Esferocitose hereditária - conceito, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução
O que é esferocitose hereditária?
A esferocitose hereditária é uma condição genética rara, caracterizada por alterações na membrana das hemácias1, fazendo com que essas células2 adquiram uma forma esférica, em vez de manterem sua forma discoide normal. Com isso, elas ficam também mais vulneráveis à destruição pelo baço3 e por isso a esferocitose hereditária é considerada uma anemia hemolítica4.
Na esferocitose hereditária e na anemia hemolítica4 autoimune5, a totalidade dos glóbulos vermelhos e não apenas parte deles é constituída por esferócitos6.
Quais são as causas da esferocitose hereditária?
A esferocitose hereditária é causada por defeitos das proteínas7 estruturais da membrana dos eritrócitos8. A condição é hereditária dominante em 75% das pessoas. Embora, em geral, um ou mais membros da família tenham sintomas9, muitas gerações podem ser poupadas da doença em razão das variações do grau de penetração dos genes.
Qual é o substrato fisiopatológico da esferocitose hereditária?
Na esferocitose hereditária, a superfície da membrana da célula10 é diminuída em relação ao conteúdo intracelular devido à perda de proteínas7 associadas à membrana das células2. Isso as faz assumir a forma esférica, o que dificulta a flexibilidade necessária para a célula10 atravessar a microcirculação do baço3, onde elas ficam retidas e são destruídas com mais facilidade.
Portanto, na esferocitose hereditária o sangue11 se torna constituído por glóbulos vermelhos que perderam sua forma bicôncava característica e passaram a possuir uma forma esférica (esferócitos6). Essa forma redonda, então, faz com que eles fiquem mais expostos a uma destruição prematura e à consequente anemia12. Os eritrócitos8 (glóbulos vermelhos do sangue11) assim transformados são menores que os glóbulos vermelhos normais e por isso portam uma menor carga de hemoglobina13.
Veja sobre "Anemia falciforme14", "Anemia ferropriva15", "Anemia12 na gravidez16" e "Hiperesplenismo".
Quais são as características clínicas da esferocitose hereditária?
A esferocitose hereditária é uma doença que acompanha a pessoa desde o nascimento, mas que pode evoluir com sinais17 e sintomas9 que costumam ser tão leves que nem chegam a ser percebidos. A anemia12 pode estar tão bem compensada que não é reconhecida até que alguma virose intercorrente diminua transitoriamente a produção de eritrócitos8, causando uma crise aplástica (produção insuficiente de células sanguíneas18). Esses episódios podem ser autolimitados e desaparecerem com a solução da infecção19, enquanto outros exigem tratamento urgente.
Dessa forma, em alguns casos pode haver manifestação de sintomas9 mais intensos e em outros eles podem ser percebidos de maneira mais branda, por exemplo:
- palidez;
- cansaço;
- icterícia20;
- aumento do tamanho do baço3;
- e alterações do desenvolvimento.
É comum que a colelitíase21 (cálculos na vesícula22) seja o sintoma23 inicial de apresentação.
A gravidade do quadro da esferocitose hereditária está relacionada ao tipo e tamanho do distúrbio da membrana, que são determinados geneticamente.
Como o médico diagnostica a esferocitose hereditária?
O diagnóstico24 de esferocitose hereditária começa pela tomada da história clínica, que revelará os sintomas9 e o histórico familiar do paciente, e seguirá com base nos dados clínicos, parâmetros hematológicos, percentagem de reticulócitos, dosagem de bilirrubina25 e esfregaço de sangue11 periférico que apresentará muitos esferócitos6 e reticulócitos.
O exame de sangue11 revelará diversos esferócitos6, geralmente com anisocitose26 (células2 de tamanhos diferentes), em decorrência do aumento de reticulócitos maiores ou por deficiência de vitamina27 B12 e ácido fólico.
Como o médico trata a esferocitose hereditária?
A esferocitose hereditária não tem cura. Os tratamentos se concentram em aliviar os sintomas9 e prevenir complicações. Quando o quadro é muito leve, nem sequer demanda tratamento. Para casos um pouco mais graves, algumas opções de tratamento incluem:
- Transfusões de sangue11, para fornecerem glóbulos vermelhos saudáveis para o paciente, aliviando os sintomas9 da doença.
- Esplenectomia, para desacelerar a destruição dos glóbulos vermelhos defeituosos.
- Suplementação28 de ácido fólico, visando ajudar na produção de glóbulos vermelhos saudáveis.
- Tratamento de suporte, que pode incluir medidas para aliviar a icterícia20, a fadiga29 e outros sintomas9 da doença, como tratamento de infecções30 ou complicações, se ocorrerem.
A esplenectomia é o único tratamento específico da esferocitose hereditária, mas só deve ser indicada para os pacientes com hemólise31 intensa ou complicações sintomáticas intensas, como cólica biliar ou crise aplástica persistente.
Como evolui a esferocitose hereditária?
A maioria das pessoas com esferocitose hereditária herdou a condição de um dos pais que também possui a doença e pode transmiti-la aos filhos. A gravidade dos sintomas9 da esferocitose hereditária pode variar de pessoa para pessoa, de modo que alguns indivíduos podem ser assintomáticos enquanto outros apresentarão sintomas9 graves.
Quais são as complicações possíveis com a esferocitose hereditária?
Uma das complicações mais comuns na esferocitose hereditária, além da anemia12, é o desenvolvimento de cálculos biliares de bilirrubina25. A probabilidade de colelitíase21 está diretamente relacionada com a idade do paciente: é incomum antes dos dez anos, mas está presente em, pelo menos, metade dos adultos, particularmente aqueles com doença hemolítica mais grave.
Leia também sobre "Anemia12 de Fanconi", "Anemia12 macrocítica", "Anemia12 microcítica" e "Anemias em geral".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do GARD - Genetic and Rare Diseases Information Center e do NIH - National Institutes of Health.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.