Síndrome paraneoplásica
O que é síndrome paraneoplásica1?
A síndrome paraneoplásica1 é uma doença rara, constituída por um conjunto de sinais2 e sintomas3 que precedem ou que ocorrem simultaneamente com a presença de uma neoplasia4 no organismo. Esses sintomas3 não estão relacionados diretamente com a invasão, obstrução ou efeitos metastáticos do tumor5. Ou seja, as células6 malignas não causam diretamente sintomas3 relacionados ao tumor5 original ou à metástase7, mas eles são devidos a substâncias produzidas pelo próprio tumor5 ou pelo sistema imunológico8 em resposta ao tumor5.
Os sintomas3 podem se manifestar antes ou depois do diagnóstico9 do câncer10. O reconhecimento imediato dessas síndromes é fundamental, pois pode revelar malignidade ainda oculta e, assim, o tratamento pode começar muito precocemente.
A síndrome paraneoplásica1 pode afetar vários sistemas do corpo, incluindo o sistema nervoso11, sistema endócrino12, sistema musculoesquelético, sistema hematológico, entre outros.
Quais são as causas da síndrome paraneoplásica1?
As síndromes paraneoplásicas em geral são secundárias a uma malignidade ainda oculta, mas podem também ocorrer simultaneamente com o câncer10. O mecanismo exato delas, contudo, ainda não está claro. A síndrome paraneoplásica1 pode ocorrer em qualquer tipo de câncer10, mas é mais comum em certos tipos, como câncer10 de pulmão13, câncer10 de mama14, câncer10 de ovário15 e linfoma16.
As causas específicas da síndrome paraneoplásica1 incluem, por exemplo:
- a produção excessiva do hormônio17 adrenocorticotrófico (ACTH);
- danos aos nervos, como no caso da neuropatia periférica18 causada pelo câncer10 de pulmão13 ou linfoma16 de Hodgkin;
- problemas autoimunes19, como o aparecimento de anticorpos20 que atacam células6 normais do corpo, como no caso da síndrome21 miastênica;
- associação a certos tipos de câncer10 de pulmão13; etc.
Leia sobre: "É possível acabar com o câncer10?", "Linfonodo22 sentinela" e "Distinção entre tumores benignos e malignos".
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome paraneoplásica1?
A patogênese23 da síndrome paraneoplásica1 permanece sem clareza. Seus sintomas3 podem ser secundários às substâncias secretadas pelo tumor5 ou podem ser o resultado da atuação de anticorpos20 contra o tumor5, que reagem de forma cruzada com outros tecidos. Os sintomas3 podem ocorrer em qualquer órgão ou sistema fisiológico24. Cerca de 20% dos pacientes com câncer10 sofrem de síndromes paraneoplásicas, mas essas crises muitas vazes não são reconhecidas.
Os sintomas3 podem surgir pela liberação de autoanticorpos, citocinas25, hormônios ou peptídeos que afetam vários sistemas de órgãos. Alterações na função do fígado26 e esteroidogênese (produção de esteroides) também podem contribuir.
As células6 tumorais são imunogênicas e levam à ativação do sistema imunológico8, que reage contra elas, reconhecendo antígenos27 nas células6 tumorais e as atacando. No entanto, o sistema imunológico8 do corpo pode atacar também o tecido28 normal com uma apresentação de antígeno29 semelhante e levar a sintomas3.
Quais são as características clínicas principais da síndrome paraneoplásica1?
As manifestações clínicas dos sintomas3 não estão necessariamente associadas ao estágio patológico da malignidade subjacente, nem são um indicador de prognóstico30. Os sintomas3 da síndrome paraneoplásica1 podem variar amplamente, dependendo do tipo e localização do câncer10, bem como do sistema do corpo afetado.
Os pacientes com câncer10 apresentam:
- febre31;
- sudorese32 noturna;
- fadiga33;
- perda de peso;
- alterações do sono;
- anorexia34;
- caquexia35;
- e problemas neurológicos, como fraqueza muscular, dificuldade de equilíbrio e perda de memória.
Nas síndromes paraneoplásicas cutâneas36, os pacientes podem ter muitos sintomas3 cutâneos, como:
- prurido37;
- rubor;
- acantose nigricans38;
- herpes-zóster;
- e outros.
Nas síndromes endócrinas podem aparecer:
- síndrome de Cushing39;
- anormalidades hídricas e do equilíbrio de eletrólitos40;
- hipoglicemia41 ou hiperglicemia42;
- e hipertensão arterial43, devido à secção anormal de adrenalina44 ou ao excesso de cortisol.
Como o médico diagnostica a síndrome paraneoplásica1?
O diagnóstico9 da síndrome paraneoplásica1 pode ser muito difícil e desafiador, pois seus sintomas3 muitas vezes imitam outras condições médicas. Quase sempre é um diagnóstico9 de exclusão, devendo ser descartadas todas as demais possíveis etiologias.
Se existe a suspeita de síndrome paraneoplásica1, o paciente deve ser submetido a uma bateria de exames laboratoriais, de imagens, de eletrodiagnósticos e biópsia45 de tecidos específicos, incluindo:
- hemograma completo;
- painel metabólico abrangente;
- análise de urina46;
- marcadores tumorais;
- dosagens de hormônio17;
- análise do líquido cefalorraquidiano47;
- eletroforese de proteínas48;
- pesquisa de anticorpos20 paraneoplásicos;
- e biópsia45 de pele49.
Como o médico trata a síndrome paraneoplásica1?
O manejo terapêutico da síndrome paraneoplásica1 é baseado no tipo, gravidade e localização da doença. Se for diagnosticada malignidade oculta, o primeiro passo é tratar a malignidade subjacente com quimioterapia50, radioterapia51 ou cirurgia, quando possível.
A síndrome paraneoplásica1 pode se beneficiar da imunossupressão52 com altas doses de corticosteroides, imunoglobulinas53 intravenosas, troca de plasma54 ou plasmaférese.
Quais são as complicações possíveis com a síndrome paraneoplásica1?
As complicações envolvem principalmente os sistemas endócrino55, neurológico, dermatológico, reumatológico e hematológico. Elas devem ser suspeitadas quando os sintomas3 clínicos são muito mais graves e os pacientes respondem menos ao regime de tratamento tradicional.
As complicações mais notáveis do lado endocrinológico incluem hiponatremia56, hipercalcemia moderada a grave e hipoglicemia41 grave (abaixo de 20mg/dl). Do lado hematológico, tem-se trombocitose57, aplasia pura de hemácias58 e granulocitose. Outras complicações possíveis são as reações secundárias relacionadas aos medicamentos usados no tratamento, que apresentam risco aumentado de hepatotoxicidade59, nefrotoxicidade60, cardiotoxicidade e toxicidade61 pulmonar.
Veja também sobre "Câncer10 - informações importantes", "Prevenção do câncer10" e "Tratamento das metástases62 ósseas".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do National Institutes of Health e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.