Reposição de testosterona: riscos e benefícios
O que é a testosterona?
A testosterona é o principal hormônio1 sexual masculino e um potente esteroide anabolizante. Ela desempenha um papel fundamental no organismo de seres humanos e animais, tanto nos indivíduos do sexo masculino quanto do feminino, embora seja de maior importância para os homens. Nas mulheres, a testosterona existe em bem menor quantidade que nos homens.
Nos homens, a testosterona é produzida principalmente nas células de Leydig2, no interior dos testículos3, e em pequena quantidade pelas glândulas4 suprarrenais; nas mulheres ela é produzida nos ovários5 e nas glândulas4 adrenais. Nos meninos, normalmente, essa produção é baixa antes da puberdade e sofre um grande incremento a partir daí, sob estimulação do hipotálamo6.
Quais são funções orgânicas da testosterona?
A testosterona tem mais de 200 funções no organismo, as quais se alteram significativamente conforme os níveis desse hormônio1 se modificam para mais ou para menos. As principais funções da testosterona são promover a masculinização (efeito androgênico7) e a síntese de moléculas complexas a partir de moléculas mais simples (efeito anabólico), contribuindo para aumentar a massa muscular.
Nos homens, na puberdade, a testosterona opera diversas mudanças físicas e mentais, marcando a transição da vida infantil para a adulta:
- aumenta a gravidade da voz e o crescimento do pênis8 e de outras características masculinas, como a barba e a distribuição de pelos;
- desenvolve o desejo e o prazer sexual;
- responde pela produção de espermatozoides9;
- gera sensação de maior energia;
- influencia na distribuição da gordura10 corporal;
- incrementa a função de cognição11;
- contribui para formação mais acentuada de músculos12 e ossos;
- é responsável por variações do humor.
Nas mulheres, funções correspondentes serão exercidas pelos hormônios estrogênicos, mas a progesterona também terá um papel muito importante para o bom funcionamento de várias funções do organismo, tais como função ovariana, crescimento, força óssea e aumento da libido13, entre outras.
Veja sobre "Impotência14 sexual", "Hiperplasia15 benigna da próstata16" e "Câncer17 de próstata16".
Quais são as consequências do déficit de testosterona?
Os níveis normais de testosterona nas pessoas adultas variam grandemente, sob a influência de diversos fatores como herança genética, idade, obesidade18, tabagismo, etc., mas geralmente ficam entre 300 e 900 ng/dL (nanogramas por decilitro) nos homens e entre 15 e 70 ng/dL nas mulheres.
Valores abaixo desses podem significar déficit de testosterona devido a uma diminuição da produção do hormônio1. Nos homens, isso pode ser devido a danos no testículo19, como o câncer17 testicular, por exemplo, ou pode ser em consequência de doenças hepáticas20, diabetes21 do tipo 2 e obesidade18.
Os principais sintomas22 da diminuição de testosterona nos homens são, entre outros:
- redução dos pelos corporais e faciais;
- baixo interesse sexual;
- disfunção erétil;
- cansaço fora do normal;
- mudanças significativas no humor;
- perda de massa muscular;
- aumento do tamanho das mamas23;
- gordura10 corporal acumulada;
- ondas de calor;
- aumento de peso;
- deficiências do poder de cognição11;
- mal funcionamento do coração24;
- alterações da constituição óssea e da formação muscular;
- intolerância glicose25;
- aumento do risco de doenças cardiovasculares26.
Nas mulheres com testosterona baixa também podem ocorrer problemas na saúde27, como:
- depressão;
- baixa da libido13;
- problemas na concentração;
- lentidão;
- fraqueza muscular;
- fadiga28;
- distúrbios do sono;
- diminuição da satisfação sexual;
- ganho de peso;
- questões de fertilidade;
- ciclos menstruais irregulares;
- secura vaginal;
- perda de densidade óssea (osteoporose29) e, consequentemente, maior risco de fraturas.
Quais são os riscos e benefícios da reposição de testosterona?
A reposição de testosterona visa compensar a deficiência de produção dela, que mais frequentemente diminui com o avanço da idade. A terapia de reposição hormonal com testosterona é a forma mais utilizada no tratamento dos homens com déficit desse hormônio1 e tem como objetivo restabelecer os níveis normais.
Nas academias de ginástica, ela costuma ser aconselhada aos fisiculturistas como capaz de incentivar a criação de músculos12. No entanto, isso deve sempre ser feito com orientação médica, porque seu uso ou reposição tanto implica em benefícios quanto em riscos.
Os benefícios de ordem geral da reposição consistem na redução ou eliminação dos sintomas22 causados pelo déficit do hormônio1, criando uma libido13 e desejo sexual mais fortes, melhoria da disfunção erétil e, nas mulheres, uma diminuição das ondas de calor e/ou suores noturnos que ocorrem na menopausa30, menos secura vaginal e capacidade de ter relações sexuais sem dor.
Mais especificamente estão, ainda, o aumento da capacidade metabólica e a facilidade para emagrecer, ganho de força e massa muscular, melhora da resistência física, melhora da saúde27 óssea, da saúde27 emocional e da atividade cardíaca. Além disso, a reposição de testosterona proporciona melhor funcionamento cognitivo31, maior produção de glóbulos vermelhos e melhor função do sistema imunológico32.
O tempo que esses benefícios demoram para aparecer pode variar muito, porque a fisiologia33 de cada pessoa é singular. Além disso, diferentes tipos de benefícios levam diferentes tempos para aparecer. Esse tempo médio é de cerca de 3 a 4 meses, embora alguns possam surgir bem mais rapidamente (3-4 semanas), e outros possam demorar até 12 meses.
Os riscos gerais da reposição testosterona são uma sobrecarga da medula óssea34, do fígado35, do coração24 e dos rins36, afetando negativamente o funcionamento desses órgãos. A reposição envolve também alguns efeitos colaterais indesejáveis como ginecomastia37 (aumento das mamas23), por exemplo.
Além desse efeito, a testosterona estimula a proliferação de glândulas sebáceas38 pelo corpo, aumentando o surgimento de acnes, especialmente em pessoas que já têm essa predisposição. A pele39 pode se tornar mais grossa e oleosa e começar a haver aumento da sudorese40, queda de cabelos e aumento dos pelos pelo corpo.
A testosterona pode provocar hipertrofia41 da laringe42 e com isso criar voz grave permanente. No sentido contrário do que se crê, ela pode causar a calvície43 e a diminuição da distribuição de pelos pelo corpo. Ela pode, também, produzir alterações no comportamento individual, levando à instabilidade de humor, com agitação, irritabilidade e aumento da agressividade.
Uma contraindicação absoluta da reposição de testosterona só existe nos casos de câncer17 de mama44 ou de próstata16. Embora não haja comprovação de que a testosterona cause esses problemas, ela pode agravar situações já existentes. As contraindicações relativas, a serem avaliadas pelo médico são, por exemplo, apneia45 do sono, próstata16 aumentada ou policitemia46 (aumento do número de glóbulos vermelhos).
Leia também sobre "Queda de cabelo47", "Calvície43 feminina", "Calvície43 masculina" e "Sobre o uso de testosterona".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Endocrine Society e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.