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Manometria gastrointestinal

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O que é manômetro?

O manômetro (do grego: manós = pouco/ligeiramente denso + métron = medida) é um instrumento utilizado para medir a pressão. Pode ser a pressão atmosférica ou a pressão de um gás ou líquido contidos em recipientes fechados. Um manômetro também pode ser usado para medir a velocidade na qual uma corrente de ar está fluindo.

Na medicina, o manômetro mais conhecido e mais utilizado é o do aparelho de pressão, chamado esfigmomanômetro, mas também existem pequenos manômetros usados para monitorar a pressão nas vias aéreas do paciente e outros capazes de medi-la no interior do aparelho digestivo1.

O que é manometria gastrointestinal?

Anatomicamente, o sistema digestivo2 é um tubo oco da boca3 ao ânus4. As paredes do tubo contêm músculos5 e nervos que comprimem o alimento ritmicamente através do sistema, fazendo-o ir à frente, numa ação chamada peristaltismo6. A manometria gastrointestinal dá uma noção de como essas estruturas estão funcionando: se os músculos5 e nervos não estiverem atuando sinergicamente, com a força necessária, os alimentos não conseguem progredir pelo sistema digestivo2.

A manometria consiste na tomada da pressão em vários pontos do sistema digestivo2, como esôfago7, estômago8, primeiro segmento do intestino delgado9, esfíncter de Oddi10, reto11 ou ânus4. Nesse exame, um tubo flexível, denominado cateter de manometria, que conta com medidores de pressão ao longo de sua superfície, é introduzido pelo nariz12 ou pelo ânus4 e posicionado no ponto que se deseja examinar para medir as contrações do trato digestivo e a pressão nos esfíncteres13.

No caso de uma exploração do sistema digestivo2 alto, em que o cateter tenha que ser introduzido pelo nariz12, um anestésico é borrifado através de um spray no nariz12 e na parte posterior da garganta14, para não causar ânsia de vômitos15 e náuseas16. É necessário que a pessoa observe um jejum de pelo menos 6 horas antes do exame.

Além de um certo desconforto, a manometria gastrointestinal não provoca nenhuma outra reação desagradável nem tem riscos relevantes, e o paciente pode voltar às suas atividades normais após o procedimento.

Leia sobre "digestão17 ou indigestão - pode ser dispepsia18", "Engasgos", "Azia19" e "Disfagia20 e odinofagia21".

Manometria esofágica

A manometria esofágica é um exame que avalia as pressões dentro do esôfago7, fornecendo dados objetivos sobre o peristaltismo6 (ondas de contração e relaxamento dos músculos5) do órgão, avaliando amplitude, propagação e velocidade dessas ondas, que permitem a propagação da deglutição22.

A manometria esofágica permite a avaliação em três diferentes partes funcionais do esôfago7 durante a deglutição22 e nos períodos de repouso: (1) esfíncter23 inferior, (2) corpo do esôfago7 e (3) esfíncter23 superior.

Ela é usada para verificar como os músculos5 do esôfago7 estão funcionando na acalásia, no espasmo24 esofágico difuso, na esclerodermia, entre outras condições, e também pode ser realizada na preparação para a cirurgia esofágica ou para acompanhar e avaliar o funcionamento do órgão após a cirurgia.

O exame deve ser realizado com o paciente acordado porque precisará contar com sua participação ativa. Algumas medicações de uso comum podem interferir no funcionamento do esôfago7 e devem ser interrompidas 48 horas antes do exame. O médico deve indicar ao paciente que medicações devem ou não ser descontinuadas.

Manometria antroduodenal

O antro é a parte inferior do estômago8 e o duodeno25 é a primeira parte do intestino delgado9, que se conecta a ele. A manometria antroduodenal, às vezes chamada de manometria do intestino delgado9, é usada para estudar os músculos5 e nervos no estômago8 e no intestino delgado9, verificar como o antro e o estômago8 estão funcionando e se há sinergia entre eles. Pode ser usada para medir a força e a coordenação das contrações musculares do estômago8 e do intestino delgado9.

