A Perimenopausa e as suas características
O que é perimenopausa?
A perimenopausa é a fase que antecede a menopausa1, que por sua vez marca o fim da vida reprodutiva da mulher. O prefixo “peri” significa “perto de”, de modo que perimenopausa é a aproximação da última menstruação2, por volta dos 50 anos.
A menopausa1 é um ponto bem marcado no tempo (última menstruação2), porém a perimenopausa é um período transicional estendido no tempo, que normalmente pode variar alguns anos.
Quais são as causas da perimenopausa?
A perimenopausa é um processo natural causado quando os ovários3 vão parando gradualmente de funcionar e a ovulação4, que posteriormente virá a cessar de todo, se tornar irregular. O intervalo entre as menstruações se alonga e o fluxo menstrual tende a diminuir gradualmente, antes de finalizar. Assim, o corpo da mulher está se preparando para a transição para a menopausa1, quando ela perde a capacidade de engravidar.
Embora a perimenopausa seja uma fase normal da vida, pode ocorrer em algumas mulheres mais cedo do que em outras. Mesmo não sendo conclusivas, algumas evidências sugerem que certos fatores podem fazer provável que a mulher comece a perimenopausa mais cedo, incluindo o hábito de fumar, história familiar, tratamento de câncer5, histerectomia6 e remoção prévia de um dos ovários3.
Leia também sobre "Climatério7 e menopausa1", "Amenorreia8" e "Ondas de calor da menopausa1 ou fogachos".
Qual é o substrato fisiológico9 da perimenopausa?
As mudanças físicas experimentadas pela mulher na perimenopausa são baseadas principalmente nas variações no nível do estrogênio circulante que ocorrem com o passar do tempo. Durante o período reprodutivo da mulher, os níveis de estrogênio no sangue10 aumentam e diminuem periodicamente de uma maneira mais ou menos regular e previsível, ao longo do seu ciclo menstrual.
Nesse período, eles são controlados pelo hormônio11 folículo12 estimulante (FSH) e pelo hormônio11 luteinizante (LH). O FSH estimula os folículos a produzirem estrogênio e, quando este hormônio11 alcança certo nível, o cérebro13 manda sinal14 para a glândula15 pituitária “desligar” o FSH e produzir um pico de LH. Isso, por sua vez, estimula o ovário16 a liberar o óvulo17 de seu folículo12 (ovulação4). O folículo12 restante produz progesterona, além do estrogênio, em preparação para uma possível gravidez18. À medida que esses níveis hormonais aumentam, os níveis de FSH e LH diminuem. Se a gravidez18 não ocorrer, a progesterona cai, ocorre a menstruação2 e o ciclo recomeça.
Na perimenopausa, essa sequência de eventos é fisiologicamente alterada.
Quais são as características clínicas da perimenopausa?
A perimenopausa tem sido definida de várias maneiras distintas por diferentes especialistas, mas geralmente eles estão de acordo em que ela começa com as irregularidades do ciclo menstrual e termina cerca de um ano antes da última menstruação2. Para a maioria das mulheres, este período é de três ou quatro anos, embora para algumas dure apenas alguns meses e para outras se estenda por até uma década.
Durante a transição para a menopausa1, algumas mudanças ocorrem no corpo da mulher:
- Ondas de calor de intensidade, duração e frequência variáveis.
- Problemas de sono, decorrentes das ondas de calor e suores noturnos, ou mesmo sem eles.
- Mudanças de humor, irritabilidade e aumento do risco de depressão.
- Perda de lubrificação e elasticidade19 dos tecidos vaginais, tornando a relação sexual mais difícil e dolorosa.
- O estrogênio baixo também pode deixa as mulheres mais vulneráveis a infecções20 urinárias ou vaginais e a incontinência urinária21 pode ocorrer com maior frequência.
A capacidade de conceber diminui, até cessar completamente. No entanto, enquanto a mulher estiver menstruando, a gravidez18 ainda pode acontecer. Só é possível ter segurança de não engravidar depois de 12 meses sem menstruação2.
Durante a perimenopausa, a excitação e o desejo sexual podem diminuir, mas se a mulher teve uma vida sexual satisfatória antes da menopausa1, isso provavelmente continuará assim durante a perimenopausa e além.
Com o declínio dos níveis de estrogênio, a mulher começa a ter uma perda óssea mais rápida do que a substituição, aumentando o risco de osteoporose22 (rarefação cálcica dos ossos), com aumento dos riscos de fraturas.
O declínio dos níveis de estrogênio pode levar a mudanças desfavoráveis nos níveis de colesterol23 no sangue10, incluindo um aumento no colesterol23 "ruim" e, ao mesmo tempo, uma diminuição do colesterol23 “bom”, o que aumenta o risco de doença cardíaca.
Veja sobre "Dor na relação sexual", "Frigidez feminina" e "Vaginismo".
Como o médico diagnostica a perimenopausa?
A perimenopausa é um processo de transição gradual. Nenhum exame ou sinal14 é suficiente para determinar se a mulher entrou ou não na perimenopausa. O médico levará muitas coisas em consideração, incluindo a idade da mulher, seu histórico menstrual e quais sintomas24 ou mudanças corporais ela está enfrentando. Alguns médicos podem solicitar exames para verificar os níveis hormonais, mas o exame hormonal raramente é necessário ou útil para avaliar a perimenopausa.
Como o médico trata a perimenopausa?
O principal tratamento medicamentoso para os sintomas24 da perimenopausa é a terapia de reposição hormonal (TRH), que repõe os hormônios que estão em níveis baixos, mas existem outros tratamentos se a mulher não puder ou não quiser fazer a TRH.
A reposição hormonal envolve o uso de estrogênio para repor os níveis próprios do corpo. Usar a dose e o tipo certos geralmente produz uma significativa melhoria dos sintomas24. Se a mulher ainda tiver o útero25, também precisará tomar progesterona para proteger o seu revestimento dos efeitos do estrogênio. Se tiver um rebaixamento perturbador do desejo sexual por causa da perimenopausa, pode ser oferecida testosterona, sempre com o uso orientado pelo médico.
Embora a TRH traga o enorme benefício de aliviar os sintomas24 da perimenopausa e de reduzir o risco de problemas de saúde26, ela não é isenta de riscos. Contudo, eles são pequenos e muitas vezes podem ser superados pelos benefícios, desde que a terapia seja monitorada pelo médico.
Existem também tratamentos não hormonais (sintomáticos), se os sintomas24 estiverem num grau muito incomodativo ou se a mulher não puder ou não quiser fazer TRH. Os suores noturnos podem ser tratados com Clonidina ou Gabapentina; os sintomas24 de alteração do humor podem ser ajudados pelos antidepressivos; a terapia cognitivo27-comportamental também pode ajudar com a ansiedade causada pela perimenopausa. A mulher pode precisar de tratamento por alguns anos, até que a maioria dos sintomas24 da perimenopausa tenham passado completamente.
O tratamento com fitoterápicos e hormônios bioidênticos ("naturais") não são oficialmente recomendados porque ainda não está totalmente claro o quão seguros e eficazes eles são.
Veja ainda: "Perda involuntária28 de urina29 em mulheres", "Mau humor ao acordar" e "Tensão pré-menstrual".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NHS – National Health Service, da Johns Hopkins Medicine e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.