Riscos e benefícios da retirada dos ovários
O que é ooforectomia1?
Ooforectomia1 (do grego: ōophóros = ovo2-rolamento + ektomḗ = corte) ou ovariotomia é o termo utilizado para a remoção cirúrgica de um ou de ambos os ovários3. A remoção dos ovários3 nas mulheres é o equivalente biológico da castração4 nos homens. No entanto, o termo castração4 normalmente não é utilizado para se referir à ooforectomia1 em seres humanos, sendo reservado às ciências veterinárias para os demais animais, nos quais ela é uma forma de esterilização.
Por que fazer ooforectomia1?
Chama-se ooforectomia1 parcial a uma intervenção cirúrgica que remove parte dos ovários3 como ocorre, por exemplo, nos casos de cistos dos ovários3. Este tipo de cirurgia preserva a fertilidade, apesar de a falência ovariana ser relativamente frequente. Já a ooforectomia1 bilateral consiste no ato operatório que retira ambos os ovários3 e não preserva a fertilidade.
Nos seres humanos, quase sempre a ooforectomia1 é executada por causa de cistos ovarianos, câncer5 do ovário6 ou como profilaxia para o câncer5 de ovário6 ou de mama7, em pessoas com alto risco para tais patologias. Indicações especiais incluem vários grupos de mulheres com risco substancial de câncer5 de ovário6 e mulheres com endometriose8 que sofrem de cistos ovarianos frequentes. Contudo, tem se tornado claro que a ooforectomia1 profilática diminui as taxas de sobrevivência9 em longo prazo e tem efeitos deletérios sobre a saúde10 e o bem-estar.
Em que consiste a ooforectomia1?
Muitas vezes as cirurgias de ooforectomia1 são feitas em conjunto com a histerectomia11 (remoção do útero12). Quando a trompa de Falópio é removida em conjunto com o ovário6, a cirurgia é chamada salpingooforectomia. Se ambos os ovários3 e as duas trompas são removidos, fala-se em salpingooforectomia bilateral. Quando a ooforectomia1 é feita por causas benignas, geralmente é realizada por laparoscopia13 abdominal. A laparotomia14 abdominal ou cirurgia robótica é utilizada em casos complicados ou quando se suspeita de um tumor15 maligno. A ooforectomia1 pode ter graves consequências ao longo do tempo, decorrentes principalmente dos desequilíbrios hormonais causados pela cirurgia, os quais se estendem para além da menopausa16. Os riscos relatados e os efeitos adversos incluem doenças cardiovasculares17, comprometimento cognitivo18, demência19, parkinsonismo, osteoporose20, fraturas ósseas, declínio no bem-estar psicológico e declínio da função sexual.
Quais são as principais características clínicas da ooforectomia1?
A remoção dos ovários3 provoca alterações hormonais e sintomas21 semelhantes à menopausa16, porém eles podem ser mais graves. As mulheres que se submeteram à ooforectomia1 devem tomar medicamentos de reposição hormonal para prevenir complicações e transtornos semelhantes aos da menopausa16. A terapia de reposição hormonal é um tanto controversa devido às propriedades cancerígenas e trombogênicas do estrogênio. No entanto, muitos médicos e pacientes acham que os benefícios superam os riscos em mulheres que podem enfrentar graves problemas de saúde10 e uma baixa qualidade de vida como consequência da menopausa16 precoce.
Os efeitos colaterais22 da ooforectomia1 também podem ser atenuados por meio de medicamentos não hormonais, como os que aumentam a resistência óssea e os que aliviam os sintomas21 vasomotores da menopausa16.
Como evolui a ooforectomia1 na maioria dos casos?
A maioria dos riscos das ooforectomias totais está presente também nas ooforectomias parciais. As mulheres que fizeram uma ooforectomia1 antes dos 45 anos têm um risco de mortalidade23 bem maior do que aquelas que mantiveram seus ovários3, mas a terapia hormonal melhora as taxas de mortalidade23.
As prevenções proporcionadas pela ooforectomia1
Para as mulheres com risco, a ooforectomia1 profilática realizada por volta dos 40 a 45 anos reduz o risco de câncer5 de ovário6 e de mama7 e, caso eles ocorram, aumenta significativamente a sobrevivência9. Em casos raros, a ooforectomia1 pode ser usada para tratar a endometriose8, eliminando o ciclo menstrual, eliminando a propagação da endometriose8 e reduzindo a dor. Nesses casos, a ooforectomia1 é frequentemente feita em conjunto com a histerectomia11.
Quais são as complicações possíveis da ooforectomia1?
As cirurgias de ooforectomia1 geralmente não ocasionam complicações graves. Quando feitas por via laparoscópica podem levar a obstruções do intestino delgado24 em decorrência das aderências formadas. A lesão25 do ureter26 no nível do ligamento27 suspensor do ovário6 é uma complicação pouco frequente.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.