Publicado por Adaptação Drª Kellen R. Silva
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Mitos e verdades sobre dor de cabeça

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MITO – a dor de cabeça1 sempre representa um sinal2 de alerta para grave lesão3 orgânica na cabeça1.
VERDADE – diferentemente das outras dores, a maior parte das dores de cabeça1 são benignas, NÃO representando sinal2 de alerta para outras doenças.
NÃO existe relação entre intensidade e eventuais doenças mais sérias.
 
MITO – qualquer dor de cabeça1 necessita de exames para seu diagnóstico4.
VERDADE - o diagnóstico4 das causas de dor de cabeça1 é clínico. Quanto aos exames, eventualmente são necessários, mas o tipo de exame vai depender da hipótese diagnóstica feita. Assim, às vezes um exame altamente sofisticado como a ressonância nuclear magnética pode não definir adequadamente o diagnóstico4, o que um exame bem mais simples faria.
 
MITO – a dor de cabeça1 é igual para todas as pessoas.
VERDADE – a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável e sua intensidade depende de uma série de fatores (inclusive fatores constitucionais e raciais).
 
MITO – lavar a cabeça1 durante o período menstrual pode causar dor de cabeça1.
VERDADE – existem dores que tem relação com os ciclos hormonais da mulher e a enxaqueca5 é uma delas – portanto, não é o lavar a cabeça1 que causa a dor, mas as alterações hormonais causadas pelo ciclo que facilitam os mecanismos desencadeadores da dor.
 
MITO – toda dor de cabeça1 é grave.
VERDADE – a maior parte das dores de cabeça1 são primárias, ou seja, NÃO apresentam causa estrutural evidente, sendo benignas e controláveis.
 
MITO – dor de cabeça1 é muito rara.
VERDADE – dor de cabeça1 ou cefaleia6 é um dos principais sintomas7 que atinge a humanidade.

MITO – existe cura para a enxaqueca5.
VERDADE – embora muitas pessoas depois dos 50 anos deixem de apresentar crises de enxaqueca5, não se considera que haja uma cura – esta doença envolve aspectos constitucionais que não são passíveis de eliminação. O que ocorre é que se os fatores que a desencadeiam forem controlados, eventualmente as crises deixarão de aparecer.
 
MITO – nervosismo causa dor de cabeça1.
VERDADE – os fenômenos emocionais funcionam como fatores desencadeantes ou agravantes de dores em pessoas já predispostas (cefaleia6 tensional, enxaqueca5 e outros tipos de cefaleia6).
 
MITO – para qualquer tipo de dor de cabeça1, iniciar o tratamento o mais rápido possível com analgésicos8 é o ideal.
VERDADE – com o advento do conceito de cefaleia6 crônica diária, causada pelo uso abusivo de analgésicos8, este velho preceito médico vem sofrendo transformações. Nos casos de dores mais leves e que não interferem nas atividades, formas de tratamento não farmacológico (relaxamento, banho rápido, descanso) podem ser úteis. Apenas as crises moderadas a graves recebem tratamento medicamentoso sintomático9 (uso de analgésicos8).
 
MITO – café é bom para dor de cabeça1.
VERDADE – em geral quando uma pessoa toma café para tratar a dor e obtém resultado efetivo – certamente estará apresentando o que se chama de cefaleia6 por abuso de cafeína.
 
MITOenxaqueca5 e cefaleia6 são sinônimos.
VERDADEcefaleia6 é toda dor referida na cabeça1. Enxaqueca5 é um tipo PARTICULAR de cefaleia6.


Bibliografia:
- Conhecer e enfretar - dor de cabeça1 e enxaqueca5 - Ed. Contexto - Getúlio Daré Rabello
 
- Manual de tratamento da cefaléia6 - Ed. Revinter - Joel R. Saper, Stephen D. Silberstein, C. David Gordon, Robert L. Hamel

Autor

Dra Kellen Ribeiro Silva

Dra Kellen Ribeiro Silva

Neurologia Pediátrica

Especialização em neuropediatria no(a) FMB - UNESP.


ABCMED, 2010. Mitos e verdades sobre dor de cabeça. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/dor-de-cabeca/57784/mitos-e-verdades-sobre-dor-de-cabeca.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cabeça:
2 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
3 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
4 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
5 Enxaqueca: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
6 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
9 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
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