Gostou do artigo? Compartilhe!

Ansiedade normal e patológica

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é ansiedade?

Quem nunca ficou apreensivo por ter algum compromisso importante no dia seguinte e nem conseguiu dormir direito? Quem nunca sentiu um pensamento insistente e incômodo às vésperas de algum acontecimento importante e difícil? Quem nunca teve uma noite mal dormida depois de ter sofrido um trauma? O sentimento básico em todas essas situações é a ansiedade.

Num sentido popular, a ansiedade é o sentimento que uma pessoa experimenta quando está passando por um período em que se acha sob pressão ou muito apreensiva a respeito de algo ruim que pode lhe acontecer. É normal também sentir alguma ansiedade frente a situações difíceis ou uma expectativa negativa, como antes de uma prova importante ou do resultado de um exame médico, por exemplo. A ansiedade é um sentimento que cada um só sabe o que é porque também é capaz de senti-lo. Ela é uma característica biológica tanto do ser humano quanto de outros animais, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago1, aceleração dos batimentos cardíacos, medo intenso e indefinido, aperto no tórax2, transpiração3 e outras alterações associadas à disfunção do sistema nervoso autônomo4. No entanto, sua abrangência é muito maior que isso. Cada vez mais, esses sintomas5 estão tomando conta da vida das pessoas, ao destes sentimento ser considerado por muitos o "o mal do século".

Por que o sentimento de ansiedade tem se ampliado tanto? É difícil dar uma resposta cabal, mas o mundo de hoje em dia é mais ameaçador e inseguro do que o de décadas atrás. Mesmo na melhor das situações as pessoas estão, de maneira latente ou objetiva, ameaçadas pela violência, pelo terrorismo, pela poluição, pelas catástrofes naturais, pelas bombas nucleares etc. Um estrondo na rua, que antigamente faria pensar num pneu estourado, hoje faz pensar numa bomba. Esta ameaça generalizada vinda de todos os lados se traduz em ansiedade. Mas, na maioria dos casos, as pessoas estão de tal maneira acostumadas a sentir essas apreensões que nem percebem que elas se transformam num transtorno.

 

Quais são os limites entre a ansiedade normal e a ansiedade patológica?

A ansiedade normal ocorre quando está explicitamente presente um motivo e guarda proporção com ele tanto em intensidade quanto em duração. Geralmente passa-se mais na esfera psíquica que na corporal. A ansiedade anormal é um sentimento tão peculiar e desagradável que só mesmo quem o sente pode saber o quão ruim ele é. Ao que a sofre, a ansiedade patológica parece imotivada: ocorre sem nenhum estímulo aparente ou não guarda proporção com ele. É mais fácil descrever os sinais6 e sintomas5 pelos quais ela se manifesta que a ansiedade normal. Expressa-se mais comumente por sintomas5 físicos que acompanham o sentimento psíquico. O mais típico deles é a sensação de aperto no peito7 que os pacientes costumam descrever como uma garra comprimindo-lhes o tórax2. Outros são: suor, tremor, fala com gagueira, "respiração curta", fala entrecortada ou ausente, tensão muscular excessiva, vermelhidão na face8, medos exagerados, perfeccionismo, alteração do sono, medos irracionais, autoconsciência, lembranças ruins, insônia, roer unhas9 e dores inespecíficas. Três medos são praticamente constantes na ansiedade patológica, nenhum dos quais em geral se concretiza:

  • Medo de estar ficando louco.
  • Medo das ideias de suicídio.
  • Medo de doenças.

Além disso, a ansiedade normal não chega a comprometer as atividades e funções fisiológicas10 do indivíduo, o que faz a ansiedade patológica. Muitas pessoas confundem os sintomas5 da ansiedade e da depressão, embora uma coisa seja totalmente distinta da outra, tanto nas suas causas como nas suas manifestações clínicas e no seu tratamento.

Quais são as formas clínicas de apresentação da ansiedade?

  • Ansiedade generalizada: é aquela preocupação excessiva com tudo da vida, mesmo que essas coisas não possam mudar algo de fato na vida da pessoa.
  • Ansiedade social: é um temor à interação social, o indivíduo não se sente bem quando está com pessoas estranhas e até mesmo familiares.
  • Transtorno de ansiedade: ele está diretamente relacionado com outras síndromes psiquiátricas, fobias11, estresse excessivo, transtorno obsessivo compulsivo etc. A pessoa com transtorno de ansiedade não consegue viver em paz com as outras e nem consigo mesma.
  • Crises de ansiedade: aqui os sintomas5 são mais físicos, sendo observados suor frio, fala atropelada, boca12 seca, agitação. Costuma aparecer após algum evento traumático agudo13.
  • Ataques de ansiedade: popularmente eles são conhecidos como "crises existenciais" e acontecem quando começamos a nos perguntar o porquê das coisas da vida, mas nem sempre encontramos respostas que nos satisfazem.
Veja mais sobre "Transtorno de ansiedade generalizada", "Transtorno ansioso social" e "A ansiedade pode não ser patológica?"
ABCMED, 2018. Ansiedade normal e patológica. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1311323/ansiedade-normal-e-patologica.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
2 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
3 Transpiração: 1. Ato ou efeito de transpirar. 2. Em fisiologia, é a eliminação do suor pelas glândulas sudoríparas da pele; sudação. Ou o fluido segregado pelas glândulas sudoríparas; suor. 3. Em botânica, é a perda de água por evaporação que ocorre na superfície de uma planta, principalmente através dos estômatos, mas também pelas lenticelas e, diretamente, pelas células epidérmicas.
4 Sistema nervoso autônomo: Parte do sistema nervoso que controla funções como respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e da digestão.
5 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
7 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
8 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
9 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
10 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
11 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
12 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
13 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.