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Distúrbios das trompas de Falópio

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O que são trompas de Falópio?

As trompas de Falópio, ou tubas uterinas, são estruturas tubulares do sistema reprodutivo feminino encarregadas de transportar os óvulos desde os ovários1 até o útero2. Cada mulher possui duas trompas de Falópio, cada uma delas partindo de um dos lados do útero2, em direção aos ovários1.

Os óvulos liberados a cada ciclo menstrual são capturados nas proximidades dos ovários1 pelas fímbrias (pequenas projeções ciliares em formas de dedos), sendo direcionados da extremidade da trompa ao útero2, graças aos movimentos peristálticos3 das paredes do órgão.

Durante essa jornada, se o óvulo4 se encontrar com um espermatozoide5 saudável, que está migrando em sentido contrário, após ser depositado na vagina6, ocorre a fertilização7 na trompa. O embrião resultante continua a se mover em direção ao útero2, onde normalmente fará a sua implantação, para dar continuidade à gestação.

Caso a fertilização7 não ocorra, o óvulo4 continuará sua jornada até o útero2, de onde será eliminado por ocasião da menstruação8.

O que são distúrbios das trompas de Falópio?

Como se viu, as trompas são meios de transporte do óvulo4 ou do embrião até o útero2. Quaisquer alterações estruturais ou funcionais que afetem esse órgão podem causar dificuldades ou impedimentos para a fecundação9 ou posterior desenvolvimento da gestação.

Não é incomum que algumas mulheres com dificuldades de engravidar apresentem distúrbios nas trompas de Falópio. Qualquer bloqueio, danificação ou mal funcionamento dessas estruturas pode levar a dificuldades de concepção10 ou a uma gravidez ectópica11 (embrião implantado fora do útero2) no interior das trompas, o que é uma condição potencialmente perigosa.

Quais são as causas dos distúrbios das trompas de Falópio?

Existem várias condições que podem afetar as trompas de Falópio, quase sempre resultando em obstruções delas, impedindo o óvulo4 de se encontrar com o espermatozoide5. Esse bloqueio pode ser causado por uma variedade de fatores, como infecções12 passadas, endometriose13, aderências pélvicas14 ou histórico de cirurgias abdominais.

Além da obstrução tubária, outro distúrbio frequente é a salpingite, que é a inflamação15 das trompas de Falópio. Em geral, ela é causada por infecções12 sexualmente transmissíveis, como a clamídia ou a gonorreia16. Se não tratada adequadamente, pode levar a danos nas trompas e cicatrizes17, resultando em obstruções e problemas de fertilidade e gravidez ectópica11.

Em casos raros, pode haver anomalias congênitas18 das trompas.

Veja sobre "Reprodução19 assistida", "Inseminação artificial" e "Fertilização7 in vitro".

Qual é o substrato fisiopatológico dos distúrbios das trompas de Falópio?

Como as trompas de Falópio transportam o óvulo4 ou o feto20 em direção ao útero2 e os espermatozoides21 em sentido contrário, os problemas maiores que podem acontecer a elas são condições que dificultem ou impeçam esse trânsito, gerando dificuldade ou impossibilidade de fertilização7, ou uma gravidez22 tubária inadequada, o que implica em risco de vida.

Quais são as características clínicas dos distúrbios das trompas de Falópio?

Os sintomas23 dos distúrbios das trompas de Falópio podem variar, mas algumas mulheres podem experimentar dor abdominal intensa ou cólicas24, sangramento anormal, corrimento vaginal, dor durante a relação sexual e até mesmo febre25 em casos de infecção26.

No entanto, em muitos casos, as condições podem ser assintomáticas e as mulheres podem não perceber que têm um problema até tentarem engravidar. Em alguns casos, o problema pode ser mostrado apenas quando ocorre uma gravidez ectópica11.

Como o médico diagnostica os distúrbios das trompas de Falópio?

O diagnóstico27 dos distúrbios das trompas de Falópio nem sempre é fácil e envolve exames físicos, exames de sangue28 para detectar infecções12 e exames de imagem, que ajudam a identificar o problema nas trompas.

Exames para identificar a presença de infecções12 sexualmente transmissíveis são uma parte comum dos cuidados de rotina quando a mulher está tentando engravidar, realizados para determinar se as trompas de Falópio estão permeáveis. Eles incluem a histerossalpingografia, a histerossonografia29, a histeroscopia30 e a laparoscopia31. Esses dois últimos exames podem ser utilizados também como estratégias de tratamento.

Como o médico trata os distúrbios das trompas de Falópio?

Em alguns casos assintomáticos de distúrbios das trompas de Falópio pode não haver necessidade de tratamento. No entanto, quando há sintomas23 ou problemas de fertilidade, pode ser necessário recorrer a intervenções médicas.

O tratamento dos distúrbios das trompas de Falópio depende da causa e da gravidade do problema. Algumas vezes, a obstrução tubária pode ser removida cirurgicamente, seja por laparoscopia31 ou laparotomia32. No entanto, se as trompas estiverem muito danificadas ou obstruídas, pode ser necessário recorrer a técnicas de reprodução19 assistida, como a fertilização7 in vitro ou a transferência de embriões para as trompas.

No caso da salpingite ou outras infecções12 específicas, o tratamento envolve o uso de antibióticos para eliminar a infecção26 ou outras medicações específicas.

Em alguns casos, quando a gravidade do distúrbio é muito alta ou o tratamento não é bem-sucedido, a remoção cirúrgica das trompas de Falópio, conhecida como salpingectomia, pode ser necessária. No entanto, essa opção é considerada apenas quando todas as alternativas foram exploradas e não são viáveis.

