Dores crônicas - quais as causas e o que fazer para aliviar a dor
O que é dor crônica?
A dor é uma experiência sensorial e/ou emocional desagradável, geralmente angustiante, que ocorre em diferentes graus de intensidade, do desconforto leve à agonia intensa. É difícil conceituá-la mais especificamente, embora todo mundo saiba o que seja, por experiência própria. A dor funciona como um aviso de que algo está errado no corpo, indicando ao mesmo tempo o local onde isso está acontecendo.
A dor que surge de repente é dita dor aguda, geralmente é ocasionada por uma causa conhecida ou que pode ser descoberta, e a qual, uma vez resolvida, faz desaparecer o sintoma1 inicial. No entanto, para algumas pessoas a dor continua mesmo depois que sua causa tenha desaparecido e, neste caso, é chamada de dor crônica e deixa de ter simplesmente uma função de aviso para tornar-se uma doença.
A condição “dor crônica” normalmente apresenta associadamente vários outros sinais2 e sintomas3 além da dor, constituindo uma síndrome4 que afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, sendo mais comum em mulheres.
Leia sobre "Enxaqueca5", "Artrite reumatoide6", "Cefaleia7 tensional" e "Coisas que você precisa saber sobre os benzodiazepínicos".
Por que a dor se torna crônica?
Algumas pessoas com condições especiais de saúde8 mental parecem mais propensas a desenvolver a síndrome4 da dor crônica. Uma história anterior de ansiedade, trauma físico e psicológico e depressão são significativamente preditivos do aparecimento de dor crônica mais tarde na vida. O denominador comum entre dor crônica, ansiedade, trauma e depressão é o sistema nervoso9. Todas essas condições deixam esse sistema persistentemente alterado ou desregulado, modificando sua resposta aos estímulos nociceptivos (de dor).
O início da dor é frequentemente associado à depressão, medo, ansiedade, etc. que, por outro lado, podem levar a uma sensibilização aumentada do sistema nervoso central10. O sono ruim também está associado ao aumento da sensibilidade à dor e pode produzir o mesmo efeito.
Quais são as características clínicas da dor crônica?
A dor crônica, além da experiência desagradável de dor, pode limitar a mobilidade, reduzir a flexibilidade, a força e a resistência e tornar difícil mesmo a execução das tarefas e atividades diárias. Uma maior sensibilização do sistema nervoso central10 também pode estar associada à dor crônica como dor lombar crônica, dor no pescoço11, dores de cabeça12, enxaqueca5, artrite reumatoide6, artrose13 do joelho, endometriose14, fibromialgia15, síndrome4 do intestino irritável e dor resultante de lesões16 sofridas em um acidente ou após cirurgias.
A sensibilização do sistema nervoso central10 se manifesta de duas maneiras diferentes:
(1) Alodinia17, segundo a qual uma pessoa sente dor ante estímulos que normalmente não deveriam causar essa resposta como, por exemplo, tocar levemente a pele18 ou mesmo o contato da roupa com o corpo.
(2) Hiperalgesia19, que ocorre quando um estímulo tipicamente doloroso é percebido como maior intensidade do que seria normal, por exemplo, um inchaço20 simples que deveria ser apenas levemente doloroso, passa a ser sentido como uma dor forte.
A sensibilização central pode levar a percepções igualmente elevadas em todos os outros sentidos. Pacientes com dor crônica podem relatar desconforto com as percepções de outros sentidos. Assim, podem ter percepções aumentadas e incomodativas à luz, sons e odores.
Como o médico trata a dor crônica?
O tratamento para a dor crônica se destina àquelas pessoas em que os tratamentos convencionais já não produzem mais o efeito esperado. Ele não é tarefa simples e deve caber a uma equipe multiprofissional composta, além do médico, por enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas.
O uso isolado de medicamentos para a dor crônica terá pouco efeito e em pouco tempo os benefícios destas medicações não serão mais perceptíveis. Tratar uma artrose13 do joelho, por exemplo, apenas com medicamento e orientar o paciente de que ele precisa fazer exercício é muito pouco se ele sofre de dor crônica. Isso não significa que o uso de medicamentos não seja importante, mas mudanças no estilo de vida e demais tratamentos são igualmente importantes. É necessário também o apoio de familiares e amigos próximos.
A depender de cada paciente, diversas terapias poderão ser indicadas para o tratamento da dor crônica: terapia cognitivo21-comportamental; acupuntura; psicoterapia; terapia ocupacional22; fisioterapia23 e técnicas de relaxamento, como meditação.
Em se tratando de medicamentos, o tratamento comporta três tipos de remédios:
(1) Medicamentos analgésicos24, como analgésicos24 simples, opioides e anti-inflamatórios que, no entanto, não atuam sobre a causa da dor.
(2) Medicamentos para reduzir a sensibilização do sistema nervoso central10, como antidepressivos e anticonvulsivantes.
(3) Medicamentos para o tratamento da doença de base, que devem ser específicos para cada caso.
Em casos de maior intensidade, o tratamento intervencionista25 para a dor consiste num bloqueio anestésico da raiz do nervo, para que o paciente tenha a sua dor controlada e resgate sua qualidade de vida.
Veja também sobre "Ansiedade normal e patológica", "Mitos e verdades sobre dor de cabeça12" e "Uso excessivo de antidepressivos".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital Sirio-Libanês e da Biblioteca Virtual em Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.