Lúpus eritematoso. Entendendo um pouco mais esta condição.
O que é lúpus1 eritematoso2?
O lúpus1 eritematoso2 sistêmico3 (LES ou lúpus1, simplesmente) é uma doença autoimune4 de causa desconhecida, que pode afetar qualquer parte do corpo e que resulta em inflamação5 e dano tecidual.
A doença é bem mais frequente em mulheres do que em homens (9 para 1) e surge geralmente entre os 15 e os 50 anos de idade, sendo mais comum na raça negra. Predomina nos países tropicais, onde a luz solar é mais forte.
Há duas formas da doença: a discoide e a sistêmica. A forma discoide sempre é limitada à pele6 e a forma sistêmica pode afetar também órgãos internos e, por isso, costuma ser mais grave. Em alguns casos (cerca de 10%), o lúpus1 discoide pode evoluir para o lúpus1 sistêmico3.
O lúpus1 cursa com períodos de inatividade, que podem durar anos. Ele não é transmissível de uma pessoa para outra. Suas manifestações variam muito em diferentes doentes. Há casos simples, que exigem intervenções médicas mínimas e outros, graves, com danos a órgãos vitais.
Quais são as causas do lúpus1 eritematoso2?
O aparecimento e a evolução da doença estão ligados à predisposição genética e a certos fatores ambientais, como a exposição à luz ultravioleta, o uso de alguns medicamentos, presença de vírus7, bactérias e ao hormônio8 estrogênico. Com o passar do tempo, as reações imunológicas causam a formação de complexos antígeno9-anticorpos10 e a fixação de complementos que causam lesões11 teciduais, além da citotoxicidade mediada por anticorpos10 diversos.
Quais são os sinais12 e sintomas13 do lúpus1 eritematoso2?
Os sinais12 e sintomas13 do lúpus1 eritematoso2 são muito variáveis e dependem da gravidade e localização das lesões11. Em geral, eles são intermitentes14, o que dificulta o diagnóstico15 precoce. Os sintomas13 mais comuns são febre16, mal-estar, inflamação5 nas articulações17, nos pulmões18 e nos gânglios linfáticos19, dores pelo corpo, manchas avermelhadas na pele6 e aftas.
Cerca de 30% dos pacientes sofrem de sintomas13 dermatológicos permanentes, enquanto 65% deles apenas sentem estas manifestações em momentos determinados. Alguns pacientes apresentam espessamento da pele6 ou manchas vermelhas. A mancha que atinge o nariz20 e as bochechas, em forma de asa de borboleta, é típica do lúpus1.
Quais são os transtornos associados ao lúpus1?
Manifestações musculoesqueléticas, sob a forma de dores articulares, atingem cerca de 80% dos pacientes. Contudo, a artrite21 lúpica apresenta menor risco de incapacidade motora que a artrite reumatoide22 e geralmente não causa graves danos às articulações17. As manifestações hematológicas mais comuns são anemia23 e baixa de leucócitos24 e de plaquetas25. Podem ocorrer infecções26 cardíacas, como pericardites27, endocardites e miocardites. A aterosclerose28 parece ser mais frequente nas pessoas com lúpus1 do que na população geral. Além desses sintomas13, podem também ocorrer problemas neuropsiquiátricos como ansiedade, depressão, somatização29 e/ou distúrbios cognitivos30. São raros os casos de confusão mental, psicoses ou convulsões, mas são frequentes os comprometimentos renais. Podem ocorrer também fotossensibilidade e úlceras31 de mucosa32.
Como o médico diagnostica o lúpus1 eritematoso2?
Além da história da doença, que pode criar uma primeira suspeita, há exames de anticorpos10 altamente específicos, que selam o diagnóstico15. Alguns sinais12 clínicos também sugerem a doença: vermelhidão característica no nariz20 e face33, geralmente em forma de "asa de borboleta", lesões11 cutâneas34 discoides, dor, edema35, serosites36, etc.
Como é feito o tratamento do lúpus1 eritematoso2?
O lúpus1 eritematoso2 não tem cura, mas seus sintomas13 podem ser controlados ou diminuídos por intermédio de medicações. É possível também tratar as complicações da doença. As infecções26 podem requerer antibióticos, a febre16 isolada pode ser tratada com aspirina ou anti-inflamatórios não-hormonais. Corticoides e imunossupressores podem ser indicados nos casos mais graves ou em fases de recrudescimento37 da doença. No caso de lesões11 cutâneas34 disseminadas é recomendado o uso de antimaláricos38 como a cloroquina.
As gestantes portadoras de lúpus1 necessitam de um acompanhamento médico rigoroso durante a gravidez39, visto que a doença pode atingir também o feto40 em gestação.
Vacinas com vírus7 vivos não devem ser prescritas a pacientes com lúpus1, já as vacinas contra pneumonia41 e gripes são comprovadamente seguras.
Como evolui o lúpus1 eritematoso2?
Atualmente ainda não há cura para o lúpus1 eritematoso2, mas ele é tratável sintomaticamente com corticoides, imunossupressores e outras medicações. O lúpus1 pode apresentar complicações fatais que, no entanto, são cada vez mais raras. A taxa de sobrevivência42 para pessoas com lúpus1 é de aproximadamente 95% em cinco anos, 90% em 10 anos e 78% em 20 anos.
Quais são as recomendações básicas para um paciente com lúpus1?
- Usar protetores solares durante todo o dia.
- Não tomar anticoncepcionais. Os estrógenos podem agravar a doença.
- Se desejarem engravidar, as pacientes com lúpus1 precisam manter acompanhamento médico estrito.
- Não usar álcool, cigarro ou outras drogas.
- Manter atividades físicas regulares.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.