Águas medicinais e seus efeitos no organismo
O que são águas medicinais?
Há alguns anos, quando as terapêuticas eram bem menos desenvolvidas, o recurso às águas medicinais era muito maior que atualmente e fazia parte quase que regular das recomendações médicas para tratar certas doenças. Desde há alguns milênios, o valor das águas é reconhecido pelas pessoas como uma necessidade para a saúde1, desde a água comum, necessária à hidratação do corpo, até soluções aquosas contendo vários tipos de eletrólitos2, usadas para banhos, para beber e mais raramente para inalar.
Nas atividades do dia a dia sabe-se como um banho, mesmo em água comum, tem efeito revigorante. Embora bem menos valorizadas pela Medicina atual, as águas ainda são um importante complemento às terapêuticas oficiais. As águas medicinais são águas minerais naturais com efeito terapêutico comprovado. A sua aplicação terapêutica3 no tratamento de certas doenças foi identificada por meio de rigorosos testes médicos e, portanto, oficialmente essas águas podem ser chamadas de “águas medicinais”.
Ao utilizar águas medicinais externamente como águas balneares, estas devem cumprir os critérios gerais das águas minerais e não devem conter substâncias que possam ter efeitos nocivos à saúde1. Também deve ser certificado que a temperatura da água e a tecnologia de tratamento de água seja apropriada e não contenha elementos que possam danificar os componentes biologicamente ativos da água.
Na maioria dos casos, mas nem sempre, as águas medicinais são quentes, ou seja, são águas também termais. Os balneários medicinais são abertos nas proximidades de fontes termais ou minerais e neles são oferecidos aos pacientes uma gama completa de tratamentos fisioterapêuticos, aproveitando os efeitos benéficos das águas medicinais. Em muitos casos, existem piscinas térmicas, algumas delas naturais, e banhos de vapor.
Em certos casos, hotéis também fazem parte do complexo medicinal. Além das ações químicas das águas minerais, o conforto, tranquilidade e relaxamento proporcionados por esses balneários desempenham um importante papel no tratamento e recuperação das pessoas.
Quando utilizadas internamente, as águas medicinais devem cumprir os critérios de águas minerais, devem ser adequadas para beber e devem ter um efeito benéfico para a saúde1 medicamente comprovado. As indicações e contraindicações medicamente comprovadas, bem como as sugestões de consumo, devem ser explicitamente comunicadas ao usuário. Caso o paciente não tenha uma orientação médica, deve estudar cuidadosamente os componentes e os efeitos terapêuticos da água e a lista de indicações e contraindicações.
Leia sobre "A importância da água para a saúde1", "Desidratação4" e "Regulação da sede".
Quais são as características clínicas das águas medicinais?
Os banhos medicinais podem ser aconselhados como tratamentos complementares de algumas doenças e a água mineral para beber pode ser usada no tratamento de outras tantas, sem falar das águas termais, que beneficiam diversas condições de saúde1.
Há vários tipos de águas minerais:
Águas bicabornatadas
As águas bicabornatadas são ricas em ácido carbônico. Ajudam a controlar a resposta anafilática e regulam o sistema digestivo5, sendo hepatoprotetoras e antidispépticas, neutralizando a secreção ácida do estômago6 e favorecendo a eliminação do ácido úrico e a atividade pancreática, regulando o pH sanguíneo. São recomendadas em casos de refluxo gastroesofágico7 e dispepsia8 (“má digestão”), bem como em condições reumatológicas e endocrinológicas.
Águas ricas em cloretos
Águas ricas em cloretos têm ação interna antidiurética e estimulam a secreção gástrica e biliar e, externamente, têm ação antisséptica, antiflogística e estimulante da cicatrização. São especialmente recomendadas no tratamento de afecções9 cirúrgicas traumáticas, reumatológicas, dermatológicas e respiratórias, nevralgias e problemas ginecológicos.
Águas ricas em magnésio
As águas ricas em magnésio apresentam ação purgativa, pois facilitam o trânsito digestivo e a função renal10 e vasodilatadora. Por isso, são indicadas como tratamentos auxiliares em disfunções digestivas, hepáticas11 e renais, bem como na prevenção e tratamento da arteriosclerose12 e doenças cardiovasculares13. Elas também são recomendadas em estados de deficiência de magnésio causadas por uma dieta desequilibrada.
