Colelitíase ou Pedras na Vesícula Biliar. Entenda a doença.
O que é colelitíase1?
É a presença de pedras na interior da vesícula biliar2. A vesícula3 é um pequeno órgão em forma de saco, localizado próximo ao fígado4. Ela armazena a bile5, um líquido amarelo esverdeado espesso produzido pelo fígado4. Após a alimentação, a vesícula3 se contrai liberando bile5 ao intestino, esta entra em contato com o alimento, continuando a digestão6 iniciada pelo estômago7.
A função básica da bile5 é digerir as gorduras e ajudar na absorção de importantes nutrientes como as vitaminas A,D,E e K.
A colelitíase1 é frequente na população de 20 a 60 anos, principalmente em mulheres.
Como são formadas as pedras na vesícula3?
A bile5 é excretada pelo fígado4 e segue pelos ductos biliares8 para chegar ao intestino. Ela é composta por água, colesterol9, sais biliares, bilirrubinato e lecitina. Em equilíbrio, estas substâncias mantêm a bile5 em estado líquido. Quando o colesterol9, os sais biliares ou os bilirrubinatos são produzidos em excesso pelo fígado4, há precipitação formando pequenos grânulos. Estes grânulos iniciam a formação dos cálculos biliares.
A formação destes cálculos está mais relacionada a fatores metabólicos, hereditários e orgânicos do que à ingestão alimentar, então a alimentação não interfere muito neste processo.
Todas as pedras são iguais?
Não, podem ser encontradas na vesícula3 pedras de colesterol9 ou de sais biliares; uma ou várias pedras; pedras pequenas, como grãos de areia ou grandes.
Cerca de 90% das pedras são formadas de colesterol9. O restante é composto de sais biliares (bilirrubinato). Os cálculos pigmentados, pretos ou marrons, são formados por bilirrubinato de cálcio principalmente.
O que causa a formação destes cálculos?
A causa da formação das pedras ainda não é bem conhecida . Algumas pessoas que têm problemas sanguíneos relacionados à destruição de hemácias10 têm maior chance de ter pedras na vesícula3, pois a vesícula3 usa os glóbulos vermelhos destruídos para a produção excessiva de bile5. Pode haver aumento da secreção de colesterol9 pelo fígado4 ou a vesícula3 ter alguma dificuldade de esvaziamento.
Quais são os fatores de risco?
- Mulheres em idade fértil, principalmente por volta dos 40 anos.
- Mulheres que tiveram múltiplas gestações.
- Obesidade11.
- Emagrecimento acentuado: aumenta a perda de colesterol9 na bile5.
- Uso de contraceptivos orais.
- Gravidez12.
- Sedentarismo13.
- Idade avançada.
- Úlceras14 duodenais: provocam certa estase15 da vesícula3 facilitando a formação de cálculos.
- Pacientes submetidos a cirurgias gástricas para tratamento de câncer16, úlcera17 ou vagotomias, podem ter maior propensão a formar cálculos biliares.
- Anemia hemolítica18 crônica.
- Uso de dieta parenteral.
O que sente uma pessoa com cálculos na vesícula3?
Muitas pessoas com pedras na vesícula3 não apresentam sintomas19 e nem sequer sabem desta condição. Às vezes, descobrem estes cálculos quando estão investigando alguma outra patologia20.
Para aqueles que apresentam sintomas19, geralmente observa-se:
- Intolerância quando ingerem alimentos gordurosos como frituras, gema de ovo21, empadas, carnes gordurosas, etc.
- Mal estar e dor de cabeça22 podem estar presentes.
- Nos quadros mais agudos, há uma dor abdominal intensa, constante, no lado direito do abdome23 abaixo da costela, próximo ao estômago7 ou nas costas24. A dor é forte, súbita e localizada e o abdome23 fica endurecido. Dura de 30 minutos a 5 horas.
- Náuseas25, vômitos26 acompanham com frequência a dor abdominal.
Quando além da dor do lado direito do abdome23 há febre27, calafrios28 e icterícia29 (amarelão) pode ser um caso de colecistite30 aguda, uma inflamação31 aguda da vesícula3. Nesses casos, a urina32 pode ficar escura (amarronzada) e as fezes claras.
Quais são as complicações da colelitíase1?
As principais complicações são:
- Cólica biliar: ocorre quando uma das pedras fica presa na saída da vesícula3 impedindo o fluxo de bile5, levando a uma distensão importante e a um esforço para expelir a pedra. O resultado é uma dor tipo cólica.
- Colecistite30 aguda: quando a pedra fica presa logo na saída da vesícula3 por um período prolongado ocorre a chamada colecistite30 aguda, uma inflamação31 aguda da vesícula biliar2 com dor intensa e constante, geralmente acompanhada de febre27.
- Coledocolitíase: é o resultado da migração de uma pedra da vesícula biliar2 para o colédoco, que é o principal canal que leva a bile5 desde o fígado4 até o intestino, obstruindo-o. Nestes casos o paciente fica ictérico (pele33 e parte branca dos olhos34 ficam amareladas) pois a bile5 fica impedida de chegar ao intestino, acumulando-se no fígado4 e no sangue35.
- Colangite: é a infecção36 dos canais biliares37 por bactérias após a obstrução, já que a bile5 parada favorece a proliferação de bactérias.
- Pancreatite38: é a inflamação31 do pâncreas39. O canal que leva a bile5 da vesícula3 para o intestino passa dentro do pâncreas39 e se junta com o canal principal que drena o suco pancreático40. Quando o cálculo41 obstrui esses ductos, o suco pancreático40 fica retido e acaba agredindo o próprio pâncreas39.
A colangite e a pancreatite38 são as complicações mais graves.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da da Mayo Clinic, American Gastroenterological Association e American College of Gastroenterology.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.