Quais são as complicações possíveis com os distúrbios das trompas de Falópio?

As duas complicações mais temíveis dos distúrbios das trompas de Falópio são a infertilidade33 e a gravidez22 tubária ectópica34.

A primeira condição se verifica quando há uma obstrução que impede o encontro entre o espermatozoide5 e o óvulo4. Nesses casos, se uma gravidez22 é desejada, terá de ser feita por meio de reprodução19 assistida. A segunda condição dever ser prontamente atendida porque implica sérios riscos de rompimento da trompa, com sérias consequências para a saúde35 e a vida da pessoa.

Leia mais sobre "Infertilidade33 feminina", "Infertilidade33 masculina" e "Uso de indutores de ovulação36".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto e do Núcleo Santista de Reprodução Humana.

ABCMED, 2023. Distúrbios das trompas de Falópio. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/1440385/disturbios-das-trompas-de-falopio.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Ovários: São órgãos pares com aproximadamente 3cm de comprimento, 2cm de largura e 1,5cm de espessura cada um. Eles estão presos ao útero e à cavidade pelvina por meio de ligamentos. Na puberdade, os ovários começam a secretar os hormônios sexuais, estrógeno e progesterona. As células dos folículos maduros secretam estrógeno, enquanto o corpo lúteo produz grandes quantidades de progesterona e pouco estrógeno.
2 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
3 Movimentos peristálticos: Conjunto das contrações musculares dos órgãos ocos, provocando o avanço de seu conteúdo; peristalse, peristaltismo.
4 Óvulo: Célula germinativa feminina (haplóide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO.
5 Espermatozóide: Célula reprodutiva masculina.
6 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
7 Fertilização: Contato entre espermatozóide e ovo, determinando sua união.
8 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
9 Fecundação: 1. Junção de gametas que resulta na formação de um zigoto; anfigamia, fertilização. 2. Ato ou efeito de fecundar (-se).
10 Concepção: O início da gravidez.
11 Gravidez ectópica: Implantação do produto da fecundação fora da cavidade uterina (trompas, peritôneo, etc.).
12 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Endometriose: Doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva e consiste na presença de endométrio em locais fora do útero. Endométrio é a camada interna do útero que é renovada mensalmente pela menstruação. Os locais mais comuns da endometriose são: Fundo de Saco de Douglas (atrás do útero), septo reto-vaginal (tecido entre a vagina e o reto ), trompas, ovários, superfície do reto, ligamentos do útero, bexiga e parede da pélvis.
14 Pélvicas: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
15 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
16 Gonorreia: Infecção bacteriana que compromete o trato genital, produzida por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae. Produz uma secreção branca amarelada que sai pela uretra juntamente com ardor ao urinar. É uma causa de infertilidade masculina.Em mulheres, a infecção pode não ser aparente. Se passar despercebida, pode se tornar crônica e ascender, atingindo os anexos uterinos (trompas, útero, ovários) e causar Doença Inflamatória Pélvica e mesmo infertilidade feminina.
17 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
18 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
19 Reprodução: 1. Função pela qual se perpetua a espécie dos seres vivos. 2. Ato ou efeito de reproduzir (-se). 3. Imitação de quadro, fotografia, gravura, etc.
20 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
21 Espermatozóides: Células reprodutivas masculinas.
22 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
23 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
24 Cólicas: Dor aguda, produzida pela dilatação ou contração de uma víscera oca (intestino, vesícula biliar, ureter, etc.). Pode ser de início súbito, com exacerbações e períodos de melhora parcial ou total, nos quais o paciente pode estar sentindo-se bem ou apresentar dor leve.
25 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
26 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
27 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
28 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
29 Histerossonografia: Exame que consiste num exame ultra-sonográfico endovaginal com infusão de solução salina no interior do útero. O exame é sempre precedido pela ultra-sonografia endovaginal convencional.
30 Histeroscopia: Inspeção endoscópica do interior do útero; uteroscopia.
31 Laparoscopia: Procedimento cirúrgico mediante o qual se introduz através de uma pequena incisão na parede abdominal, torácica ou pélvica, um instrumento de fibra óptica que permite realizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
32 Laparotomia: Incisão cirúrgica da parede abdominal utilizada com fins exploratórios ou terapêuticos.
33 Infertilidade: Capacidade diminuída ou ausente de gerar uma prole. O termo não implica a completa inabilidade para ter filhos e não deve ser confundido com esterilidade. Os clínicos introduziram elementos físicos e temporais na definição. Infertilidade é, portanto, freqüentemente diagnosticada quando, após um ano de relações sexuais não protegidas, não ocorre a concepção.
34 Ectópica: Relativo à ectopia, ou seja, à posição anômala de um órgão.
35 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
36 Ovulação: Ovocitação, oocitação ou ovulação nos seres humanos, bem como na maioria dos mamíferos, é o processo que libera o ovócito II em metáfase II do ovário. (Em outras espécies em vez desta célula é liberado o óvulo.) Nos dias anteriores à ovocitação, o folículo secundário cresce rapidamente, sob a influência do FSH e do LH. Ao mesmo tempo que há o desenvolvimento final do folículo, há um aumento abrupto de LH, fazendo com que o ovócito I no seu interior complete a meiose I, e o folículo passe ao estágio de pré-ovocitação. A meiose II também é iniciada, mas é interrompida em metáfase II aproximadamente 3 horas antes da ovocitação, caracterizando a formação do ovócito II. A elevada concentração de LH provoca a digestão das fibras colágenas em torno do folículo, e os níveis mais altos de prostaglandinas causam contrações na parede ovariana, que provocam a extrusão do ovócito II.
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