Névoa cerebral
O que é névoa cerebral?
A névoa cerebral é uma expressão leiga usada para descrever sintomas1 mentais que afetam a concentração, a memória e a clareza do pensamento. Algumas pessoas descrevem névoa cerebral como se sentirem "nebulosas" ou como se estivessem "fora de foco". Ela é um distúrbio das funções executivas que torna as tarefas cognitivas básicas difíceis. É como não conseguir perceber, entender e interpretar o que é comum, parecendo que a pessoa “perdeu a sua inteligência”.
É como se a pessoa não “enxergasse” nada, nem mesmo aqueles pensamentos simples do cotidiano. É, por exemplo, aquela hora em que a pessoa está com a porta da geladeira da cozinha aberta, mas não se lembra o que foi fazer ali. Uma analogia pode ser feita com a névoa ambiental que também não permite que se veja com clareza.
Muitos médicos preferem usar o termo “deficiência cognitiva” para dar mais legitimidade médica ao que os pacientes relatam como névoa mental.
Quais são as causas da névoa cerebral?
A névoa cerebral pode ser causada por uma variedade de condições, que podem incluir fadiga2, estresse, ansiedade, depressão, noites sem dormir, efeito de certos medicamentos, resultado de jet lag, uma refeição muito farta ou quando a pessoa passa por grandes mudanças hormonais, como durante a gravidez3 ou a menopausa4.
Também pode ser um efeito colateral5 de medicamentos ou uma consequência de doenças como Doença de Lyme, lúpus6, esclerose múltipla7 e outras. Ela tem sido relatada ainda como uma ocorrência durante ou após o tratamento quimioterápico para o câncer8. Quanto mais debilitante for o tratamento, maiores as chances de surgimento dos sintomas1.
Recentemente, a névoa cerebral foi reconhecida como um quadro pós-covid-19, às vezes dito também como Covid prolongada, com duração de semanas ou meses.
Leia sobre "Perda de memória", "Delirium9 ou estado confusional em idosos", "Mal de Alzheimer10" e "Demência11".
Qual é o substrato fisiopatológico da névoa cerebral?
As disfunções cognitivas que caracterizam a névoa cerebral são uma expressão da má função cerebral. Essa “falha” funcional do cérebro12 torna difícil executar corretamente os pensamentos, raciocínios ou memórias.
A névoa cerebral está frequentemente associada à fadiga2 adrenal das glândulas13 suprarrenais, a outros desequilíbrios hormonais, como dominância de estrogênio ou à função tireoidiana anormal. Ela geralmente desaparece quando o circuito de desintoxicação do corpo entra em ação, mas se esse circuito não estiver funcionando de maneira ideal, a pessoa pode ter seu cérebro12 “embaçado” por um longo tempo.
Quais são as características clínicas da névoa cerebral?
Não há uma regra fixa para o aparecimento dos sintomas1, que podem variar muito de um paciente para outro, podendo se manifestar de formas e em intensidades diferentes. Em alguns pacientes, os sinais14 podem ser sutis e percebidos por poucas pessoas ao redor, enquanto outras já apresentam reações mais fortes e muito notórias.
Os principais sintomas1 envolvem a redução na velocidade de raciocínio, dificuldade de aprendizagem, falta de capacidade de resolução de problemas, dificuldade de concentração e lapsos de memórias recentes.
Como o médico diagnostica a névoa cerebral?
“Névoa cerebral” não é um diagnóstico15 oficial da medicina e ela pode surgir por muitas condições que não podem ser consideradas doenças como, por exemplo, uma noite mal dormida ou um episódio de jet lag. Um diagnóstico15 médico da situação depende dos informes do paciente.
De qualquer maneira, quando a situação chega ao nível da medicina, é importante que o médico tente encontrar a causa subjacente da situação. Muitos médicos iniciam o processo de investigação com exames usados para medir a função executiva16 em doenças graves, como as demências, por exemplo.
Como tratar a névoa cerebral?
Ocasionalmente, todas as pessoas podem apresentar sintomas1 de névoa cerebral. Ela é um fenômeno comum e pode afetar qualquer pessoa em diferentes ocasiões. Porém, se uma pessoa estiver experimentando sintomas1 de névoa cerebral com frequência, é importante consultar um médico para determinar a causa subjacente e obter o tratamento adequado.
No entanto, há algumas medidas que o próprio paciente pode tomar para melhorar a maioria dos casos de névoa cerebral:
- Técnicas de relaxamento, como respiração profunda ou meditação.
- Sono suficiente e de boa qualidade.
- Evitar o consumo de álcool e drogas.
- Ter uma dieta saudável e equilibrada.
- Exercitar-se regularmente.
- Gerenciar o estresse e a ansiedade.
- Fazer períodos de descansos regulares durante atividades mentais exigentes.
- Caso haja alguma enfermidade subjacente detectada pelo médico, a pessoa deve empreender o tratamento adequado a ela.
A névoa cerebral e a Covid-19
A névoa cerebral pode ser uma forma de pós-Covid ou Covid de longa duração. O quadro que se apresenta é um tipo de inflamação17 que ocorre no líquido em torno do cérebro12 e da medula18 (líquido cefalorraquidiano19 [LCR]), causando transtornos de névoa cerebral de longo e médio prazos, com sintomas1 tais como: perda de memória, fadiga2, confusão mental, dificuldade de concentração e articulação20 da fala, entre outros.
O envolvimento do sistema nervoso central21 nesta resposta inflamatória poderá justificar algumas das dificuldades cognitivas que têm sido reportadas, tanto na infeção e que configuram uma névoa mental. Esta situação clínica não é, de todo, exclusiva da infeção pelo coronavírus, mas também relacionada com muitas doenças inflamatórias sistêmicas.
A inflamação17 é o denominador comum destas situações, podendo talvez ser a chave para o entendimento dos mecanismos da doença e para o desenvolvimento de possíveis tratamentos.
Veja também: "Demência11 frontotemporal", "Demência11 vascular22", "Envelhecimento saudável" e "Como exercitar o cérebro12".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Instituto Oncoguia, do Museu da Vida – Fiocruz e da SOBRAC - Sociedade Brasileira do Climatério.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.