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Púrpura de Henoch-Schönlein

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O que é a Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

A púrpura1 de Henoch-Schönlein, também conhecida como púrpura1 anafilactoide2, púrpura1 reumática ou vasculite3 IgA, é uma rara vasculite3 que acomete vasos de pequeno calibre na pele4, nas articulações5, nos intestinos6 e nos rins7.

Quais são as causas da Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

Não está claro por que essa inflamação8 inicial se desenvolve; ela pode ser o resultado do sistema imunológico9 respondendo de forma inadequada a certos gatilhos.

Quase metade das pessoas que têm púrpura1 de Henoch-Schönlein desenvolveram essa condição após uma infecção10 respiratória superior, como um resfriado, por exemplo. Outros gatilhos incluem varicela11, infecções12 na garganta13, sarampo14, hepatite15, certos medicamentos e alimentos, picadas de insetos e exposição ao frio.

Qual é o substrato fisiopatológico da Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

Os vasos sanguíneos16 inflamados da púrpura1 de Henoch-Schönlein podem sangrar para o interior da pele4, causando uma erupção17 vermelha escura ou roxa chamada púrpura1, e podem sangrar também no intestino ou nos rins7, ocasionando a presença de sangue18 nas fezes ou na urina19.

Além disso, a púrpura1 de Henoch-Schönlein é caracterizada pela deposição de complexos imunes contendo o anticorpo20 imunoglobulina21 A (IgA) na pele4, no sistema digestivo22 e nos rins7.

Veja sobre "Hemograma", "Coagulograma", "Coagulação23 sanguínea", "Hemorragias24" e "Coagulação23 intravascular25 disseminada".

Quais são as características clínicas da Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

Embora a púrpura1 de Henoch-Schönlein possa surgir em qualquer idade, ela é muito mais frequente nos adolescentes e crianças, principalmente antes dos dez anos de idade.

Os sintomas26 ocorrem principalmente nos membros inferiores e nas nádegas27 e incluem manchas vermelhas arroxeadas nas extremidades inferiores, inchaço28 e dor nas articulações5, dor abdominal ou sangue18 nas fezes ou na urina19. Raramente, os rins7 podem ser afetados com gravidade.

Em síntese, as quatro principais características da púrpura1 de Henoch-Schönlein são:

  1. Manchas roxo-avermelhadas (púrpuras29) que parecem hematomas30 e que, além de se desenvolverem nas nádegas27, pernas e pés, podem aparecer também nos braços, rosto e tronco.
  2. Articulações5 inchadas e doloridas (artrite31), principalmente nos joelhos e tornozelos.
  3. Dor abdominal, náuseas32, vômitos33 e fezes com sangue18.
  4. Afecção34 renal35 que aparece como proteína ou sangue18 na urina19.

Os sintomas26 2 e 3 costumam aparecer antes que a erupção17 cutânea36 aconteça.

Menos de 5% dos casos se tornam crônicos, porém, quase metade dos pacientes sofrem com uma recorrência37 dos sintomas26, principalmente os que tiveram sintomas26 gastrointestinais e articulares.

Como o médico diagnostica a Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

O diagnóstico38 da púrpura1 de Henoch-Schönlein deve partir da história clínica e do exame físico. Segundo o Colégio Americano de Reumatologia, para o diagnóstico38 clínico são necessários pelo menos 2 dos seguintes critérios:

  1. Púrpura1 palpável: púrpuras29 elevadas, não relacionadas à redução de plaquetas39.
  2. Idade de início inferior a 20 anos.
  3. Dor abdominal difusa que piora com as refeições.
  4. Alterações na biópsia40 de pele4.

O médico poderá, então, diagnosticar a condição como púrpura1 de Henoch-Schönlein se a erupção17 cutânea36 clássica, dor nas articulações5 e sintomas26 do trato digestivo estiverem presentes. Se um desses sinais41 e sintomas26 estiver ausente, o médico pode sugerir um exame de sangue18 ou de urina19, para determinar se os rins7 estão funcionando adequadamente. Uma ultrassonografia42 abdominal pode ser útil para descartar outras causas de dor abdominal e verificar possíveis complicações, como obstrução intestinal. Nenhum desses exames isolados pode confirmar a púrpura1 de Henoch-Schönlein, mas alguns deles podem ajudar a descartar outras doenças.

Por fim, pode ser feita uma biópsia40 no órgão afetado, geralmente a pele4. Em caso de comprometimento renal35 grave, pode ser pedida também uma biópsia40 de rim43.

Como o médico trata a Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

A maioria dos pacientes obtém resolução completa dos sintomas26 apenas com repouso, reposição de líquidos e analgésicos44. Cerca de 15 a 20% dos casos precisam de hemodiálise45, em virtude de danos renais severos.

