Incontinência urinária: o que é? Quais os tipos e as causas? Como são os sintomas? O que fazer para diagnosticar, tratar ou prevenir?
O que é incontinência urinária1?
Chama-se incontinência urinária1 à situação em que a pessoa perde urina2 involuntariamente, de forma contínua ou intermitente3, espontânea ou por um esforço físico como rir, tossir, espirrar, etc. É mais frequente nas mulheres, em vista de que elas têm um assoalho pélvico4 menos resistente que os homens e que sofre maiores agressões, como as que ocorrem nos partos vaginais ou nas doenças ginecológicas, por exemplo. A incontinência urinária1 também é mais frequente nos idosos, que normalmente têm um enfraquecimento muscular mais acentuado e nas crianças pequenas que têm uma fisiologia5 pouco amadurecida.
Normalmente, à medida que a bexiga6 vai se enchendo de urina2 proveniente dos rins7, receptores sensoriais no seu interior “percebem” o estiramento da sua parede e comandam ondas de contração dela, gerando a vontade de urinar, que o indivíduo normal consegue suportar por algum tempo. Assim que a bexiga6 tenha atingido a sua capacidade máxima (350 - 650 ml), os receptores do interior do músculo detrusor8 (músculo da parede da bexiga6) emitem sinais9 ao cérebro10 para se iniciar a fase de esvaziamento da bexiga6. Quando esse reflexo se torna suficientemente intenso, há um relaxamento do esfíncter11 uretral12, sob comando voluntário, e então se dá a micção13 normal. Esse ato, apesar de aparentemente ser muito simples, envolve estruturas complexas do sistema nervoso central14 e periférico e do trato urinário15. Há situações em que o indivíduo não consegue reter a urina2 coletada na bexiga6 e ela se excreta automática e involuntariamente. A isso se chama incontinência urinária1.
Quais são os tipos de incontinência urinária1?
Conforme as características clínicas, a incontinência urinária1 pode ser classificada como:
- Incontinência urinária1 de urgência16: contração vesical17 durante a fase de enchimento da bexiga6. Chamada de instabilidade em pacientes sem diagnóstico18 neurológico e de hiperreflexia19 em pacientes com comprometimento neurológico.
- Incontinência urinária1 de esforço: é a perda involuntária20 de urina2 que surge com aumentos da pressão intra-abdominal, causando problema social ou higiênico para as pessoas. Na incontinência urinária1 de esforço ocorre uma perda involuntária20 de urina2 quando a pressão vesical17 excede a pressão uretral12, sem que o músculo detrusor8 tenha se contraído.
- Incontinência urinária1 mista: quando se somam os sintomas21 das duas formas anteriores.
Quais são as causas da incontinência urinária1?
As causas da incontinência urinária1 são múltiplas, mas há alguns fatores que aumentam a possibilidade disso ocorrer: em mulheres, parto vaginal que cause trauma neuromuscular ou estiramento ou compressão dos nervos pélvicos22; deficiência estrogênica, que pode ser um fator que contribui para a incontinência urinária1 em mulheres na menopausa23 e, em todas as pessoas, tumores que afetem o trato urinário15, quadros clínicos que aumentem a pressão intra-abdominal, procedimentos cirúrgicos ou irradiações que lesem o esfíncter11 uretral12, tosse crônica ligada ao tabagismo, bexiga6 hiperativa ou obesidade24.
Quais são os principais sinais9 e sintomas21 da incontinência urinária1?
Os principais sinais9 e sintomas21 da incontinência urinária1 dependem das suas causas, mas todas têm como sinal25 comum a perda involuntária20 de urina2, seguida de um grande desconforto, embaraço social, depressão e queda da autoestima. Em alguns casos essa perda se dá espontaneamente e em outras está ligada a esforços físicos simples e inevitáveis, como rir, tossir ou espirrar.
Como o médico diagnostica a incontinência urinária1?
A primeira etapa do diagnóstico18 da incontinência urinária1 deve ser a tomada de uma anamnese26 criteriosa e um exame físico minucioso, feito pelo ginecologista ou pelo urologista27. Nesse momento, o especialista poderá também avaliar alterações concomitantes, como por exemplo, a queda da bexiga6, do útero28, do reto29 e se há também perda involuntária20 de fezes ou gases. Será de grande utilidade se o paciente fizer um diário miccional em que anote informações sobre volume, horários e formas da perda de urina2. Provavelmente, o médico começará por pedir um exame mais simples de urina2 (EAS e Urinocultura30) e mais avançadamente lançará mão31 do exame urodinâmico, que o ajudará a analisar o tipo de incontinência urinária1 de cada paciente e a decidir sobre a terapêutica32 mais adequada para cada caso. Esse exame compreende a avaliação funcional da bexiga6 e uretra33, estudando a fluxometria (medidas relativas ao fluxo urinário), cistometria (medidas relativas à pressão intravesical), fluxo/pressão, eletromiografia34, perfil pressórico uretral12 e pressão de perda. Esse exame constitui-se, na atualidade, na abordagem diagnóstica mais segura da incontinência urinária1.
Como o médico trata a incontinência urinária1?
Durante muitos anos deu-se muita importância à cirurgia para o tratamento da incontinência urinária1, mas com o passar do tempo voltou a se conceder valor às técnicas de tratamentos conservadores. É muito importante que haja uma abordagem multiprofissional dos pacientes e o diagnóstico18 seja seguro. Os resultados positivos das diversas técnicas dependem da boa avaliação do paciente e do tipo específico de incontinência35 que será tratada. Entre elas, destacam-se: a terapia comportamental, que visa ensinar um comportamento que foi perdido; a re-educação pélvico36-perineal; contrações voluntárias destinadas a fortalecer os músculos37 do assoalho pélvico4 (exercícios de Kegel); uso do perineômetro (dispositivo pneumático usado para medir a pressão dentro da vagina38); cones vaginais e eletroestimulação39 do assoalho pélvico4.
Como prevenir ou minorar a incontinência urinária1?
- Procure evitar a prisão de ventre.
- Deixe de fumar, se for o caso, para reduzir a tosse e a irritação da bexiga6.
- Evite o álcool e bebidas cafeinadas, que podem super estimular a bexiga6.
- Em caso de obesidade24, procure perder peso.
- Evite comidas picantes, bebidas gaseificadas, frutas e sucos cítricos que possam irritar a bexiga6.
- Se for diabético, mantenha o açúcar40 do sangue41 sob controle.
- Faça exercícios apropriados para fortalecer o assoalho da pelve42 durante a gravidez43 e logo após o parto.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da The British Association of Urological Surgeons (BAUS), da European Association of Urology e da Urology Care Foundation da American Urological Association.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.