Como é a esclerose múltipla?
O que é a esclerose múltipla1?
A esclerose múltipla1 é uma doença inflamatória crônica, de causa ainda desconhecida e curso inexoravelmente progressivo, que afeta o sistema nervoso2. Nela há uma degeneração3 da bainha de mielina4 dos axônios5, que é atacada e destruída pelo sistema imunológico6 do próprio paciente. Com isso, ela afeta a capacidade de comunicação entre as células nervosas7 do cérebro8 e da medula espinhal9. Em geral ela evolui por surtos com sintomas10 motores, sensitivos e sensoriais e períodos de relativa acalmia. Cada surto sintomático11 deixa sequelas12 que progressivamente vão agravando o estado do paciente.
Quais são as causas da esclerose múltipla1?
As causas da esclerose múltipla1 ainda não são conhecidas, embora os mecanismos que a produzem e alguns fatores de risco para a doença o sejam. Sabe-se que ela afeta pessoas adultas jovens e preferentemente as mulheres. As teorias mais aceitas postulam uma causa genética ou infecciosa. Na verdade, a esclerose múltipla1 não é inteiramente uma doença hereditária, mas algumas variações genéticas aumentam o risco da doença. Provavelmente ela é consequência de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e infecciosos, e possivelmente de outros fatores ainda desconhecidos. Esta condição tem sido associada, por exemplo, à pouca exposição solar e à diminuição de produção da vitamina13 D, fato corroborado pela observação de que a prevalência14 dela aumenta à medida que se afasta do Equador, embora existam numerosas exceções. O estresse, o tabagismo e a exposição a determinadas toxinas15 também são fatores de risco. Outros fatores mais continuam sendo pesquisados, sem que até o momento se tenha chegado a resultados conclusivos. Com relação às infecções16, vários micróbios têm sido propostos como possíveis causas da esclerose múltipla1.
A gravidez17 parece diminuir progressivamente o ritmo de ocorrência de surtos a cada trimestre de gestação.
Quais são os sinais18 e sintomas10 da esclerose múltipla1?
Em virtude da localização e da extensão das lesões19, a esclerose múltipla1 pode dar origem a praticamente qualquer sintoma20 neurológico, como alterações sensoriais; dificuldades locomotoras, de coordenação e de equilíbrio; dificuldades de fala ou de deglutição21; problemas oculares; fadiga22; dores agudas ou crônicas; dificuldades no funcionamento da bexiga23 e dos intestinos24; degeneração3 da capacidade cognitiva25; depressão e humor instável. Principalmente no seu início, os sintomas10 podem ser sutis e se confundirem com sintomas10 de outras doenças. Além disso, como desaparecem em poucos dias podem fazer pensar que se trata de coisa simples.
A esclerose múltipla1 tende a evoluir por surtos, intercalados por meses e mesmo anos de relativa acalmia, os quais vão progressivamente se encurtando. Quando surge em pessoas de meia idade, a evolução costuma ser mais desfavorável e a incapacidade e mesmo a morte sobrevém mais rapidamente. Nas pessoas mais jovens, entre cada ataque os sintomas10 podem desaparecer por completo, mas deixam danos neurológicos permanentes.
Como o médico diagnostica a esclerose múltipla1?
Como a sintomatologia da esclerose múltipla1 é muito variada, o diagnóstico26 da doença pode ser muito difícil, principalmente em sua fase inicial. No entanto, os dados clínicos por si só podem ser suficientes para o diagnóstico26, em casos em que os indivíduos tenham sofrido episódios mais ou menos típicos. Atualmente, a doença pode ser detectada também por dados radiológicos e laboratoriais recolhidos de forma não invasiva.
Os exames complementares mais comuns são as imagens do sistema nervoso2, a análise do líquor27 e os potenciais evocados. A ressonância magnética28 pode detectar áreas de desmielinização, onde elas já tenham ocorrido. Entretanto, um diagnóstico26 definitivo só pode ser obtido por uma biópsia29 que confirme as lesões19.
Como o médico trata a esclerose múltipla1?
A esclerose múltipla1 não tem cura conhecida e o tratamento visa apenas fazer cessar o quadro agudo30 e dilatar o intervalo entre os surtos. Deve buscar também recompor ou auxiliar as funções corporais afetadas por um ataque e tratar suas consequências.
Durante os ataques agudos, a terapia mais indicada é a administração de doses elevadas de corticosteroides, geralmente por via intravenosa. No controle da doença são usados alguns medicamentos como antivirais, interferon, imunossupressores e imunomoduladores, todos de eficácia apenas moderada. À semelhança de outras terapêuticas, estes tratamentos têm vários efeitos secundários, às vezes sérios.
Como prevenir a esclerose múltipla1?
Não há como prevenir a esclerose múltipla1, mas apenas como mitigar31 suas consequências.
Como evolui a esclerose múltipla1?
A maior parte dos portadores de esclerose múltipla1 vem a perder a capacidade de locomoção autônoma antes da morte, mas 90% deles são ainda capazes de caminhar dez anos depois do aparecimento da doença e 75% mesmo quinze anos depois.
A expectativa de vida32 de doentes com esclerose múltipla1 é cerca de cinco a dez anos inferiores à população geral, mas cerca de 40% dos pacientes chegam à sétima década de vida.
A doença faz regressões periódicas ao longo de várias décadas, mas grosso modo seu curso é progressivo, correspondendo a uma esperança média de vida de trinta anos a partir do seu aparecimento.
São fatores que apontam para um prognóstico33 mais favorável da progressão da doença:
- Sexo feminino.
- Subtipo recidivante34 remitente: caracterizado por períodos de surtos seguidos de períodos de recidiva35. Pode provocar incapacidade temporária, mas, após os surtos, o doente acaba, em determinadas situações, por recuperar algumas funções. No entanto, com o aumento gradual do número de surtos, o grau de incapacidade vai aumentando. O tempo que medeia os surtos é imprevisível, podendo variar desde semanas até anos.
- Neurite36 ótica.
- Número reduzido de ataques nos primeiros anos.
- Início da doença em idade jovem.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.