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Imunossupressão e imunodepressão

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O que é imunossupressão1 e imunodepressão?

Imunossupressão1 é o processo de reduzir ou suprimir artificialmente a resposta imunológica do corpo a uma determinada substância, seja ela um invasor estranho ou uma substância que o corpo considera estranha, como um tecido2 transplantado ou, por vezes, tecidos normais do corpo, enganosamente reconhecidos como estranhos (doenças autoimunes3). A imunossupressão1 pode ser realizada por meio do uso de medicamentos que atuam inibindo a produção ou a atividade de células4 e moléculas do sistema imunológico5 (imunossupressores).

Da imunossupressão1 deve ser diferenciada a imunodepressão. Ambos são termos relacionados ao sistema imunológico5, mas se referem a fenômenos diferentes. A imunossupressão1 é a redução intencional da resposta imunológica do organismo, feita com objetivos terapêuticos. Por outro lado, a imunodepressão é a diminuição da capacidade natural do sistema imunológico5 causada por fatores como doenças, desnutrição6 ou efeito colateral7 de medicamentos.

Por que fazer imunossupressão1?

A imunossupressão1 é necessária tanto em casos de transplantes de órgãos, nos quais o sistema imunológico5 pode atacar o tecido2 transplantado, como em casos de doenças autoimunes3, nas quais o sistema imunológico5 ataca tecidos saudáveis do próprio corpo.

Os principais tipos de imunossupressores incluem:

  • Corticosteroides: frequentemente usados para tratar doenças autoimunes3 e inflamatórias.
  • Antimetabólitos: usados principalmente para prevenir a rejeição de transplantes, mas que também podem ser usados para tratar doenças autoimunes3.
  • Inibidores da calcineurina: usados para prevenir a rejeição de transplantes e também para tratar doenças autoimunes3.
  • Agentes biológicos: usados para tratar doenças autoimunes3, como artrite reumatoide8 e lúpus9 eritematoso10.
  • Inibidores de JAK (Janus Associated Kinases): outra estratégia usada para tratar doenças autoimunes3, como artrite reumatoide8 e psoríase11.

Embora esses sejam os imunossupressores mais comumente empregados, existem muitos outros. Eles podem ser apresentados em comprimidos, cápsulas, líquidos ou injeções. Cabe ao médico decidir qual deles é mais adequado a cada caso particular, visando o máximo efeito positivo com o menor efeito colateral7 possível.

No entanto, qualquer que seja a opção adotada, o paciente deve contar com a existência de efeitos colaterais12, alguns maiores outros menores. Todos os imunossupressores têm em comum o efeito de diminuir a resistência às infecções13 e torná-las mais resistentes aos tratamentos.

Leia também sobre "Anemia14 aplástica ou aplasia medular", "Sarcoma de Kaposi15" e "Púrpura16 trombocitopênica imune".

Quais são as principais causas patológicas da imunodepressão?

Várias doenças e condições podem fazer com que o sistema imunológico5 do corpo esteja enfraquecido ou comprometido (imunodepressão). Algumas das doenças mais comuns que podem causar imunodepressão incluem:

  1. HIV17/AIDS, em que uma infecção18 causada pelo vírus19 da imunodeficiência20 humana (HIV17) pode danificar as células4 imunológicas, resultando em uma imunodeficiência20 adquirida (AIDS).
  2. Alguns tipos de câncer21, como leucemia22 e linfoma23, podem afetar o sistema imunológico5, tornando o corpo mais suscetível a infecções13.
  3. Certas condições autoimunes3, como lúpus9 e artrite reumatoide8, podem afetar o sistema imunológico5, causando uma imunodeficiência20 (genética?).
  4. Algumas doenças infecciosas, como tuberculose24 e hepatite25 B ou C, podem afetar o sistema imunológico5 de forma crônica e persistente.
  5. A desnutrição6 pode afetar negativamente o sistema imunológico5.
  6. O uso prolongado de medicamentos imunossupressores pode enfraquecer o sistema imunológico5.
  7. A idade avançada que pode afetar a capacidade do sistema imunológico5 de funcionar efetivamente, aumentando o risco de infecções13.
  8. Outras condições médicas crônicas, como insuficiência renal26 crônica ou diabetes27 não controlado, podem afetar o sistema imunológico5 e resultar em imunodeficiência20.

Existem várias doenças autoimunes3. Algumas das mais comuns incluem:

Essas doenças podem levar a inflamações34 crônicas e danos aos órgãos afetados.

As consequências da imunodepressão podem variar dependendo da causa e da gravidade da condição. Algumas das consequências mais comuns incluem infecções13 recorrentes e o aumento do risco de complicações e mortes por infecções13, especialmente em pacientes idosos ou com outras condições médicas crônicas ou persistentes.

Quais são os cuidados especiais que devem ter as pessoas com baixa imunidade35?

A baixa imunidade35 torna o corpo mais vulnerável a infecções13 e doenças, razão por que é importante gerenciar com cuidado a dosagem da medicação e a duração do tratamento imunossupressor36, avaliando riscos e benefícios.

As pessoas imunodeprimidas natural ou intencionalmente devem:

  • lavar bem as mãos37 com frequência, especialmente antes de comer;
  • evitar contato com pessoas com doenças infecciosas;
  • comer apenas alimentos bem lavados e bem cozidos, evitando especialmente carnes mal passadas;
  • não tomar vacinas com agente atenuado, como de gripe38 ou sarampo39, por exemplo;
  • evitar aglomerações e ambientes fechados, como shoppings e cinemas;
  • evitar contato com animais transmissores de doenças;
  • não cuidar do jardim ou de outras atividades que mexam com terra;
  • ter especial atenção com cortes ou arranhões;
  • e praticar apenas “sexo seguro”.
Veja sobre "Infecções13 oportunistas", "Virose" e "Citomegalovírus40".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e da Encyclopedia Britannica.

