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Coreia de Sydenham

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O que é a Coreia de Sydenham1?

A coreia de Sydenham1, também conhecida como coreia de São Vito ou dança de São Vito, é uma condição médica rara que afeta principalmente crianças e adolescentes, mais frequente em meninas que em meninos. Ela é considerada uma manifestação neurológica tardia da febre reumática2, que é uma complicação incomum de infecções3 por estreptococos do grupo A, como a faringite4 estreptocócica.

O substantivo coreia provém do termo grego khoreu, que alude às danças realizadas pelos coros dos teatros gregos, de onde vem também a palavra coreografia. A descrição mais famosa da doença foi feita em San Vito, na Itália, em 1686.

Quais são as causas da Coreia de Sydenham1?

As causas da coreia de Sydenham1 estão relacionadas à febre reumática2 e ao sistema imunológico5. A causa subjacente da coreia de Sydenham1 é uma infecção6 bacteriana por Streptococcus pyogenes, que é a bactéria7 responsável pela faringite4 estreptocócica ou amigdalite estreptocócica. Se essa infecção6 não for tratada adequadamente com antibióticos, o sistema imunológico5 pode reagir de forma anormal à infecção6, levando ao desenvolvimento da febre reumática2 e, eventualmente, à coreia de Sydenham1.

Algumas pessoas podem também terem uma predisposição genética especial para desenvolver a doença. Isso significa que, mesmo após uma infecção6 estreptocócica, nem todos os indivíduos desenvolverão essa condição. A genética desempenha um papel importante na determinação da suscetibilidade a todas as doenças autoimunes8, inclusive à coreia de Sydenham1.

Qual é o substrato fisiopatológico da Coreia de Sydenham1?

A fisiopatologia9 da coreia de Sydenham1 não é compreendida. Acredita-se que essa enfermidade seja causada por uma reação autoimune10 desencadeada pela infecção6 estreptocócica. O sistema imunológico5 começa a atacar erroneamente as próprias estruturas do corpo, incluindo o sistema nervoso central11. Isso resulta em inflamação12 e danos no cérebro13, levando aos sintomas14 característicos da coreia de Sydenham1, como movimentos involuntários e outras anormalidades neurológicas.

Veja mais sobre "Amigdalites", "Dor de garganta15" e "Amigdalectomia".

Quais são as características clínicas da Coreia de Sydenham1?

Geralmente a coreia de Sydenham1 começa de forma súbita, algumas semanas a meses após um episódio de febre reumática2 não tratada ou inadequadamente tratada. Os principais sintomas14 da coreia de Sydenham1 incluem movimentos involuntários, rápidos e irregulares dos músculos16, especialmente nos membros e no rosto. Esses movimentos são conhecidos como coreia e podem ser acompanhados por outros sintomas14 neurológicos, como fraqueza muscular, dificuldade de coordenação, instabilidade emocional e alterações no comportamento.

Como o médico diagnostica a Coreia de Sydenham1?

O diagnóstico17 da coreia de Sydenham1 é feito com base em uma avaliação médica completa que deve constar de uma história clínica detalhada, incluindo o histórico médico familiar do paciente, exame físico completo e exames gerais e específicos de laboratório e de imagens.

Os testes de estreptococos devem ser usados para verificar se o paciente teve uma infecção6 estreptocócica recente. Os exames de sangue18, além de fazerem parte da rotina em qualquer enfermidade, podem ser usados para medir os níveis de anticorpos19 contra o estreptococo. Em alguns casos menos típicos, exames de imagem, como ressonância magnética20 cerebral, podem ser realizados para descartar outras condições neurológicas e avaliar se há anormalidades estruturais no cérebro13.

Como o médico trata a Coreia de Sydenham1?

O tratamento da Coreia de Sydenham1 envolve a administração de medicamentos para controlar os sintomas14. Isso pode incluir o uso de medicamentos para reduzir a gravidade dos movimentos involuntários. Os medicamentos antipsicóticos, como haloperidol, são frequentemente prescritos para ajudar nesse objetivo. Além disso, o tratamento visa tratar a infecção6 estreptocócica subjacente, caso ainda esteja presente, e controlar outros sintomas14 relacionados à febre reumática2.

