Gostou do artigo? Compartilhe!

Gelo ou calor? Qual é melhor em caso de lesão?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

Quando aplicar gelo ou calor em uma lesão1?

É muito comum que as pessoas tenham dúvidas se, diante de uma lesão1, devem aplicar gelo ou calor. Às vezes, há divergências de opinião até mesmo entre os profissionais de saúde2. De um modo geral, o gelo é bom para reduzir a inflamação3 e o edema4, já o calor é bom para relaxar os músculos5, evitar as dores musculares crônicas e tornar mais flexíveis os músculos5 e as articulações6.

Uma regra, que comporta exceções, manda: “gelo primeiro; calor depois”. No entanto, algumas orientações mais seguras podem ser detalhadas. A aplicação de gelo ou calor em uma lesão1 depende do tipo de lesão1 e da fase em que ela se encontra. Ambos os tratamentos têm propósitos diferentes e são aplicados para diferentes condições.

Apesar das teorias tradicionais, novas ideias têm surgido a respeito de aplicar frio ou calor nas lesões7 que tradicionalmente demandam esses tratamentos.

Então, uso gelo ou calor?

Normalmente, nas lesões7 agudas é recomendado o uso de gelo nos primeiros dias ou quando o machucado está inchando e, após isso, faz-se uso de calor para aquecer os músculos5, para que eles não fiquem com uma rigidez excessiva. O gelo é considerado atualmente, por muitos médicos, o remédio mais simples e seguro disponível para o tratamento da dor.

O gelo é mais adequado para lesões7 como entorses8, contusões, torções ou lesões7 musculares recentes. Ele promove a constrição9 dos vasos sanguíneos10 e capilares11 e é eficaz na redução da inflamação3, inchaço12, dor e sangramento, além de ajudar a diminuir o fluxo e o extravasamento sanguíneo na área afetada. O resfriamento também pode ajudar a prevenir danos adicionais aos tecidos.

O gelo deve ser aplicado nas primeiras 48 horas após a lesão1 ou até que o inchaço12 e a inflamação3 diminuam bastante.

Já o calor é indicado para lesões7 crônicas, como tensões musculares persistentes ou rigidez articular, ou na fase de reabsorção do edema4. Ele dilata os vasos sanguíneos10 e capilares11 e aumenta o fluxo sanguíneo para a área afetada, relaxa os músculos5 e alivia a dor em condições crônicas, bem como promove maior aporte de oxigênio e nutrientes ao local afetado e remove os catabólitos produzidos na área. O calor também funciona bem em dores crônicas sem presença de edema4.

A aplicação de calor não deve ultrapassar a duração de 20 minutos a cada vez.

Existe ainda uma outra modalidade de usar de forma alternada o frio e o calor terapeuticamente, que é o choque13 térmico. Nessa modalidade, o paciente intercala compressas de gelo, com compressas de calor. Intercala 20-30 minutos de compressa quente com 20-30 minutos de compressa fria e, de novo, 20-30 minutos de compressa quente. Essa mudança na temperatura pode gerar um efeito anti-inflamatório local que melhora a dor. Se o problema a ser tratado for nas extremidades, isso pode ser feito com imersão em água quente e fria.

Saiba mais em nossos artigos sobre "Luxações", "Artrose14 do joelho", "Joelho estalando - o que pode ser?" e "Dor articular: como agem as infiltrações articulares?"

Como usar gelo ou calor?

O gelo deve ser aplicado assim que a lesão1 ocorrer. Dessa forma, ele ajudará a reduzir o inchaço12 e evitará maiores danos aos tecidos envolvidos. Ele pode ser usado em uma bolsa ou saco plástico com cubos de gelo envoltos em uma toalha fina. Se aplicados diretamente à pele15, a bolsa ou o saco plástico podem causar queimaduras que danificam a pele15 e que nem são sentidas, em virtude da anestesia16 causada pelo frio.

