Reposição hormonal com hormônios bioidênticos
O papel dos hormônios no organismo
Os hormônios humanos são substâncias químicas fabricadas pelas glândulas endócrinas1 que regulam vários sistemas e funções no corpo. As vias de atuação dos hormônios são mais ou menos as seguintes:
- o cérebro2 manda um sinal3 para as glândulas endócrinas1;
- as glândulas4 lançam seus hormônios na corrente sanguínea;
- os hormônios são endereçados a células5 específicas;
- as mensagens que eles portam são reconhecidas e atuam produzindo efeitos nas funções corporais;
- e, posteriormente, os hormônios sofrem um decréscimo.
As mensagens transmitidas regulam o humor e o sono, ajudam a realizar o metabolismo6 e contribuem para o crescimento e desenvolvimento da pessoa, entre muitas outras funções. Como os hormônios realizam atividades críticas nos processos corporais, mesmo variações ligeiras nos níveis sanguíneos deles, chamados de desbalanços hormonais, podem causar problemas sérios.
Certos estágios da vida, como a menopausa7 e a gravidez8, podem causar desbalanços fisiológicos, mas várias outras condições podem causá-los patologicamente. Assim temos que:
- baixos níveis de estrogênio podem resultar de exercícios excessivos, problemas alimentares ou das glândulas4 pituitárias ou dos ovários9;
- o desbalanço da testosterona, comumente identificada como o hormônio10 masculino, causa ganho de peso, diminuição da libido11, insônia e memória prejudicada;
- nas mulheres, o aumento da testosterona pode engrossar a voz e produzir crescimento de cabelos e pelos no corpo;
- a tiroxina ajuda na sensação de bem-estar físico e psicológico e pode afetar o humor, os ciclos de sono, os níveis de energia, o apetite e o peso corporal, além de algumas funções musculares;
- o cortisol controla o estresse físico e psicológico, aumenta a energia e disposição para a realização de atividades, além de atuar no mecanismo de luta e fuga; etc.
Leia sobre "Insônia: como dormir melhor", "Climatério12 e menopausa7" e "Trombose venosa profunda13".
Por que repor hormônios?
Os desbalanços dos hormônios aumentam com a idade e podem causar sintomas14 que interferem muito com a vida diária. Os níveis de certos hormônios no corpo, como os estrogênios, a progesterona e a testosterona, diminuem com a idade, causando sintomas14 incômodos como:
- ondas de calor;
- suores noturnos;
- ressecamento vaginal;
- perda do interesse sexual;
- problemas de sono;
- falta de energia e fadiga15;
- ganho de peso;
- flutuações do humor;
- perda da memória;
- confusão mental.
Este é o caso, por exemplo, das mulheres que experimentam sintomas14 na perimenopausa e/ou menopausa7. Em casos como esses, os hormônios devem ser artificialmente repostos. Uma vez que os níveis hormonais tenham sido restabelecidos, muitas pessoas sentem melhora de seus sintomas14.
Algumas características clínicas da reposição hormonal
A expectativa de vida16 do brasileiro vem aumentando e, com isso, o crescimento do número de idosos nos consultórios médicos. Cada vez mais, eles se deparam com questões relacionadas às terapias contra o envelhecimento, e a reposição hormonal é uma delas.
Uma dessas situações é representada pela maioria das mulheres que experimentam um desequilíbrio hormonal ao entrarem na menopausa7. A diminuição dos níveis hormonais nessa fase da vida coloca as mulheres em maior risco de uma variedade de doenças autoimunes17 e de câncer18 e afeta negativamente sua saúde19 e bem-estar geral.
No passado, sintomas14 como diminuição dos níveis de energia, depressão, perda de memória, diminuição do desejo sexual, irritabilidade e uma série de outros sintomas14 eram considerados parte normal do processo de envelhecimento. Hoje, a realidade mudou e as mulheres não precisam mais aceitar a diminuição da qualidade de vida que vem da perda hormonal.
A terapia de reposição hormonal, embora contestada por alguns médicos, as ajuda a se manterem ativas à medida que envelhecem.
Benefícios e riscos das reposições hormonais
O maior benefício advindo da reposição hormonal é a redução dos sintomas14 decorrentes da diminuição ou da falta dos hormônios. Contudo, as mulheres que fazem reposição hormonal na menopausa7 têm um risco aumentado de formação de coágulos sanguíneos, acidente vascular cerebral20 e doença da vesícula biliar21. Se usarem a terapia hormonal por um longo período, aumentam muito o risco de doenças cardíacas e câncer18 de mama22.
De qualquer maneira, a terapia hormonal não deve ser indicada para pessoas que se considerem em risco dessas doenças.
Veja também sobre "Ondas de calor da menopausa7 ou Fogachos", "Queda da libido11" e "Disfunção erétil".
A reposição hormonal com hormônios bioidênticos
Os hormônios bioidênticos são substâncias hormonais artificiais que possuem exatamente a mesma estrutura química e molecular encontrada nos hormônios produzidos no corpo humano23. Eles são usados em pessoas cujos níveis dos próprios hormônios estão baixos ou desbalanceados.
Embora muitos médicos defendam que os hormônios bioidênticos sejam a chave para reduzir o processo de envelhecimento do corpo de maneira natural, nada está comprovado cientificamente e as pessoas devem tomar cuidado com tais promessas.
Essa questão parece nova, mas não é. Quando o médico prescreve tiroxina, estradiol, progesterona natural, testosterona, hormônio10 do crescimento e outros, está receitando hormônios bioidênticos, no sentido de que são hormônios cuja fórmula molecular é igual a dos produzidos pelo corpo humano23.
A meta da terapia com os hormônios bioidênticos é repor os hormônios em falta. Eles, de fato, podem ajudar as pessoas que experimentam sintomas14 devidos à baixa de hormônios naturais. A terapia com hormônios bioidênticos usa hormônios processados que vem de plantas, como o estrogênio, progesterona e testosterona, que são os bioidênticos mais usados. Em geral, vigora a ideia de que os produtos feitos de plantas são mais “naturais” e, assim, mais saudáveis. Contudo, essa crença carece de confirmação científica segura.
Algumas formas de hormônios bioidênticos são dispensadas por companhias farmacêuticas, mas outras são manipuladas em farmácias a partir de prescrições médicas e, assim, não passam pelo controle das agências sanitárias a respeito de sua pureza, segurança e doses. Há riscos em tomar os hormônios manipulados, mas, em alguns casos, eles podem ser a melhor escolha.
Contudo, não há evidências de que os hormônios bioidênticos sejam iguais aos hormônios convencionais. Muitos médicos acreditam que uso deles é mais seguro do que a terapia hormonal tradicional, mas também não há pesquisas que mostrem evidências disso. Outros médicos não os usam porque ainda não são conhecidas extensamente a sua segurança e seus efeitos de longo prazo.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, da Cleveland Clinic e da U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.