Como evolui a Coreia de Sydenham1?

As manifestações clínicas podem variar de pessoa para pessoa, mas seguem um curso semelhante. A gravidade e a duração dos sintomas14 pode variar e em alguns casos os sintomas14 podem melhorar significativamente após algumas semanas ou meses, enquanto em outros casos podem persistir por períodos mais longos.

Com o tratamento adequado, muitos indivíduos com Coreia de Sydenham1 podem experimentar uma melhora significativa e até mesmo uma recuperação completa. No entanto, em alguns casos, os sintomas14 podem persistir ou recorrer ao longo do tempo.

Como prevenir a Coreia de Sydenham1?

Nem todas as infecções3 estreptocócicas levam à coreia de Sydenham1. No entanto, é fundamental tratar adequadamente as infecções3 estreptocócicas para prevenir complicações graves, como a febre reumática2 e a Coreia de Sydenham1.

Quais são as complicações possíveis com a Coreia de Sydenham1?

A coreia de Sydenham1 já é uma complicação da febre reumática2, mas as complicações possíveis associadas a ela podem ser:

  • dificuldades motoras, tornando muito difíceis ou impossíveis tarefas simples, como escrever ou comer;
  • afetação da fala, devido aos movimentos involuntários nos músculos16 da boca21 e da língua22;
  • distúrbios emocionais e comportamentais, como mudanças de humor, irritabilidade, ansiedade e dificuldades de concentração;
  • dificuldades na aprendizagem, afetando o desempenho escolar;
  • afetação da vida social das pessoas, causando constrangimento e isolamento;
  • e recorrência23 episódica, com períodos de sintomas14 seguidos por remissões.

Além disso, os medicamentos utilizados para tratar a coreia de Sydenham1 podem ter efeitos colaterais24 significativos e complicações a longo prazo.

Leia sobre "Coreia de Huntington25", "Estereotipias" e "Distúrbios dos movimentos".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Revista de Pediatria SOPERJ e da Universidade Federal da Bahia.

ABCMED, 2023. Coreia de Sydenham. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1459695/coreia-de-sydenham.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Coréia de Sydenham: Coréia, palavra derivada do grego que significa dançar, consiste em movimentos involuntários, ora em repouso, ora perturbando o movimento voluntário, arrítmicos, assimétricos, bruscos, breves e sem propósito. A coréia de Sydenham, também conhecida como coréia menor ou coréia reumática, é um dos principais indicadores diagnósticos de febre reumática. Ela afeta predominantemente crianças entre 5 e 15 anos, com maior freqüência no sexo feminino.
2 Febre reumática: Doença inflamatória produzida como efeito inflamatório anormal secundário a infecções repetidas por uma bactéria chamada estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Caracteriza-se por inflamação das articulações, febre, inflamação de uma ou mais de uma estrutura cardíaca, alterações neurológicas, eritema cutâneo. Com o tratamento mais intensivo da faringite estreptocócica, a freqüência desta doença foi consideravelmente reduzida.
3 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
4 Faringite: Inflamação da mucosa faríngea em geral de causa bacteriana ou viral. Caracteriza-se por dor, dificuldade para engolir e vermelhidão da mucosa, acompanhada de exsudatos ou não.
5 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
6 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
8 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
9 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
10 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
11 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
12 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
13 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
14 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
15 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
16 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
17 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
18 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
19 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
20 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
21 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
22 Língua:
23 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
24 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
25 Coréia de Huntington: Descrita inicialmente como coréia hereditária, é uma doença heredodegenerativa, caracterizada por alterações psiquiátricas, cognitivas e motoras progressivas. A suspeita de história familiar positiva é fundamental para o diagnóstico, por ser este tipo de coréia uma herança autossômica dominante.
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