Sobre o uso de testosterona
O que é a testosterona?
A testosterona é o principal hormônio1 sexual masculino e um esteroide anabolizante. Ela desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de tecidos reprodutores masculinos, como os testículos2 e a próstata3, bem como na promoção de características sexuais secundárias, como o aumento da massa muscular, aumento e maturação dos ossos e o crescimento de pelos corporais. Além disso, a testosterona está envolvida na saúde4 e bem-estar das pessoas e na prevenção da osteoporose5.
A testosterona é sintetizada principalmente nos testículos2 masculinos e em menor quantidade pelos ovários6 femininos em várias etapas a partir do colesterol7. Ela é convertida no fígado8 para metabólitos9 inativos.
O uso da testosterona pelas mulheres
Cerca de 40% da população feminina de meia idade sofre de dor, desconforto, falta de excitação e de libido10 e dificuldade para chegar ao orgasmo como parte de uma disfunção sexual devida à baixa de testosterona. A deficiência de testosterona nas mulheres tem implicações diretas tanto na disfunção sexual como na diminuição do desejo sexual. Mas, para iniciar a terapia com testosterona, a paciente deve passar por uma entrevista com um médico, que avaliará sua saúde4 e vida sexual, além de fazer um exame físico detalhado.
O uso da testosterona por período curto, de até 3 anos, parece ser seguro em pacientes previamente sadias, do ponto de vista hormonal. Contudo, não há estudos sobre segurança do uso desse hormônio1 por períodos mais longos. Diversas hipóteses de possíveis riscos são levantadas: riscos vinculados a eventos tromboembólicos, hepatopatias e possibilidade do surgimento de alguns tipos de câncer11.
Estudos analisando os riscos do uso da testosterona e desenvolvimento de câncer11 de mama12, de endométrio13 e de ovário14 não associaram o hormônio1 à maior incidência15 desses tipos de câncer11. Contudo, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) adverte que ainda não há respaldo científico que assegure a prescrição de testosterona por períodos longos.
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O uso da testosterona pelos homens
Uma vez que os níveis de testosterona diminuem gradualmente à medida que os homens envelhecem, a testosterona sintética costuma ser prescrita como reposição para homens mais velhos, para neutralizar essa deficiência. No caso do sexo masculino, a SBEM informa que o uso da testosterona só é aprovado no Brasil para o tratamento de hipogonadismo masculino e, por curto prazo, para recuperação de quadros de caquexia16. O uso indevido para ganho de massa muscular é considerado doping em atletas profissionais e ilegal em amadores, e não deve ser feito.
Qual é a atuação fisiológica17 da testosterona?
A testosterona, assim como os demais andrógenos18, promove a síntese proteica e, assim, o crescimento de tecidos com receptores androgênicos19. Ela é descrita como uma substância que tem efeitos virilizantes e anabolizantes. Os efeitos anabolizantes incluem crescimento de massa muscular e força, aumento da densidade óssea e estimulação do crescimento linear e maturação óssea. Os efeitos androgênicos19 incluem maturação dos órgãos sexuais, formação do escroto20 no feto21, engrossamento da voz após o nascimento e crescimento dos pelos faciais e axilares.
Os efeitos da testosterona antes do nascimento incluem a virilização genital, o desgaste escrotal, a rugosidade e o alargamento do pênis22 e o desenvolvimento da próstata3 e das vesículas seminais23. Durante o segundo trimestre da gravidez24, está associada à formação de gênero, afetando a feminização ou masculinização do feto21. O nível de testosterona da mãe durante a gravidez24 está correlacionado com o sexo e comportamento psicológico do filho.
Os efeitos andrógenos18 durante a infância são pouco significativos e pouco estudados. Antes da puberdade há um pequeno aumento nos níveis de andrógenos18, tanto em meninos quanto em meninas. Os efeitos puberais começam a ocorrer quando os níveis de andrógenos18 aumentam. Os efeitos então incluem, além de várias outras alterações, crescimento do tecido25 espermatogênico e da fertilidade masculina, aumento do pênis22 ou clitóris, aumento da libido10 e da frequência de ereções ou ingurgitação do clitóris. Há aumento da força e da massa muscular e os pelos púbicos se estendem até as coxas26.
Na fase adulta, os efeitos da testosterona são mais claros em homens do que em mulheres, mas provavelmente são igualmente importantes para ambos os sexos. A testosterona é necessária para o desenvolvimento normal do esperma27 e ativa genes nas células de Sertoli28, que promovem a diferenciação da espermatogônia29. Ela regula a resposta aguda do eixo hipotálamo30-hipofisário.
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Efeitos da testosterona na saúde4 humana em geral
A testosterona não parece aumentar o risco de desenvolver câncer11. Resultados conflitantes foram obtidos quanto à importância da testosterona na manutenção da saúde4 cardiovascular. No entanto, a manutenção de níveis normais de testosterona em homens idosos mostrou reduzir o risco de doença cardiovascular, aumentar a massa corporal magra, diminuir a massa gorda32 visceral, diminuir o colesterol7 total e melhorar o controle glicêmico. Os altos níveis do andrógeno33 estão associados a irregularidades do ciclo menstrual em mulheres saudáveis.
Níveis insuficientes de testosterona nos homens podem levar a anormalidades, incluindo fragilidade e perda óssea. Os homens podem experimentar uma variedade de sintomas34 se a testosterona diminuir mais do que deveria. Os níveis normais devem ficar entre 300 e 1.000 ng/dL (nanogramas por decilitro). Os sinais35 de testosterona baixa são sutis e frequentemente passam desapercebidos. Entre outros, os sinais35 são: baixo desejo sexual, dificuldade com ereção36, baixo volume de sêmen37, queda de cabelo38, fadiga39, perda de massa muscular, aumento da gordura40 corporal, diminuição da massa óssea, mudanças de humor, memória afetada e menor tamanho dos testículos2.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.