O uso de corticosteroides no tratamento e prevenção de complicações da púrpura1 de Henoch-Schönlein é controverso. No caso de obstrução intestinal, uma cirurgia abdominal pode ser necessária.

Como evolui a Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

Adequadamente monitorada, a púrpura1 de Henoch-Schönlein resolve-se por si mesma dentro de dias ou semanas. Apenas os eventuais transtornos renais requerem obrigatoriamente assistência médica mais detalhada. Esses transtornos costumam desaparecer junto com a doença, mas podem se tornar permanentes.

Quais são as complicações possíveis com a Púrpura1 de Henoch-Schönlein?

Em cerca de um terço dos casos, a doença pode retornar poucas semanas depois. Em um de cada mil casos pode ocorrer danos renais irreversíveis, que é a complicação mais temida da púrpura1 de Henoch-Schönlein. Às vezes, o problema é tão sério que chega a necessitar de hemodiálise45 ou mesmo de transplante renal35. Em casos raros, pode ocorrer obstrução intestinal por intussuscepção (uma condição em que uma porção do intestino entra dentro de outra seguinte, à maneira de um telescópio).

Leia também sobre "Plaquetas39 baixas", "Coagulopatias", "Anemia hemolítica46" e "Arterites".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2023. Púrpura de Henoch-Schönlein. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1460835/purpura-de-henoch-sch-ouml-nlein.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Púrpura: Lesão hemorrágica de cor vinhosa, que não desaparece à pressão, com diâmetro superior a um centímetro.
2 Anafilactoide: Diz-se de reação semelhante à da anafilaxia, porém sem participação de imunoglobulinas.
3 Vasculite: Inflamação da parede de um vaso sangüíneo. É produzida por doenças imunológicas e alérgicas. Seus sintomas dependem das áreas afetadas.
4 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
5 Articulações:
6 Intestinos: Seção do canal alimentar que vai do ESTÔMAGO até o CANAL ANAL. Inclui o INTESTINO GROSSO e o INTESTINO DELGADO.
7 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
8 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
9 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
10 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
11 Varicela: Doença viral freqüente na infância e caracterizada pela presença de febre e comprometimento do estado geral juntamente com a aparição característica de lesões que têm vários estágios. Primeiro são pequenas manchas avermelhadas, a seguir formam-se pequenas bolhas que finalmente rompem-se deixando uma crosta. É contagiosa, mas normalmente não traz maiores conseqüências à criança. As bolhas e suas crostas, se não sofrerem infecção secundária, não deixam cicatriz.
12 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
14 Sarampo: Doença infecciosa imunoprevenível, altamente transmissível por via respiratória, causada pelo vírus do sarampo e de imunidade permanente. Geralmente ocorre na infância, mas pode afetar adultos susceptíveis (não imunes). As manifestações clínicas são febre alta, tosse seca persistente, coriza, conjuntivite, aumento dos linfonodos do pescoço e manchas avermelhadas na pele. Em cerca de 30% das pessoas com sarampo podem ocorrer complicações como diarréia, otite, pneumonia e encefalite.
15 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
16 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
17 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
18 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
19 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
20 Anticorpo: Proteína circulante liberada pelos linfócitos em reação à presença no organismo de uma substância estranha (antígeno).
21 Imunoglobulina: Proteína do soro sanguíneo, sintetizada pelos plasmócitos provenientes dos linfócitos B como reação à entrada de uma substância estranha (antígeno) no organismo; anticorpo.
22 Sistema digestivo: O sistema digestivo ou digestório realiza a digestão, processo que transforma os alimentos em substâncias passíveis de serem absorvidas pelo organismo. Os materiais não absorvidos são eliminados por este sistema. Ele é composto pelo tubo digestivo e por glândulas anexas.
23 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
24 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
25 Intravascular: Relativo ao interior dos vasos sanguíneos e linfáticos, ou que ali se situa ou ocorre.
26 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
27 Nádegas:
28 Inchaço: Inchação, edema.
29 Púrpuras: Lesões hemorrágicas de cor vinhosa, que não desaparecem à pressão, com diâmetro superior a um centímetro.
30 Hematomas: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia.
31 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
32 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
33 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
34 Afecção: Qualquer alteração patológica do corpo. Em psicologia, estado de morbidez, de anormalidade psíquica.
35 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
36 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
37 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
38 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
39 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
40 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
41 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
42 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
43 Rim: Os rins são órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
44 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
45 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
46 Anemia hemolítica: Doença hereditária que faz com que os glóbulos vermelhos do sangue se desintegrem no interior dos veios sangüíneos (hemólise intravascular) ou em outro lugar do organismo (hemólise extravascular). Pode ter várias causas e ser congênita ou adquirida. O tratamento depende da causa.
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