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Cardiomiopatias - conceito, causas, características, diagnóstico, tratamento, evolução e prevenção

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O que são cardiomiopatias?

As cardiomiopatias são doenças primárias do músculo cardíaco1 (miocárdio2), isto é, não decorrentes de nenhuma outra alteração cardíaca. Elas são condições em que o coração3 não consegue bombear eficientemente o sangue4.

As cardiomiopatias dividem-se em 3 tipos principais de acordo com as características fisiopatológicas, havendo outras de menor importância:

  1. Cardiomiopatias dilatadas
  2. Cardiomiopatias hipertróficas
  3. Cardiomiopatias restritivas

A chamada “cardiomiopatia isquêmica”, em que o miocárdio2 aparece dilatado e se contraindo mal, é secundária à doença coronariana5 grave e, por isso, não é considerada da mesma natureza que as outras cardiomiopatias listadas acima.

As cardiomiopatias podem ser condições confinadas apenas ao coração3 ou serem parte de uma doença generalizada. A American Heart Association (Associação Americana do Coração3) divide as cardiomiopatias em primárias, quando afetam somente o coração3, e secundárias, quando são o resultado de uma doença que afeta também outras partes do corpo.

Quais são as causas das cardiomiopatias?

As causas das cardiomiopatias variam e podem incluir:

  • doenças genéticas;
  • doenças autoimunes6;
  • doenças infecciosas;
  • consumo excessivo de álcool ou drogas;
  • entre outras.

A doença coronariana5 e a pressão arterial7 alta podem desempenhar um papel, mas não são a causa primária. Em alguns casos, a causa das cardiomiopatias permanece desconhecida.

Qual é o substrato fisiopatológico das cardiomiopatias?

A fisiopatologia8 das cardiomiopatias considera que proteínas9 mutantes podem perturbar a função contrátil do aparelho cardíaco. As alterações dos cardiomiócitos (células10 do músculo cardíaco1) causam alterações que estão correlacionadas com vários problemas cardíacos, inclusive a morte súbita.

As diversas modalidades de cardiomiopatias variam muito individualmente e os fatores que causam cardiomiopatias em adultos e crianças também são diferentes. As cardiomiopatias em adultos estão frequentemente associadas a causas adquiridas, enquanto, em crianças, as doenças neuromusculares, incluindo distúrbios genéticos ligados ao cromossomo11 X, estão diretamente ligados às cardiomiopatias.

Leia sobre "Cateterismo12 cardíaco, cinecoronariografia ou angiografia13 coronária" e "Hemodinâmica14".

Quais são as características clínicas das cardiomiopatias?

A princípio, as cardiomiopatias podem ser assintomáticas ou exibir muito poucos sintomas15. À medida que a doença progride, podem aparecer:

  • dificuldades para respirar;
  • cansaço;
  • edema16 das pernas, denotando início de insuficiência cardíaca17;
  • inchaço18 no abdômen, devido ao acúmulo de líquidos;
  • tosse, enquanto deitado;
  • fadiga19;
  • desconforto ou pressão no peito20;
  • arritmias21;
  • tonturas22 e mesmo desmaios.

Na cardiomiopatia dilatada, o músculo cardíaco1 sofre um relaxamento e se torna mais fraco, produzindo uma dilatação na principal câmara de bombeamento do sangue4, o que faz com que o coração3 não bombeie sangue4 como deveria, faltando oxigênio necessário para os órgãos da periferia. Isso pode levar a complicações que incluem a insuficiência cardíaca17 e outros problemas cardiovasculares.

A cardiomiopatia hipertrófica é a situação em que a parede do músculo cardíaco1 fica mais espessa e rígida e bloqueia a ejeção do sangue4. Além disso, pode afetar também as valvas cardíacas e causar alterações celulares. Muitas pessoas que têm essa forma de cardiomiopatia têm uma vida normal, mas ela pode ser também um problema sério para outras pessoas.

Na cardiomiopatia restritiva, os músculos23 das câmeras inferiores do coração3 (ventrículos) ficam enrijecidos, devido à presença de tecido24 cicatricial (fibrótico), e isso faz com que o coração3 não se dilate como deveria e não seja preenchido totalmente, deixando de bombear a quantidade devida de sangue4.

Como o médico diagnostica as cardiomiopatias?

Como sempre, o diagnóstico25 deve começar por uma detida história clínica e por um cuidadoso exame físico. A esses procedimentos podem-se acrescentar, posteriormente, exames de sangue4, eletrocardiograma26 e ecocardiograma27, radiografias de tórax28, testes de esforço, ressonância magnética29 do coração3 e testes genéticos, quando necessários.