ABCMED, 2023. Imunossupressão e imunodepressão. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1439490/imunossupressao-e-imunodepressao.htm>. Acesso em: 11 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Imunossupressão: Supressão das reações imunitárias do organismo, induzida por medicamentos (corticosteroides, ciclosporina A, etc.) ou agentes imunoterápicos (anticorpos monoclonais, por exemplo); que é utilizada em alergias, doenças autoimunes, etc. A imunossupressão é impropriamente tomada por alguns como sinônimo de imunodepressão.
2 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
3 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
4 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
5 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
6 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
7 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
8 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
9 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
10 Eritematoso: Relativo a ou próprio de eritema. Que apresenta eritema. Eritema é uma vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos.
11 Psoríase: Doença imunológica caracterizada por lesões avermelhadas com descamação aumentada da pele dos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e costas juntamente com alterações das unhas (unhas em dedal). Evolui através do tempo com melhoras e pioras, podendo afetar também diferentes articulações.
12 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
13 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
14 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
15 Sarcoma de Kaposi: Câncer originado de células do tecido vascular, freqüentemente associado à AIDS. Manifesta-se por lesões vermelho-violáceas em diferentes territórios cutâneos e mucosos.
16 Púrpura: Lesão hemorrágica de cor vinhosa, que não desaparece à pressão, com diâmetro superior a um centímetro.
17 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
18 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
19 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
20 Imunodeficiência: Distúrbio do sistema imunológico que se caracteriza por um defeito congênito ou adquirido em um ou vários mecanismos que interferem na defesa normal de um indivíduo perante infecções ou doenças tumorais.
21 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
22 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
23 Linfoma: Doença maligna que se caracteriza pela proliferação descontrolada de linfócitos ou seus precursores. A pessoa com linfoma pode apresentar um aumento de tamanho dos gânglios linfáticos, do baço, do fígado e desenvolver febre, perda de peso e debilidade geral.
24 Tuberculose: Doença infecciosa crônica produzida pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis). Produz doença pulmonar, podendo disseminar-se para qualquer outro órgão. Os sintomas de tuberculose pulmonar consistem em febre, tosse, expectoração, hemoptise, acompanhada de perda de peso e queda do estado geral. Em países em desenvolvimento (como o Brasil) aconselha-se a vacinação com uma cepa atenuada desta bactéria (vacina BCG).
25 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
26 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
27 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
28 Diabetes tipo 1: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada por deficiência na produção de insulina. Ocorre quando o próprio sistema imune do organismo produz anticorpos contra as células-beta produtoras de insulina, destruindo-as. O diabetes tipo 1 se desenvolve principalmente em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. Há tendência em apresentar cetoacidose diabética.
29 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
30 Esclerose múltipla: Doença degenerativa que afeta o sistema nervoso, produzida pela alteração na camada de mielina. Caracteriza-se por alterações sensitivas e de motilidade que evoluem através do tempo produzindo dano neurológico progressivo.
31 Doença de Crohn: Doença inflamatória crônica do intestino que acomete geralmente o íleo e o cólon, embora possa afetar qualquer outra parte do intestino. A doença cursa com períodos de remissão sintomática e outros de agravamento. Na maioria dos casos, a doença de Crohn é de intensidade moderada e se torna bem controlada pela medicação, tornando possível uma vida razoavelmente normal para seu portador. A causa da doença de Crohn ainda não é totalmente conhecida. Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, diarreia, perda de peso, febre moderada, sensação de distensão abdominal, perda de apetite e de peso.
32 Colite: Inflamação da porção terminal do cólon (intestino grosso). Pode ser devido a infecções intestinais (a causa mais freqüente), ou a processos inflamatórios diversos (colite ulcerativa, colite isquêmica, colite por radiação, etc.).
33 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
34 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
35 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
36 Imunossupressor: Medicamento que suprime a resposta imune natural do organismo. Os imunossupressores são dados aos pacientes transplantados para evitar a rejeição de órgãos ou para pacientes com doenças autoimunes.
37 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
38 Gripe: Doença viral adquirida através do contágio interpessoal que se caracteriza por faringite, febre, dores musculares generalizadas, náuseas, etc. Sua duração é de aproximadamente cinco a sete dias e tem uma maior incidência nos meses frios. Em geral desaparece naturalmente sem tratamento, apenas com medidas de controle geral (repouso relativo, ingestão de líquidos, etc.). Os antibióticos não funcionam na gripe e não devem ser utilizados de rotina.
39 Sarampo: Doença infecciosa imunoprevenível, altamente transmissível por via respiratória, causada pelo vírus do sarampo e de imunidade permanente. Geralmente ocorre na infância, mas pode afetar adultos susceptíveis (não imunes). As manifestações clínicas são febre alta, tosse seca persistente, coriza, conjuntivite, aumento dos linfonodos do pescoço e manchas avermelhadas na pele. Em cerca de 30% das pessoas com sarampo podem ocorrer complicações como diarréia, otite, pneumonia e encefalite.
40 Citomegalovírus: Citomegalovírus (CMV) é um vírus pertence à família do herpesvírus, a mesma dos vírus da catapora, herpes simples, herpes genital e do herpes zóster.
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