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Testes de memória

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O que é a memória?

A memória é uma função cognitiva1 que envolve o armazenamento, retenção e recuperação de informações no cérebro2. Ela desempenha um papel crucial na capacidade de uma pessoa aprender, adaptar-se ao ambiente e manter uma continuidade em suas experiências. Existem diferentes tipos de memória e o processo de formação da memória envolve várias etapas.

Em primeiro lugar, tem que ser feita a codificação das impressões recebidas. Esse é o processo pelo qual as informações são convertidas em uma forma que o cérebro2 possa armazenar. Após a codificação, as informações são armazenadas no cérebro2, a curto ou longo prazo, dependendo da importância e da frequência com que as informações são acessadas. A recuperação é o processo de acessar e trazer de volta as informações armazenadas, quando necessário, chamado de recordação.

Essas diferentes capacidades de memória variam de pessoa para pessoa, numa mesma pessoa ao longo do tempo e na dependência de algumas enfermidades do sistema nervoso central3.

Embora essa seja uma definição genérica, há diferentes tipos e modos de memória:

  1. memória de curto prazo, que tem uma capacidade limitada e armazena informações temporárias;
  2. memória de longo prazo, que armazena informações por períodos mais extensos, potencialmente ao longo de toda a vida;
  3. memória episódica, relacionada a eventos e experiências específicos;
  4. memória semântica, relacionada ao conhecimento conceitual geral;
  5. memória procedural, relacionada a habilidades motoras e procedimentos;
  6. e memória de trabalho4, que é uma forma de memória de curto prazo que lida com informações temporárias necessárias para a execução de tarefas cognitivas.

Há também aspectos específicos da memória para formas, cores, números, palavras, etc.

Leia sobre "Atividade física", "Como exercitar seu cérebro2", "Parar de fumar" e "Névoa cerebral".

O que são testes de memória?

O desempenho da memória normalmente vai decrescendo ao longo dos anos. Os testes de memória são avaliações que visam medir a capacidade de retenção e recuperação de informações por parte de um indivíduo, num determinado momento da sua existência. Existem diferentes tipos de testes de memória, cada um focalizando aspectos específicos desse processo cognitivo5.

Os resultados desses testes podem ser influenciados por vários fatores, como nível de ansiedade, distrações e outros elementos que podem afetar o desempenho cognitivo6, por isso devem ser tomados em situações favoráveis, padronizadas. Eles frequentemente são utilizados em contextos clínicos para avaliar problemas de memória associados a condições médicas ou neurológicas.

  • Os testes de memória de curto prazo consistem em que o examinando7 ouve uma sequência de dígitos ou palavras e, em seguida, precisa repetir a sequência na ordem correta.
  • Nos testes de memória de longo prazo, ou testes de recordação, o examinando7 é apresentado a uma lista de itens e, após um intervalo de tempo, é solicitado a lembrar-se deles.
  • No teste de reconhecimento, o examinando7 é apresentado a uma lista de itens e, mais tarde, deve identificar quais desse itens foram previamente apresentados em uma lista maior.
  • O teste de memória episódica envolve lembrar-se de eventos ou experiências específicos.
  • Já o teste de memória semântica avalia a retenção de conhecimentos gerais e conceituais.
  • A memória de trabalho4 pode ser avaliada pelo teste de atualização de dígitos, em que o examinando7 é solicitado a realizar cálculos simples enquanto mantém dígitos em memória.
  • O teste de figuras complexas de Rey-Osterrieth avalia a memória visual e a reprodução8 de uma figura complexa a partir da memória.
  • O teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey mede a capacidade de aprendizagem auditiva-verbal.
  • No teste de associação de pares, o examinando7 é apresentado a pares de palavras e, após um intervalo de tempo, é solicitado a recordar a palavra associada a uma dada palavra.

Por que fazer teste de memória?

Muito frequentemente os pacientes de todas as especialidades, especialmente pacientes neurológicos, se queixam de estarem sentindo uma piora da sua memória. O que pode ser apenas uma experiência subjetiva, pode sofrer uma avaliação objetiva por meio dos testes de memória, que são ferramentas validadas cientificamente.

Algumas maneiras intuitivas de aferir a memória envolvem uma pesquisa, por parte do médico, do conhecimento da localização no tempo e no espaço, a repetição de certas palavras e sua posterior evocação, a realização de cálculos e a cópia de desenhos, investigações essas que podem ser realizadas pelo médico durante a consulta.

Em casos de dúvida ou de alterações mais significativas, o paciente deve ser encaminhado a outros procedimentos, por profissional habilitado, geralmente um psicólogo.

No contexto clínico, os testes de memória são utilizados para avaliar ou acompanhar a evolução dos diferentes aspectos da capacidade de memória em pacientes com distúrbios psicológicos ou doenças neurológicas. Afora o aspecto clínico, os testes de memória costumam ser usados também para avaliar a memória em âmbito organizacional (recrutamento e seleção de pessoas), porte de armas, obtenção, renovação ou mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação, testes com pilotos, etc.

Quais são os fatores que mais prejudicam a memória?

Há vários fatores fisiológicos e fisiopatológicos que podem prejudicar a memória:

  • o excesso de bebida alcoólica;
  • a depressão;
  • a ansiedade;
  • as preocupações do dia a dia;
  • a angústia;
  • a falta de sono;
  • o abuso de remédios para dormir;
  • e o uso de alguns medicamentos, como ansiolíticos, tranquilizantes e determinados anti-hipertensivos.

O estresse crônico9 também altera o equilíbrio químico do cérebro2, diminuindo a capacidade de atenção e o interesse pelas coisas em geral e, consequentemente, o desempenho da memória.

No campo da patologia10, algumas das principais doenças relacionadas à perda de memória, entre outras, incluem:

  • A doença de Alzheimer11, uma forma comum de demência12.
  • demência12 vascular13, causada por problemas no suprimento sanguíneo para o cérebro2.
  • Doença de Parkinson14, que além dos sintomas15 motores pode apresentar problemas de memória.
  • Demência12 com corpos de Lewy, que leva a problemas de memória.
  • Doença de Huntington, que também leva a problemas de memória.
  • Doença de Korsakoff, associada principalmente ao consumo excessivo de álcool.
  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que embora mais conhecido por sintomas15 de falta de atenção e hiperatividade, também pode afetar a memória de trabalho4.
  • Lesões16 traumáticas cerebrais e traumas na cabeça17, como concussões graves, podem igualmente afetar a memória.
Veja também sobre "Amnésias18", "Demência12" e "Como melhorar sua memória".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2023. Testes de memória. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1463072/testes-de-memoria.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
2 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
3 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
4 Memória de trabalho: Atua no momento em que a informação está sendo adquirida, retendo a informação por alguns segundos e, então, a destinando a ser guardada por períodos mais longos ou a ser descartada. A memória de trabalho pode, ainda, armazenar dados por via inconsciente. Difere da memória de curto prazo pois esta trabalha com as informações por algumas horas até que sejam gravadas de forma definitiva.
5 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
6 Desempenho cognitivo: Desempenho dos processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento através da percepção.
7 Examinando: 1. O que será ou está sendo examinado. 2. Candidato que se apresenta para ser examinado com o fim de obter grau, licença, etc., caso seja aprovado no exame.
8 Reprodução: 1. Função pela qual se perpetua a espécie dos seres vivos. 2. Ato ou efeito de reproduzir (-se). 3. Imitação de quadro, fotografia, gravura, etc.
9 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
10 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
11 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
12 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
13 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
14 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
15 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
16 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
17 Cabeça:
18 Amnésias: Perda parcial ou total da memória.
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