Quando os músculos5 não funcionam como deveriam, a pessoa pode sentir sintomas26 como azia19, dificuldade ou dor ao engolir, dor no peito27 e regurgitação28 (volta do alimento após a deglutição22). A manometria antroduodenal é um teste feito em duas etapas e ajuda a determinar o que está causando esses sintomas26. Para fazer este teste, um pequeno tubo flexível é passado através do nariz12, até o intestino delgado9, com a pessoa sedada, mas o teste de manometria em si só é feito depois que a pessoa acorda, geralmente no dia seguinte à passagem do tubo.

Manometria do esfíncter de Oddi10

O procedimento chamado manometria do esfíncter de Oddi10 é uma forma avançada de colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, que permite que o médico meça as pressões ao redor desse esfíncter23 e procure por anormalidades. O esfíncter de Oddi10 é um músculo que abre e fecha para controlar o fluxo de líquidos digestivos do fígado29 e pâncreas30 para o intestino delgado9.

A manometria é o único método disponível para medir diretamente a atividade motora desse esfíncter23. Além disso, é a única modalidade de diagnóstico31 em casos de suspeita de mau funcionamento dele. O esfíncter de Oddi10 pode funcionar mal e não abrir quando deveria, o que faz com que os líquidos digestivos se acumulem e causem sintomas26 como dor no estômago8. A manometria do esfíncter de Oddi10 também pode ser feita se o paciente tiver testes hepáticos anormais, distúrbio biliar ou pancreático complexo, pancreatite32 inexplicada ou dor abdominal superior inexplicável.

Manometria anorretal

A manometria anorretal permite avaliar os parâmetros da função anorretal e é um recurso importante no diagnóstico31 da doença de Hirschsprung (dilatação anormal congênita33 do intestino grosso34), uma das principais doenças congênitas35 do intestino, além de outros casos de constipação36 intestinal grave em adultos, como uma dissinergia intestinal funcional, que consiste na contração paradoxal37 do esfíncter anal38 externo durante a tentativa de evacuação.

O exame também pode ser usado com algumas crianças com constipação36 intestinal crônica persistente a despeito do tratamento convencional. A manometria anorretal ainda fornece informações importantes da função anorretal em pacientes com incontinência fecal39 de origem orgânica, como intestino neurogênico, por exemplo.

