Desidratação: conceito, causas, fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, prevenção, evolução e complicações
O que é desidratação1?
O corpo humano2 conta normalmente com certa percentagem de água, variável com a idade, a qual é mantida mais ou menos fixa por mecanismos biológicos de ingesta e descarte. O corpo é capaz de monitorar automaticamente a quantidade de água de que necessita e providenciar a conservação do nível ótimo de hidratação, seja pelo mecanismo da sede, que leva à ingesta de água, seja pela ação dos hormônios antidiuréticos, que limitam a quantidade de água perdida através da urina3. Entre o nascimento e os dois anos de idade, o percentual de água no corpo humano2 varia de 75 a 80%; entre os 20 e 40 anos é de cerca de 60% e daí em diante o corpo continua se “desidratando” progressivamente.
A percentagem de água varia também nos diversos órgãos do corpo humano2: 86% no fígado4; 81% no sangue5; 75% no cérebro6, coração7 e ossos de uma pessoa adulta jovem. Normalmente, o corpo do homem contém um pouco mais de água que o da mulher.
A água necessária ao organismo é reposta pela ingesta oral do próprio líquido ou de bebidas como chás, sucos, refrigerantes, soluções salinas, etc (cerca de 47% do total) e de alimentos de diversas naturezas como alface, tomate, melancia, melão, abacaxi, laranja e outros. Boa parte dela (cerca de 14% do total) é absorvida pela respiração celular. Mesmo os alimentos considerados “sólidos” contêm alta percentagem de água. Toda essa água que entra no organismo sai por meio da transpiração8, da respiração ou da urina3 e fezes. Fala-se em desidratação1 quando há alguma alteração nesse equilíbrio e a percentagem de água no organismo cai abaixo do normal.
Quais são as causas da desidratação1?
A desidratação1 ocorre quando a perda de água é maior que a sua reposição. Isso pode acontecer em qualquer pessoa, mas as crianças e os idosos são mais susceptíveis a ela. Geralmente a depleção9 de água se faz acompanhar pela perda de sais minerais nela diluídos, sobretudo sódio e potássio, gerando um desequilíbrio eletrolítico. Em circunstâncias normais, o corpo perde e repõe pela ingestão de dois a três litros de água por dia. Os mecanismos normais de perda são a respiração, a transpiração8, a urina3 e as fezes, alguns dos quais aumentam de intensidade com o calor e o exercício. A desidratação1 leve comumente é provocada pela ingestão insuficiente de líquidos, mas condições anormais como vômitos10, diarreias, febres, excesso de urina3 ou de suor e grandes queimaduras, que implicam em grandes perdas líquidas, podem levar a deficiências exageradamente anormais de água e de eletrólitos11.
Qual é a fisiopatologia12 da desidratação1?
A água retida no organismo fica acumulada no interior dos vasos, nos espaços intercelulares dos tecidos e no interior das células13. Em certa medida, quando o organismo perde água da corrente sanguínea, o corpo compensa essas perdas transferindo água dos espaços intercelulares e do interior das células13 para os vasos, mas isso é um recurso limitado e o corpo passa logo a sentir as consequências da desidratação1. Dependendo da relação entre a perda de água e de eletrólitos11, a desidratação1 é chamada isotônica14, hipertônica15 ou hipotônica16.
- Desidratação1 isotônica14: a água e os sais minerais são perdidos em proporções equivalentes às que existem no organismo. Isso acontece nos vômitos10 e diarreias, por exemplo, nos quais não se produz uma transferência de água do meio intracelular para fora das células13. Frequentemente, é o tipo de desidratação1 encontrada em crianças pequenas.
- Desidratação1 hipertônica15: a perda de água é proporcionalmente maior que a perda de eletrólitos11, como ocorre na falta de ingestão de água, sudação17 excessiva, diurese18 osmótica19 e uso de diuréticos20. Nesses casos há transferência de água intracelular para os espaços extracelulares. É comum em diabéticos e em algumas crianças com diarreia21.
- Desidratação1 hipotônica16: também chamada de hiponatremia22. Proporcionalmente são perdidos mais sais que água, como nos casos de transpiração8 muito elevada, perdas gastrointestinais ou quando a reposição é feita só com água, sem sais. Nesse caso, ocorrerá transferência de líquido extracelular para dento da célula23. Ocorre em alguns casos pediátricos com diarreias.
Quais são os principais sinais24 e sintomas25 da desidratação1?
A desidratação1 leve pode ocasionar sede, dores de cabeça26, fraqueza, tonteiras, fadiga27 e sonolência. A desidratação1 moderada inclui boca28 seca, diminuição da diurese18, moleza, batimentos cardíacos acelerados e falta de elasticidade29 da pele30. A desidratação1 grave geralmente cursa com sede intensa, anúria31 (ausência de urina3), respiração rápida, alteração do estado mental, pele30 fria e úmida. A desidratação1 pode levar também à diminuição do desempenho físico e cognitivo32 e a alterações no funcionamento termorregulador e cardiovascular.
Como o médico diagnostica a desidratação1?
Além da constatação da ingesta insuficiente ou da perda elevada de líquidos, certos sinais24 são indicadores de desidratação1, como secura da boca28 e das mucosas33, perda da turgência34 da pele30, secura nos olhos35, aumento da temperatura corporal, perda de elasticidade29 da pele30, afundamento das fontanelas36 em bebês37, etc.
Como o médico trata a desidratação1?
Em situações especiais, quando já há desidratação1 acentuada ou a possibilidade dela, a água ou as soluções aquosas salinas e/ou energéticas podem ser repostas diretamente pela veia.
Como prevenir a desidratação1?
- Tomar bastante água (dois litros ou mais a cada dia), principalmente no período do calor e quando a pessoa faz atividades físicas intensas com grande transpiração8.
- Corrigir o mais prontamente possível os mecanismos anormais de perdas de líquido, como febres, vômitos10, diarreias, etc.
- Na medida do possível, evitar o calor excessivo e a exposição excessiva ao sol.
Como evolui a desidratação1?
A desidratação1 grave é uma situação potencialmente fatal e por isso exige uma intervenção médica de urgência38. A resposta terapêutica39, na maioria das vezes, é muito boa e rápida.
Quais são as complicações da desidratação1?
A desidratação1 hipotônica16 não corrigida pode levar ao edema40 cerebral e à morte. As desidratações que implicam perdas de mais de 10% do peso corporal podem ser fatais. As desidratações crônicas aumentam os riscos de infecções41, sobretudo de infecções41 urinárias. Pode ocorrer insuficiência renal42, mas ela sempre é reversível se for decorrente apenas da desidratação1 e se for tratada precocemente. A diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro6 pode causar confusão mental e afetar a coordenação.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic, da Mayo Clinic e da Harvard Health Publishing (Harvard Medical School).
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.