Idealmente, o gelo deve ser aplicado na área afetada por 15 a 20 minutos a cada 1 ou 2 horas, durante os primeiros dias após a lesão1. Não se deve usá-lo ininterruptamente por um tempo maior que esse, pelo risco de ele congelar e danificar a pele15.

Outras modalidades de aplicação do frio consistem no uso de compressas geladas ou de bolsas pré-preenchidas com um gel que devem ser resfriadas em freezers.

O calor deve ser aplicado na fase de reabsorção dos edemas17 ou a qualquer momento nas lesões7 crônicas. Ele pode ser aplicado por meio de uma bolsa de água quente, uma compressa bastante quente e úmida ou bolsas pré-preenchidas com gel que devem ser aquecidas.

O calor também pode ser aplicado por meio de ultrassom e infravermelho e deve ser aplicado na área afetada por 15 a 20 minutos, a cada 2 ou 3 horas.

Se a lesão1 for grave, se houver suspeita de fratura18, se houver sangramento ou se a lesão1 não melhorar com esses tratamentos caseiros, deve-se buscar atendimento médico para outras providências e orientações mais adequadas para a lesão1 específica.

A controvérsia gelo versus calor

A regra entre os médicos para tratar dores musculares, distensões e entorses8, principalmente quando relacionadas ao exercício, é: proteção, repouso, gelo, compressão e elevação, ou a conhecida sigla em inglês PRICE. Alguns estudos, no entanto, mostram que nem sempre o protocolo do gelo deve ser o melhor e o mais adequado e, para algumas lesões7, o repouso e gelo atrasam a cicatrização do tecido19, principalmente quando o repouso se prolonga por muito tempo. Incluir movimento pode ajudar melhor na recuperação e, em alguns casos, levar a um tratamento mais eficaz. Por outro lado, o gelo reduz a inflamação3 muscular, que é necessária para que o seu corpo se recupere rapidamente.

Existem agora duas recomendações diferentes: (1) movimento, elevação, tração e calor, também conhecida pela sigla METH, e (2) proteção, carga otimizada, gelo, compressão e elevação, também conhecida pela sigla POLICE. São técnicas atualizadas sobre quando e de que forma usar esses elementos.

A grande verdade é que o modelo de recuperação, fazendo ou não uso de calor ou gelo, dependerá da lesão1 e de sua localização. Se o paciente deixar de fazer tudo isso, o corpo se recuperará de qualquer jeito, mas essas são medidas destinadas a agilizar o processo.

Leia mais sobre "Dor no ombro", "Luxação20 do ombro" e "Fisioterapia21".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Johns Hopkins Medicine e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2023. Gelo ou calor? Qual é melhor em caso de lesão?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1444495/gelo-ou-calor-qual-e-melhor-em-caso-de-lesao.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
4 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
5 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
6 Articulações:
7 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
8 Entorses: É a torção de uma articulação, com lesão dos ligamentos (estrutura que sustenta as articulações).
9 Constrição: 1. Ação ou efeito de constringir, mesmo que constrangimento (ato ou efeito de reduzir). 2. Pressão circular que faz diminuir o diâmetro de um objeto; estreitamento. 3. Em medicina, é o estreitamento patológico de qualquer canal ou esfíncter; estenose.
10 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
11 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
12 Inchaço: Inchação, edema.
13 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
14 Artrose: Também chamada de osteoartrose ou processo degenerativo articular, resulta de um processo anormal entre a destruição cartilaginosa e a reparação da mesma. Entende-se por cartilagem articular, um tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos que possuem algum grau de movimentação entre eles, sua função básica é a de diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam qualquer tipo de movimento, funcionando como mecanismo de absorção de choque. O estado de hidratação da cartilagem e a integridade da mesma, é fator preponderante para o não desenvolvimento da artrose.
15 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
16 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
17 Edemas: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
18 Fratura: Solução de continuidade de um osso. Em geral é produzida por um traumatismo, mesmo que possa ser produzida na ausência do mesmo (fratura patológica). Produz como sintomas dor, mobilidade anormal e ruídos (crepitação) na região afetada.
19 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
20 Luxação: É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação.
21 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.