Veja também: "Esofagite40", "Gastrite41", "Íleo paralítico42" e "Doença do Refluxo Gastroesofágico43".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2023. Manometria gastrointestinal. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1431580/manometria-gastrointestinal.htm>. Acesso em: 6 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Aparelho digestivo: O aparelho digestivo ou digestório realiza a digestão, processo que transforma os alimentos em substâncias passíveis de serem absorvidas pelo organismo. Os materiais não absorvidos são eliminados por este sistema. Ele é composto pelo tubo digestivo e por glândulas anexas.
2 Sistema digestivo: O sistema digestivo ou digestório realiza a digestão, processo que transforma os alimentos em substâncias passíveis de serem absorvidas pelo organismo. Os materiais não absorvidos são eliminados por este sistema. Ele é composto pelo tubo digestivo e por glândulas anexas.
3 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
4 Ânus: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
5 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
6 Peristaltismo: Conjunto das contrações musculares dos órgãos ocos, provocando o avanço de seu conteúdo; movimento peristáltico, peristalse.
7 Esôfago: Segmento muscular membranoso (entre a FARINGE e o ESTÔMAGO), no TRATO GASTRINTESTINAL SUPERIOR.
8 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
9 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
10 Esfíncter de Oddi: Esfíncter da ampola hepatopancreática dentro da papila duodenal. O DUCTO COLÉDOCO e o ducto pancreático principal passam através deste esfíncter.
11 Reto: Segmento distal do INTESTINO GROSSO, entre o COLO SIGMÓIDE e o CANAL ANAL.
12 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
13 Esfíncteres: Estruturas musculares que contornam um orifício ou canal natural, permitindo sua abertura ou fechamento, podendo ser constituídos de fibras musculares lisas e/ou estriadas.
14 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
15 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
16 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
17 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
18 Dispepsia: Dor ou mal-estar localizado no abdome superior. O mal-estar pode caracterizar-se por saciedade precoce, sensação de plenitude, distensão ou náuseas. A dispepsia pode ser intermitente ou contínua, podendo estar relacionada com os alimentos.
19 Azia: Pirose. Sensação de dor epigástrica semelhante a uma queimadura, geralmente acompanhada de regurgitação de suco gástrico para dentro do esôfago.
20 Disfagia: Sensação consciente da passagem dos alimentos através do esôfago. Pode estar associado a doenças motoras, inflamatórias ou tumorais deste órgão.
21 Odinofagia: Deglutição com dor.
22 Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior.
23 Esfíncter: Estrutura muscular que contorna um orifício ou canal natural, permitindo sua abertura ou fechamento, podendo ser constituído de fibras musculares lisas e/ou estriadas.
24 Espasmo: 1. Contração involuntária, não ritmada, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosa ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
25 Duodeno: Parte inicial do intestino delgado que se estende do piloro até o jejuno.
26 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
27 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
28 Regurgitação: Presença de conteúdo gástrico na cavidade oral, na ausência do reflexo de vômito. É muito freqüente em lactentes.
29 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
30 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
31 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
32 Pancreatite: Inflamação do pâncreas. A pancreatite aguda pode ser produzida por cálculos biliares, alcoolismo, drogas, etc. Pode ser uma doença grave e fatal. Os primeiros sintomas consistem em dor abdominal, vômitos e distensão abdominal.
33 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
34 Intestino grosso: O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco (cecum), cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. Ele tem um papel importante na absorção da água (o que determina a consistência do bolo fecal), de alguns nutrientes e certas vitaminas. Mede cerca de 1,5 m de comprimento.
35 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
36 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
37 Paradoxal: Que contém ou se baseia em paradoxo(s), que aprecia paradoxo(s). Paradoxo é o pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano, ou desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria. É a aparente falta de nexo ou de lógica; contradição.
38 Esfíncter anal: Esfíncter é uma estrutura, geralmente um músculo de fibras circulares concêntricas dispostas em forma de anel, que controla o grau de amplitude de um determinado orifício. Esfíncter anal é o esfíncter do ânus. O canal anal tem um esfíncter interno e outro externo.
39 Incontinência fecal: É a perda do controle das evacuações. Pode ocorrer por um curto período durante episódios de diarréia ou quando fezes endurecidas ficam alojadas no reto (impactação fecal). Os indivíduos com lesões anais ou medulares, prolapso retal (protrusão do revestimento do reto através do ânus), demência, lesão neurológica causada pelo diabetes, tumores do ânus ou lesões pélvicas ocorridas durante o parto podem desenvolver uma incontinência fecal persistente.
40 Esofagite: Inflamação da mucosa esofágica. Pode ser produzida pelo refluxo do conteúdo ácido estomacal (esofagite de refluxo), por ingestão acidental ou intencional de uma substância tóxica (esofagite cáustica), etc.
41 Gastrite: Inflamação aguda ou crônica da mucosa do estômago. Manifesta-se por dor na região superior do abdome, acidez, ardor, náuseas, vômitos, etc. Pode ser produzida por infecções, consumo de medicamentos (aspirina), estresse, etc.
42 Íleo paralítico: O íleo adinâmico, também denominado íleo paralítico, reflexo, por inibição ou pós-operatório, é definido como uma atonia reflexa gastrintestinal, onde o conteúdo não é propelido através do lúmen, devido à parada da atividade peristáltica, sem uma causa mecânica. É distúrbio comum do pós-operatório podendo-se afirmar que ocorre após toda cirurgia abdominal, como resposta “fisiológica“ à intervenção, variando somente sua intensidade, afetando todo o aparelho digestivo ou parte dele.
43 Refluxo gastroesofágico: Presença de conteúdo ácido proveniente do estômago na luz esofágica. Como o dito órgão não está adaptado fisiologicamente para suportar a acidez do suco gástrico, pode ser produzida inflamação de sua mucosa (esofagite).
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