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Reumatismos inflamatórios sistêmicos

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O que são reumatismos inflamatórios sistêmicos1?

As doenças autoimunes2 são um grupo de desordens nas quais o sistema imunológico3 funciona mal e ataca seus próprios tecidos. Elas podem ser divididas em dois grupos gerais:

  1. As órgão-específicas, nas quais os anticorpos4 atacam um determinado órgão.
  2. As não-órgão-específicas (ou sistêmicas), nas quais os anticorpos4 atacam múltiplos sistemas orgânicos.
Saiba mais sobre "Doenças autoimunes2".

As doenças reumáticas autoimunes2 sistêmicas são um grupo de doenças autoimunes2 que incluem (clique sobre cada uma para conhecer mais):

A artrite reumatoide5 é a doença mais prevalente nesse grupo; no entanto, o teste para identificá-la não é o teste laboratorial primário para artrite reumatoide5. Em vez disso, os diagnósticos procuram a presença de anticorpos4 anti-fator reumatoide ou mais anticorpos4 antipeptídeos citrulinados cíclicos.

Para as outras doenças do grupo, os resultados do teste podem ser críticos para determinar um diagnóstico11 correto. O campo médico que estuda esses tipos de condições e doenças é chamado de Reumatologia.

Quais são as causas dos reumatismos inflamatórios sistêmicos1?

As doenças reumáticas autoimunes2 sistêmicas (SARDs) são apenas um subconjunto de doenças causadas quando a tolerância imunológica do próprio tecido12 é de alguma forma perdida e nosso sistema imunológico3 começa a atacar os próprios tecidos da mesma maneira que um antígeno13 estranho, porque os defeitos no sistema imunológico3 não são completamente compreendidos. Uma hipótese atual é que uma série de eventos ocorra resultando no início de uma reação autoimune14.

Qual é o mecanismo fisiopatológico dos reumatismos inflamatórios sistêmicos1?

O primeiro passo neste processo de geração das doenças reumáticas autoimunes2 sistêmicas é a susceptibilidade15 genética. O genótipo16 de alguns indivíduos pré determina que seu sistema imunológico3 estará mais propenso a uma quebra na tolerância. Essa susceptibilidade15 genética parece estar ligada a múltiplos genes em vez de a um único gene. Isto é apoiado por evidências de que algumas doenças autoimunes2 são mais frequentemente encontradas em certos grupos étnicos em comparação a outros.

A segunda etapa é a ocorrência de um evento desencadeador que leva a uma quebra na tolerância. Para alguns indivíduos muito suscetíveis, esse evento de disparo pode ser a exposição a um gatilho ambiental. Esses gatilhos ambientais podem ser onipresentes ou muito limitados. Em outros, o evento desencadeante pode ser uma mudança no equilíbrio hormonal. Seja qual for o caso, o evento desencadeador inicia a quebra da tolerância e a cascata de eventos imunológicos que eventualmente levam à formação de uma doença autoimune14 começa.

O terceiro passo é o desenvolvimento de autoanticorpos e subsequente desenvolvimento de sintomas17 clínicos. Estudos têm mostrado que este processo pode levar três anos ou mais e, infelizmente, no momento em que o diagnóstico11 é feito, danos substanciais ao corpo já ocorreram.

Quais são as características clínicas dos reumatismos inflamatórios sistêmicos1?

Como as doenças reumáticas autoimunes2 sistêmicas são várias, os sintomas17 de cada uma podem variar muito. No entanto, alguns sintomas17 comuns incluem (1) dor nas articulações18, (2) perda de movimento em uma ou em várias articulações18 e (3) inflamação19 (inchaço20, vermelhidão e calor) da área afetada.

Leia sobre "Dor nas juntas ou artralgia21" e "Diferenças entre inflamação19 e infecção22".

Como o médico diagnostica os reumatismos inflamatórios sistêmicos1?

O teste anticorpo23 anti-nuclear (ANA) é um exame usado para rastrear a presença de autoanticorpos dirigidos a componentes no núcleo da célula24. Os médicos usam o teste ANA para avaliar a probabilidade de um determinado paciente ter uma doença reumática autoimune14 sistêmica (SARD).

A utilidade do ANA é detectar os anticorpos4 no início do processo da doença, sobretudo de artrite reumatoide5. Os resultados do ANA, em conjunto com a apresentação clínica, fornecem ao médico evidências sólidas para intervir com um tratamento adequado. Estudos demonstraram que, uma vez iniciado o tratamento, a formação de novos anticorpos4 diminui ou até cessa.

Como o médico trata os reumatismos inflamatórios sistêmicos1?

Atualmente não há cura para os reumatismos inflamatórios sistêmicos1. Os tratamentos concentram-se principalmente em manter o paciente o mais confortável possível e a resposta imune sob controle. Os tratamentos podem variar de anti-inflamatórios não esteroidais a drogas imunossupressoras e transplantes de células-tronco25. O tratamento deve ser individualizado e é dependente da gravidade da doença e da resposta ao regime medicamentoso selecionado.

Veja também sobre "Reumatismo26", "Artrite27" e "Corticoides".

 

ABCMED, 2018. Reumatismos inflamatórios sistêmicos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1323113/reumatismos-inflamatorios-sistemicos.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
2 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
3 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
4 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
5 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
6 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
7 Eritematoso: Relativo a ou próprio de eritema. Que apresenta eritema. Eritema é uma vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos.
8 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
9 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
10 Esclerose: 1. Em geriatria e reumatologia, é o aumento patológico de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido à inflamação crônica ou por razões desconhecidas. 2. Em anatomia botânica, é o enrijecimento das paredes celulares das plantas, por espessamento e/ou pela deposição de lignina. 3. Em fitopatologia, é o endurecimento anormal de um tecido vegetal, especialemnte da polpa dos frutos.
11 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
12 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
13 Antígeno: 1. Partícula ou molécula capaz de deflagrar a produção de anticorpo específico. 2. Substância que, introduzida no organismo, provoca a formação de anticorpo.
14 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
15 Susceptibilidade: 1. Ato, característica ou condição do que é suscetível. 2. Capacidade de receber as impressões que põem em exercício as ações orgânicas; sensibilidade. 3. Disposição ou tendência para se ofender e se ressentir com (algo, geralmente sem importância); delicadeza, melindre. 4. Em física, é o coeficiente de proporcionalidade entre o campo magnético aplicado a um material e a sua magnetização.
16 Genótipo: Composição genética de um indivíduo, ou seja, os genes que ele tem.
17 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
18 Articulações:
19 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
20 Inchaço: Inchação, edema.
21 Artralgia: Dor em uma articulação.
22 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
23 Anticorpo: Proteína circulante liberada pelos linfócitos em reação à presença no organismo de uma substância estranha (antígeno).
24 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
25 Células-tronco: São células primárias encontradas em todos os organismos multicelulares que retêm a habilidade de se renovar por meio da divisão celular mitótica e podem se diferenciar em uma vasta gama de tipos de células especializadas.
26 Reumatismo: Termo que é utilizado em geral para se referir ao conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas que afetam as articulações e estruturas vizinhas.
27 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
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