Águas ricas em sódio
As águas ricas em sódio têm ação antisséptica, pois dificultam o desenvolvimento de certos germes; atuam como protetor hepático, colagogo (excitante da secreção biliar) e antitóxico. São recomendadas na recuperação de feridas infectadas e são muito valiosas nos processos catarrais porque ajudam a eliminar as secreções brônquicas e relaxar os músculos14 associados a eles, além de ajudar a neutralizar as toxinas15.
Águas ferruginosas
As águas ferruginosas são ricas em ferro bivalente. Sua ação ativadora da eritropoiese16 (fabricação dos glóbulos vermelhos do sangue17) e das enzimas oxidantes as torna importante recurso antianêmico e, por isso, são especialmente recomendadas para anemia ferropriva18, distúrbios do desenvolvimento, convalescença de enfermidades e hipertireoidismo19. Elas também são altamente recomendadas em regimes de emagrecimento.
Águas mineralizadas
Águas mineralizadas são aquelas que possuem concentrações minerais muito baixas, mas que contêm componentes ativos específicos de grande valor terapêutico. Elas têm principalmente uma ação diurética, favorecendo a secreção de resíduos e ajudando a regular o nível ideal de água para o corpo. São indicadas para pedras (cálculos), certas condições renais, retenção de líquidos, etc.
Águas sulfatadas
As águas sulfatadas são águas nas quais predomina o ânion sulfato associado aos cátions cálcio, sódio ou magnésio. Apresentam principalmente ações estimulantes de funções orgânicas, principalmente no sistema digestivo5, além de terem uma ação descongestionante e purgativa. Elas são recomendadas na bebida para regular o trato digestivo e a vesícula20.
Águas fluoretadas
As águas fluoretadas são águas ricas em flúor. Apresentam ação benéfica para a estrutura óssea, protetora da formação e conservação dos dentes e preventiva da osteoporose21, pois são facilmente associadas ao cálcio. São especialmente recomendadas para pacientes22 com problemas ósseos, como a osteoporose21 associada à menopausa23.
Águas radioativas
As águas radioativas emitem radioatividade natural, emitindo partículas ionizantes devido ao seu conteúdo de gás radônio. Possuem ação analgésica e antiespasmódica. São indicadas em patologias psiquiátricas e condições de estresse, doenças articulares e reumáticas, processos asmáticos e condições circulatórias. Também aumentam a atividade da tireoide24 e melhoram a microcirculação em diabéticos.
Quais são os benefícios das águas termais?
As águas termais são águas aquecidas sob a terra pelo processo de geotermia, que é o calor da própria terra. No caso da geotermia (existe outra forma de aquecimento, através de vulcões), que é responsável por todas as fontes de águas termais no Brasil, a água da chuva penetra o solo em grandes profundidades e vai recebendo calor das rochas. Quanto mais fundo ela vai, maior é sua temperatura e pressão.
Quando atinge um ponto em que a pressão não permite que ela desça mais, elas brotam no solo com temperaturas maiores do que a do corpo humano25 e, em alguns casos, muito mais altas do que isso. Além das altas temperaturas, essas águas possuem também grandes quantidades de minerais como potássio, selênio, cálcio, zinco, cloretos e magnésio, que beneficiam a pele26 e todo o organismo.
As águas termais relaxam os músculos14 e aliviam dores musculares agudas ou crônicas e até dores viscerais; ajudam a tratar alergias e outras doenças cutâneas27; hidratam a pele26 e devolvem sais minerais fundamentais que a pessoa perde durante a transpiração28; auxiliam no tratamento de problemas nas articulações29, como artrites e nevralgias; atuam na diminuição da pressão arterial30 e estimulam a renovação de células31 da pele26, favorecendo o rejuvenescimento.
Veja também sobre "Banho frio faz bem?", "Massagem terapêutica3 e massagem relaxante" e "Retenção de água no organismo".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da University of Szeged e da U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.