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Em que consiste a acupuntura?

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O que é a acupuntura?

A acupuntura é um método de tratamento que faz parte da medicina tradicional chinesa. É uma das práticas terapêuticas mais antigas do mundo, existente há mais de 2.000 anos. Consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, os chamados pontos de acupuntura ou acupontos, na região correspondente à situação a ser tratada, seja no próprio local ou no meridiano correspondente à doença. As agulhas são aplicadas em terminações nervosas escolhidas pelo acupunturista. As agulhas introduzidas na pele1 são manipuladas manualmente ou por meio de estímulos elétricos. Supõe-se que elas gerem estímulos nervosos que ascendem pela medula espinhal2 e cheguem ao cérebro3, onde liberam neurotransmissores benéficos para a saúde4.

A acupuntura chegou ao Brasil a cerca de um século, trazida por imigrantes japoneses, mas só bem mais recentemente foi reconhecida pela Fisioterapia5 (1985) e pela Medicina (1995) como cientificamente válida e como complementar do tratamento orientado pelo médico clínico.

O entendimento da acupuntura só pode ser feito cabalmente dentro da filosofia chinesa, que compreende a saúde4 como uma questão de distribuição adequada de energias. A medicina tradicional chinesa utiliza raciocínios que são absolutamente estranhos à medicina ocidental e os problemas práticos apresentados nos consultórios médicos são baseados em conceitos que soam estranhos aos ocidentais. Do ponto de vista da medicina ocidental, o mecanismo de ação da terapia ainda não foi totalmente elucidado, contudo, sugere-se que o método estimula a liberação de substâncias químicas que alteram o sistema nervoso6 e que podem ter efeitos sobre todo o corpo. A acupuntura chinesa acabou por desenvolver escolas específicas na China e em países como o Japão, por exemplo. A associação dela com a Medicina Ocidental certamente vai criar novas vias de entendimento da técnica e dotá-la de uma racionalidade própria.

Leia sobre "Suplementos que previnem doenças neurológicas" e "Suplementos que previnem doenças psiquiátricas".

Como é feita a acupuntura?

A acupuntura tradicional consiste na aplicação de agulhas em pontos definidos do corpo, que se distribuem principalmente sobre linhas chamadas "meridianos chineses" e "canais", para obter diferentes efeitos terapêuticos, conforme o caso tratado. Também são usadas outras técnicas alternativas ou complementares, sendo as mais conhecidas a moxabustão (aplicação de calor sobre os meridianos), a auriculoterapia e, mais recentemente, a eletroacupuntura. O acupunturista pode, ainda, estimular os acupontos com os dedos, moedas, pentes, ventosas, massagens e outras técnicas como, por exemplo, a sangria. As tecnologias modernas vêm agregando à acupuntura recursos como a eletricidade, agulhas melhoradas, cristais, esferas de ouro, prata, quartzo ou vidro, vários tipos de ventosas, etc. Apesar do uso de novos recursos tecnológicos a acupuntura continua a obedecer aos mesmos princípios da medicina tradicional chinesa e as agulhas continuam a ser os instrumentos mais utilizados. Elas devem ser esterilizadas e usadas uma única vez, descartadas após cada aplicação e uma assepsia7 adequada deve ser feita no local em que serão aplicadas. Muitas vezes elas vêm dentro de um mandril8 esterilizado e são aplicadas através dele, sem contato manual. A técnica de inserção das agulhas, bem como a profundidade e movimentação delas, dependem de conhecimentos especializados.

Em crianças a acupuntura pode ser feita com laser, caso a criança tenha medo das agulhas.

Para que serve a acupuntura?

A acupuntura busca a recuperação do organismo como um todo, pela normalização das funções alteradas, reforço do sistema imunológico9 e controle da dor. Segundo os seus adeptos, ela apresenta resultados benéficos no tratamento dos distúrbios hormonais, dependências químicas, insônia, asma10, sinusite11, distúrbios menstruais, doenças autoimunes12, doenças crônicas, doenças de pele1 e doenças ortopédicas. Além disso, a acupuntura é usada como forma complementar de tratamento de doenças e distúrbios emocionais, com finalidades estéticas, visando o embelezamento e emagrecimento. A acupuntura também é referida como tendo bons resultados em casos de dores crônicas, problemas motores, tratamento de náuseas13 e vômitos14 causados pelas quimioterapias ou cirurgias e diminuição da tensão emocional. De fato, esta terapia pode ser útil em todos os tipos de doença, trazendo mais equilíbrio para o indivíduo. Enfim, qualquer pessoa pode fazer acupuntura, estando doente ou não, para melhorar sua disposição geral. Como ela praticamente não tem contraindicações, pode ser aplicada mesmo a pessoas sadias, visando apenas maior bem-estar e equilíbrio.

A única contraindicação da acupuntura, assim mesmo relativa, são os distúrbios da coagulação15 sanguínea. As aplicações mais comuns da acupuntura são a Fisioterapia5, a Medicina, a Odontologia, como alternativa à analgesia farmacológica e a Psicologia, como coadjuvante16 da psicoterapia, no tratamento de diversos distúrbios emocionais.

Quais são os riscos da acupuntura?

Os riscos da acupuntura são mínimos, raros e quase desprezíveis. Excepcionalmente, podem ocorrer dores, sangramentos, infecções17 e quebra de agulhas. As complicações devido à má prática podem ir desde desmaios e perfurações do pulmão18, até infecções17, que são muito simples, mas que podem ser muito graves, como meningites19 e encefalites20.

Veja também sobre "Prevenção em saúde4".

 

ABCMED, 2014. Em que consiste a acupuntura?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/539557/em-que-consiste-a-acupuntura.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
2 Medula Espinhal:
3 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
6 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
7 Assepsia: É o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de micro-organismos em um ambiente que logicamente não os tem. Logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.
8 Mandril: 1. Em medicina, é um fio rígido que se insere no interior de um cateter flexível para dar-lhe firmeza e forma. 2. Em engenharia mecânica, é uma peça cilíndrica com que se alisam ou calibram orifícios e furos em olhal de projétil e em trabalhos mecânicos de modo geral. Também significa, ponta ou haste que se insere em instrumento cujo motor a faz girar. 3. Em odontologia, especificamente na endodontia, é um instrumento munido de lâminas espirais, usado para a limpeza e o alargamento dos canais das raízes.
9 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
10 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
11 Sinusite: Infecção aguda ou crônica dos seios paranasais. Podem complicar o curso normal de um resfriado comum, acompanhando-se de febre e dor retro-ocular.
12 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
13 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
14 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
15 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
16 Coadjuvante: Que ou o que coadjuva, auxilia ou concorre para um objetivo comum.
17 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
18 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
19 Meningites: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
20 Encefalites: Inflamação do tecido encefálico produzida por uma infecção viral, bacteriana ou micótica (fungos).
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