Como o médico trata as cardiomiopatias?

O tratamento das cardiomiopatias depende da causa subjacente e do tipo da cardiomiopatia, e pode incluir mudanças no estilo de vida, medicamentos, dispositivos implantáveis, cirurgia para correções de eventuais anomalias cardíacas ou transplante cardíaco, nos casos mais acentuados.

Como evoluem as cardiomiopatias?

As cardiomiopatias têm cura, desde que adequadamente tratadas. No entanto, alguns tipos de cardiomiopatias podem causar morte súbita.

Nas cardiomiopatias dilatadas o prognóstico30 depende das causas e da severidade da condição, mas muitas pessoas podem retornar às suas atividades depois do tratamento adequado. Os quadros muito avançados podem tornar a pessoa severamente doente e exigir hospitalização.

Muitas pessoas com cardiomiopatia hipertrófica levam uma vida normal. Vários tratamentos estão disponíveis para as pessoas que apresentam os sintomas15 ou que estejam em risco de complicações.

As taxas de sobrevivência31 das pessoas com cardiomiopatias são muito variáveis e somente o médico poderá fazer uma estimativa a respeito.

Como prevenir as cardiomiopatias?

As cardiomiopatias hereditárias não podem ser prevenidas, mas os familiares podem procurar saber se também portam o problema ou se estão em risco dele, uma vez que o diagnóstico25 precoce ajuda as pessoas a construírem um plano para melhor manejá-las.

Para controlar as cardiomiopatias adquiridas algumas atitudes podem ser adotadas:

  • controlar a pressão arterial7;
  • manter o colesterol32 dentro de taxas normais;
  • exercitar-se regularmente;
  • evitar álcool e drogas;
  • manter controle sobre certas condições subjacentes como, por exemplo, apneia33 do sono ou diabetes34;
  • e programar visitas regulares ao médico.
Veja também sobre "Angina35", "Insuficiência cardíaca congestiva36" e "Infarto do miocárdio37".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic, da Rede D’Or São Luiz e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2023. Cardiomiopatias - conceito, causas, características, diagnóstico, tratamento, evolução e prevenção. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1436140/cardiomiopatias-conceito-causas-caracteristicas-diagnostico-tratamento-evolucao-e-prevencao.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Músculo Cardíaco: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo.
2 Miocárdio: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo. Sinônimos: Músculo Cardíaco; Músculo do Coração
3 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Doença coronariana: Doença do coração causada por estreitamento das artérias que fornecem sangue ao coração. Se o fluxo é cortado, o resultado é um ataque cardíaco.
6 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
7 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
8 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
9 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
10 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
11 Cromossomo: Cromossomos (Kroma=cor, soma=corpo) são filamentos espiralados de cromatina, existente no suco nuclear de todas as células, composto por DNA e proteínas, sendo observável à microscopia de luz durante a divisão celular.
12 Cateterismo: Exame invasivo de artérias ou estruturas tubulares (uretra, ureteres, etc.), utilizando um dispositivo interno, capaz de injetar substâncias de contraste ou realizar procedimentos corretivos.
13 Angiografia: Método diagnóstico que, através do uso de uma substância de contraste, permite observar a morfologia dos vasos sangüíneos. O contraste é injetado dentro do vaso sangüíneo e o trajeto deste é acompanhado através de radiografias seriadas da área a ser estudada.
14 Hemodinâmica: Ramo da fisiologia que estuda as leis reguladoras da circulação do sangue nos vasos sanguíneos tais como velocidade, pressão etc.
15 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
16 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
17 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
18 Inchaço: Inchação, edema.
19 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
20 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
21 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
22 Tonturas: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
23 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
24 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
27 Ecocardiograma: Método diagnóstico não invasivo que permite visualizar a morfologia e o funcionamento cardíaco, através da emissão e captação de ultra-sons.
28 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
29 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
30 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
31 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
32 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
33 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
34 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
35 Angina: Inflamação dos elementos linfáticos da garganta (amígdalas, úvula). Também é um termo utilizado para se referir à sensação opressiva que decorre da isquemia (falta de oxigênio) do músculo cardíaco (angina do peito).
36 Insuficiência Cardíaca Congestiva: É uma incapacidade do coração para efetuar as suas funções de forma adequada como conseqüência de enfermidades do próprio coração ou de outros órgãos. O músculo cardíaco vai diminuindo sua força para bombear o sangue para todo o organismo.
37 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.

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