resulta no aumento da produção de espécies reativas de oxigênio que causam danos oxidativos ao DNA. A base alterada de DNA pode causar erros durante a replicação do DNA, que têm potencial mutagênico e carcinogênico.
Leia também sobre "Fumo e gestação", "Prevenção do câncer1", "Exames preventivos que toda mulher deve fazer" e "O que são metástases28".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Instituto Oncoguia e do CDC - Centers for Disease Control and Prevention.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.