Diferenças entre inflamação e infecção
O que é uma inflamação1?
Uma inflamação1 (do latim: inflammatio = atear fogo) é uma reação do organismo a uma infecção2 ou lesão3 dos tecidos de outra natureza. A inflamação1 pode também partir do sistema imunitário4 inato que pode agredir o próprio organismo. Este tipo de inflamação1 difere-se daquela adquirida em que o organismo precisa entrar em contato com o agressor nocivo.
O que é uma infecção2?
Uma infecção2 é a invasão de tecidos corporais por parte de organismos microscópicos5, como as bactérias, os vírus6 ou os fungos, por exemplo, ou de dimensões maiores e constituição mais complexa, como os ácaros, pulgas, piolhos, etc. Normalmente, inúmeros agentes infecciosos vivem no corpo de um indivíduo sem causar doenças porque estão contidos pelo sistema imunológico7 da pessoa. No entanto, se esse equilíbrio for desfeito, sobrevém uma doença infecciosa. O sistema imunológico7 do hospedeiro reage, mas nem sempre é capaz de vencer os agentes infecciosos sem a ajuda de vacinas e medicações. Há mesmo alguns agentes infecciosos que desempenham papel útil para os seres humanos, como algumas bactérias da flora intestinal, por exemplo.
Qual a fisiopatologia8 da inflamação1?
Os agentes inflamatórios agridem os tecidos e provocam fenômenos de dilatações e alterações da permeabilidade9 capilar10, com extravasamento de líquido intravascular11 para fora dos vasos. Como resultado, forma-se de um halo avermelhado em torno da lesão3, um aumento de volume (edema12) e da temperatura locais. A dor é causada pela estimulação das terminações nervosas pelas substâncias liberadas durante o processo inflamatório e pelas compressões relacionadas ao edema12.
Qual a fisiopatologia8 da infecção2?
Como as infecções13 sempre levam a uma reação inflamatória, parte da fisiopatologia8 delas é a mesma das inflamações14. Numa infecção2, contudo, o organismo é invadido por agentes infecciosos que causam fenômenos próprios. Muitos daqueles agentes atingem somente o homem, mas há os que infectam praticamente todos os mamíferos. Os agentes infecciosos causam danos às células15 atingidas por vários mecanismos: metabolismo16 competitivo, proliferação de toxinas17, duplicação do material genético e maneira como os antígenos18 provocarão a formação de anticorpos19.
Células15 de defesa (linfócitos, neutrófilos20 e macrófagos21, entre outras) passam a ser acumuladas no foco da lesão3 e a fagocitar os elementos que estão na origem da inflamação1. A luta entre os microrganismos invasores e as células15 de defesa dá origem ao aparecimento de pus22, que pode levar à formação de abscessos23 e a um processo de supuração24. Ocorre uma diapedese dos leucócitos25 (passagem dos leucócitos25 do interior dos vasos para os tecidos) e outras células15 de defesa para que elas possam melhor combater os agentes inflamatórios. No processo, os leucócitos25 destroem o tecido26 danificado e enviam sinais27 aos macrófagos21, que ingerem e digerem os antígenos18 e o tecido26 morto. Em algumas doenças esse processo pode apresentar caráter destrutivo, necrótico. As plaquetas28 e o sistema de coagulação29 do sangue30 são ativados e podem, assim, conter possíveis sangramentos. Em geral a infecção2 se restringe a um único local do organismo, mas pode se espalhar, via sistema linfático31 ou vascular32, ocasionando uma septicemia33.
Quais são os sinais27 e sintomas34 típicos de uma inflamação1?
Em um processo inflamatório a região atingida fica avermelhada, aumentada de volume e quente, o que explica seu nome. É comum que haja dor local. Isso tudo acontece em razão do aumento do fluxo de sangue30 e demais líquidos corporais que se dirigem para o local. Um conjunto de cinco sinais27 e sintomas34 são classicamente tomados como típicos de inflamação1:
- Calor (aquecimento).
- Rubor ou hiperemia35 (vermelhidão).
- Edema12 (inchaço36).
- Hiperestesia (dor ao toque).
- Perda de função.
Quais são os sinais27 e sintomas34 típicos de uma infecção2?
Como as infecções13 podem ocorrer em qualquer órgão ou seguimento corporal, os sintomas34 que decorrem delas são extremamente variáveis. A febre37 é um sintoma38 presente em praticamente toda infecção2, uma coisa quase chegando a ser sinônima da outra. Contudo, há infecções13 que cursam sem febre37 e isso é um sinal39 desfavorável porque indica uma pequena ou nula capacidade de reação orgânica. Afinal, a febre37 resulta da luta das defesas orgânicas contra os agentes infecciosos e dá uma dimensão dessa luta. Há também enfermidades que desde o princípio cursam com febre37 alta e outras em que a febre37 é moderada ou baixa, na dependência da natureza do agente infeccioso, e isso é um sinal39 de que o médico se vale para estabelecer suas hipóteses diagnósticas. Assim, a tuberculose40, por exemplo, geralmente cursa com febre37 baixa e a amigdalite bacteriana com febre37 alta.
Quais são as complicações possíveis de uma inflamação1?
As inflamações14, por si mesmas, raramente ocasionam complicações, mas elas podem exercer compressões sobre estruturas próximas, levando a consequências.
Quais são as complicações possíveis de uma infecção2?
Uma das possíveis complicações das infecções13 é a resistência bacteriana aos antibióticos, que se deve ao fato de que as bactérias se "acostumam" aos antibióticos que deixam então de fazer efeitos, deixando que as bactérias patógenas fiquem livres para se multiplicarem. Quando as bactérias resistentes causam uma infecção2, os antibióticos normalmente usados não surtem efeito e será necessário utilizar antibióticos cada vez mais tóxicos. Outra possível complicação das infecções13 é a possibilidade de formação de abscessos23. Quando os abscessos23 são externos, a drenagem41 deles representa uma evolução favorável do caso e muitas vezes eles são drenados artificialmente. No entanto, se são internos e drenarem para o interior dos tecidos ou de cavidades, podem causar problemas graves.
Quais são as diferenças entre inflamação1 e infecção2?
Das definições conclui-se que em todas as infecções13 existe uma inflamação1, mas que não são em todas as inflamações14 que há uma infecção2. Uma queimadura de sol produz uma inflamação1, mas não há, pelo menos em princípio, a presença de agentes infecciosos. Uma amigdalite aguda, por seu turno, apresenta as características de inflamação1 e a presença de bactérias ou vírus6. A infecção2 pode levar a formação de pus22 e de abscessos23, coisa que nunca ocorre na inflamação1.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites U.S. National Library of Medicine - National Institutes of Health, Nature - Scientific Reports e American College of Healthcare Sciences.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.