Você sabe o que é rutina?
O que é rutina?
A rutina, também conhecida como vitamina1 P, constitui um grupo de compostos vegetais chamados flavonoides. Quando, na década de 1930, foram extraídos pela primeira vez de uma laranja, pensava-se que eram um novo tipo de vitamina1 e chamaram-no de vitamina1 P. Logo depois, percebeu-se que não preenchiam todos os requisitos para uma vitamina1 e, desde então, a denominação de vitamina1 P não é mais usada.
Existem vários tipos de flavonoides encontrados em frutas, vegetais, chá, cacau e vinho. São eles que dão cor às plantas de que derivam, fornecem proteção a elas contra os raios ultravioleta do sol, contra infecções2 e podem oferecer algum benefício à saúde3 humana. No entanto, esses compostos não são essenciais à vida, como são as vitaminas, sem as quais não se consegue viver. A equivocadamente denominada vitamina1 P foi descoberta em 1936 pelo bioquímico húngaro Albert Szent-Gyorgyi.
Os flavonoides, também conhecidos como bioflavonoides, são uma família de compostos vegetais com seis subclasses. Eles existem nas plantas para ajudar a prevenir infecções2, proteger contra o sol e estresses ambientais e atrair insetos para polinização. Eles também são responsáveis pela cor de muitas frutas e vegetais de cores marcantes, como frutas vermelhas, cerejas e tomates. Atualmente, são conhecidos mais de 6.000 flavonoides, distribuídos em seis classes:
- Flavonóis, encontrados na alface, tomate, cebola, couve, maçã, uva, chás e vinho tinto, ligados a muitos benefícios diferentes para a saúde3, incluindo um menor risco de doenças cardíacas.
- Flavonas, algumas vezes usadas também em produtos de beleza; são encontradas em tomates, peras, morangos e trigo.
- Flavanóis, encontrados em frutas como banana, amoras, pêssegos, maçãs e peras.
- Flavanonas, encontradas em todas as frutas cítricas, como laranjas, limões e toranjas; ajudam a tornar as infecções2 mais brandas, atuam como antioxidantes, reduzem o colesterol4 e favorecem níveis mais baixos de gordura5 no sangue6.
- Isoflavonas, encontradas principalmente em leguminosas e soja e, menos comumente, em outras plantas. Algumas são consideradas fitoestrogênios, uma forma de estrogênio que pode ser obtido dos alimentos.
- Antocianidinas, presentes numa grande variedade de frutas e vegetais, como uvas vermelhas, framboesas, morangos, amoras, mirtilos e amora silvestre. A cor dessas frutas vermelhas, roxas e azuis vem das antocianinas.
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Usos terapêuticos da rutina
Os flavonoides não são considerados nutrientes essenciais. Isso significa que o corpo não precisa deles para crescer ou se desenvolver, mas comer alimentos ricos em flavonoides pode ajudar a diminuir o risco de certas doenças crônicas.
Ainda não se conhece todos os benefícios que os flavonoides podem proporcionar à saúde3, mas já se sabe que alguns benefícios potenciais incluem efeitos antioxidantes. O corpo produz radicais livres, moléculas instáveis que podem danificar as células8. Esse dano pode levar à inflamação9 e contribuir para outros problemas como câncer10 e doenças cardíacas.
A inflamação9 tem sido implicada como uma possível origem de inúmeras doenças locais e sistêmicas como câncer10, distúrbios cardiovasculares, diabetes mellitus11 e doença celíaca. Os flavonoides demonstraram ter efeitos antioxidantes, que ajudam a neutralizar os radicais livres, podendo ser úteis na prevenção de doenças crônicas, embora o corpo não os absorva tão bem quanto outros antioxidantes como a vitamina1 C, por exemplo. Eles também podem agir na prevenção de doenças cardíacas, diminuindo o risco delas.
Sua atividade antioxidante, além de atuar contra a inflamação9, ajuda a diminuir a pressão arterial12. Os flavonoides também reduzem o risco de diabetes tipo 213, melhorando a forma como o corpo digere os carboidratos e usa a glicose14.
Quanto ao cérebro15, os flavonoides agem diminuindo a inflamação9 e protegendo o sistema vascular16 que o irriga. Uma revisão recente sugeriu que a ingestão dietética de flavonoides está associada a um risco reduzido de diferentes tipos de câncer10, incluindo câncer10 gástrico, de mama17, de próstata18 e colorretal. Estudos observacionais e ensaios clínicos19 sobre os cânceres hormônio20-dependentes (mama17 e próstata18) mostraram benefícios dos flavonoides.
Embora nenhuma associação significativa tenha sido encontrada entre a ingestão de flavonoides e a mortalidade21 por doença cardiovascular, os ensaios clínicos19 mostraram melhora da função endotelial e redução da pressão arterial12.
Enfim, a pesquisa sobre flavonoides é promissora, mas ainda é cedo para determinar todos os seus valores em relação à saúde3. Embora eles não sejam essenciais para a saúde3 como as vitaminas, podem ser encontrados em muitas frutas e vegetais bons para o corpo. É sabido que uma boa alimentação desempenha um papel importante na saúde3 do coração22 e no risco geral de doenças.
Como ingerir flavonoides: dieta ou suplementos?
Ainda que a pessoa possua uma dieta rica em frutas e vegetais, não há necessariamente uma riqueza de flavonoides em seu organismo. O preparar e armazenar os alimentos faz com que eles percam alguns flavonoides. As frutas e legumes que precisam ser descascadas ou cozidas para serem comidas resultam em perda de flavonoides, assim como as cebolas guardadas fora da geladeira. Também fatores ambientais, como qualidade do solo e amadurecimento, devem ser levados em consideração.
Para aquelas pessoas que não têm muita ingestão de frutas e vegetais, existem inúmeros suplementos de flavonoides no mercado. A boa notícia é que não há efeitos adversos associados à alta ingestão deles e a má notícia é que tomar suplementos de flavonoides não é o mesmo que obtê-los naturalmente de frutas e vegetais, já que os alimentos possuem outras vitaminas e nutrientes que ajudam na absorção de flavonoides.
Ao optar por suplementos de flavonoides, é importante escolher ofertas de alta qualidade que tenham sido testados quanto à pureza. Mesmo monitorados pela vigilância sanitária dos países que os preparam, eles não são tão estritamente regulamentados quanto os produtos farmacêuticos, o que significa que nem sempre são absolutamente seguros e eficazes.
Outra má notícia é que a relativa falta de risco é devido à sua baixa biodisponibilidade. Isso pode explicar porque os flavonoides são antioxidantes incríveis em tubos de ensaio e muito menos no corpo humano23. Além disso, alguns estudos lançam dúvidas sobre se os suplementos de flavonoides são realmente inofensivos.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Revista Médica de Minas Gerais e da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.