Proteína C reativa - como é feito e o que diz o exame?
O que é a proteína C reativa?
A proteína C reativa (PCR1) é uma proteína sintetizada pelo fígado2. Seus níveis sanguíneos aumentam em resposta à inflamação3 e por isso as dosagens dela são muito utilizadas para avaliar a possibilidade de existir alguma infecção4 ou processo inflamatório não visível, como apendicite5, aterosclerose6 ou suspeita de infecções7 virais e bacterianas, por exemplo.
Ela reage às proteínas8 inflamatórias chamadas citocinas9, que são produzidas pelos glóbulos brancos durante o processo inflamatório. Também pode ser usada para avaliar o risco que uma pessoa tem de desenvolver doenças cardiovasculares10.
A proteína C reativa foi descoberta em 1930 por Tillet e Francis e o seu nome surgiu pelo fato de ter sido originalmente identificada no soro11 de pacientes com inflamação3 aguda que reagiam ao anticorpo12 “C” da cápsula do pneumococo.
Por que dosar a proteína C reativa?
O exame da PCR1 busca medir os níveis de proteína C reativa circulando no sangue13 do paciente, que o médico interpretará junto com os seus sintomas14 e outros exames, para fazer uma conclusão diagnóstica do paciente. Em geral, o exame de proteína C reativa funciona como um indicador de processos inflamatórios ou infecciosos do organismo, mesmo que o paciente não apresente sintomas14 claros e bem definidos.
Na verdade, ela é o principal marcador de fase aguda de processos inflamatórios e necróticos que ocorrem no organismo, principalmente processos inflamatórios associados a infecções7 bacterianas. Mas, é também um método inespecífico, ou seja, não é suficiente para diagnosticar qualquer doença determinada.
Ou seja, a PCR1 pode estar elevada no sangue13 devido a qualquer situação de inflamação3 no corpo. No entanto, a condição que levou a esta inflamação3 não é dada pelo exame e tem de ser investigada mais a fundo pelo médico.
O exame da PCR1 geralmente é realizado junto ao exame que mede a velocidade de sedimentação dos glóbulos vermelhos (VHS15) e/ou ao exame de eritrossedimentação, os quais também são usados para detectar inflamações16.
Ela pode ficar alterada quando há doenças como:
- apendicite5 aguda;
- pancreatite17 aguda;
- doença inflamatória intestinal;
- linfomas;
- mieloma18 múltiplo;
- tumores malignos;
- traumatismos;
- queimaduras;
- infarto do miocárdio19;
- AVC;
- artrite reumatoide20;
- doença de Behçet;
- esclerodermia;
- granulomatose de Wegener;
- febre reumática21.
Além disso, o valor da PCR1 é útil também para indicar quais são os indivíduos com maior risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares10. A proteína C reativa costuma ter seus níveis aumentados nesses processos e, por vezes, também em casos de doenças reumáticas, traumatismos ou cânceres, ainda que o paciente não apresente sintomas14.
O exame pode ser feito ainda depois de cirurgias, para determinar sepse22 e outras condições. Em geral, diante da suspeita clínica de uma infecção4, o exame de proteína C reativa é feito como teste inicial e, caso seus valores estejam elevados, o médico pode solicitar exames complementares para saber onde está localizada a inflamação3 e/ou o processo infeccioso.
Leia sobre "Donça de Crohn", "Colite23 ulcerativa" e "Síndrome24 do intestino irritável".
Como é feito o exame da proteína C reativa?
O exame da PCR1 não exige preparo prévio, a não ser que o médico recomende algum, mas é importante informar ao médico se o paciente tomou ou não medicamentos antes do exame, já que isso pode afetar o nível de PCR1.
O exame consiste em obter uma amostra de sangue13 venoso, coletado de uma veia do braço, de modo convencional. Antes da inserção da agulha, o profissional coloca um elástico ao redor do braço para que as veias25 se encham de sangue13 e o local da punção é limpo com antisséptico26. Depois que a agulha é inserida, uma pequena quantidade de sangue13 é coletada em um frasco ou seringa27. O elástico é então removido para restaurar a circulação28 e o sangue13 continua a fluir para o frasco. Uma vez que haja sangue13 suficiente coletado, a agulha é removida e o local da punção é coberto com um pequeno curativo adesivo. Esse procedimento é relativamente indolor e leva apenas alguns minutos, após os quais o paciente é liberado.
Como valorar as taxas sanguíneas da proteína C reativa?
Os valores da PCR1 são medidos em mg/dL29 ou mg/L. Considera-se como normal uma dosagem da PCR1 ligeiramente abaixo de 0,3 mg/dL29 (ou 3 mg/L).
Em idosos, esse valor pode ser um pouco mais alto. Valores de PCR1 discretamente elevados, entre 0,3 mg/dL29 e 1,0 mg/dL29, são comuns em quadros de pequenas inflamações16, como é o caso de pessoas resfriadas ou com gengivite30. A mesma coisa ocorre em obesos, diabéticos, hipertensos e pessoas com insuficiência renal31, assim como fumantes, alcoólatras e sedentários.
Se a PCR1 estiver entre 1,0 mg/dL29 e 4,0 mg/dL29, há um forte indício de intenso processo infeccioso ou inflamatório ativo. É o que ocorre com pessoas gripadas, com catapora32, mononucleose33, doenças reumáticas e alguns tipos de tumores.
Valores da PCR1 acima de 4,0 mg/dL29 indicam a existência de infecção4 bacteriana. Em um quadro de sepse22, por exemplo, é comum ultrapassarem 20,0 mg/dL29.
Pessoas com níveis de PCR1 persistentemente acima de 0,3 mg/dL29 têm alto risco de desenvolver doenças cardiovasculares10. Esse risco é considerado médio quando o resultado do exame PCR1 ultrassensível apresentar valores entre 0,1 mg/dL29 e 0,3 mg/dL29. Valores abaixo de 0,1 mg/dL29 significam que a pessoa tem um baixo risco de desenvolver doença cardiovascular.
Valores baixos da PCR1 acontecem também em pessoas que tiveram grande perda de peso, praticam exercícios físicos intensos e fazem uso de alguns medicamentos. Quando a concentração sanguínea da PCR1 se eleva radicalmente é um alerta de que há um processo inflamatório em curso, como infecções7, neoplasias34, doenças reumáticas ou traumatismos.
Existem condições não inflamatórias e não infecciosas que podem alterar os níveis de PCR1 no sangue13 e influenciar o resultado do exame, tais como o uso de alguns anti-inflamatórios, aspirina, corticoides, estatinas, betabloqueadores, pílula anticoncepcional, terapia de reposição hormonal, uso de dispositivo intrauterino e exercício físico intenso.
Veja também sobre "Reumatismos inflamatórios sistêmicos35", "Doenças autoimunes36" e "Aterosclerose6".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.