Velocidade de hemossedimentação (VHS)
O que é velocidade de hemossedimentação1 (VHS2)?
Colocado o sangue3 (com anticoagulante4) num tubo em repouso, as hemácias5 se separam do soro6 por precipitação. Velocidade de hemossedimentação1 (VHS2) é a presteza com a qual os eritrócitos7 se precipitam num período de tempo determinado, geralmente, uma hora. Esse procedimento é comumente usado para uma medida não específica de inflamação8.
Trata-se de um teste bastante sensível, embora não seja muito específico. Frequentemente é o primeiro indicador de doença, quando outros sinais9 ainda estão normais.
Qual é o mecanismo de precipitação das hemácias5?
As hemácias5 são cobertas por cargas elétricas negativas e, portanto, quando vão se aproximando do fundo do tubo, repelem-se umas às outras, como cargas imantadas iguais. Essa força magnética de repulsão se contrapõe à gravidade e naturalmente diminui a velocidade com que elas caem. No entanto, se junto com as hemácias5, nadando no plasma10, houver outras estruturas de cargas positivas, estas vão anular as cargas negativas das hemácias5 e também a repulsão magnética entre elas, permitindo sua aglutinação. Neste caso, a gravidade age sozinha e a velocidade com que elas caem, chamada “velocidade de hemossedimentação”, é acelerada.
As proteínas11 produzidas pelo corpo durante uma infecção12 ou inflamação8 concentram cargas positivas em um lado e negativas em outro. A parte positiva delas tem esse mesmo efeito sobre as hemácias5. Quando há inflamação8/infecção12 ativas há, pois, a produção de proteínas11 que elevam a velocidade de hemossedimentação1.
Mas outras proteínas11 também são capazes de alterar a velocidade da queda das hemácias5. O fibrinogênio13 (que aumenta de 2 a 4 vezes nos processos infecciosos agudos e é produzido em excesso na gravidez14), as imunoglobulinas15 (anticorpos16) e as paraproteínas, produzidas por cânceres do sangue3, são exemplos. Além disso, a diluição do sangue3 que ocorre, entre outros momentos, na gravidez14, insuficiência cardíaca17 ou insuficiência renal18, diminui a viscosidade19 e separa as cargas repulsivas, elevando a VHS2.
A albumina20 tem carga negativa, portanto, quando sua concentração cai, “sobra” mais cargas positivas, elevando a VHS2. Outro mecanismo de elevação da VHS2 consiste na diminuição do número de hemácias5 nas anemias ou alteração na forma das mesmas, como na anemia falciforme21, por exemplo. A obesidade22, o diabetes mellitus23 e a idade são fatores que também influenciam para cima a VHS2.
A VHS2 é expressa como o número de milímetros que o sangue3 sedimentou no espaço de uma e duas horas e o resultado é expresso em mm/h (milímetros por hora).
Saiba mais sobre "Diferenças entre inflamação8 e infecção12", "Anemias", "Anemia falciforme21", "Insuficiência cardíaca17" e "Insuficiência renal18".
Quais são os valores normais da VHS2?
Os valores normais do teste VHS2 para mulheres até 50 anos são de 0 a 20 mm na primeira hora e para homens até 50 anos são de 0 a 15 mm na primeira hora. Já para pessoas com mais de 50 anos, os valores são, para mulheres, de 0 a 30 mm na primeira hora e, para homens, de 0 a 20 mm na primeira hora
Em crianças, esses valores variam entre 0 a 10 mm em 60 minutos.
A VHS2 aumenta com a idade, em pessoas normais. As fórmulas para determinar uma VHS2 aproximadamente "normal" em pessoas idosas são:
- Homens: idade/2
- Mulheres: (idade+10)/2
Qual é o procedimento para realizar o teste de VHS2?
Coloca-se o sangue3 (com anticoagulante4) em um tubo graduado, deixando-o parado e observa-se a quantos milímetros corresponde a precipitação dos glóbulos vermelhos (hemácias5) num tempo determinado, ao se separarem do soro6 e se depositarem no fundo do tubo. As hemácias5 vão sendo puxadas para baixo pela gravidade e tendem a se aglomerar no fundo do tubo.
Por que testar ou não testar a VHS2?
A VHS2 não deve ser utilizada como um exame de rastreio para doenças, porque é pouco específica. Isoladamente, não é diagnóstico24 de nenhuma doença específica. Todas as doenças podem alterar a velocidade de hemossedimentação1, desde uma simples gripe25 até o câncer26. Portanto, por sua inespecificidade, não permite fazer o diagnóstico24 de nenhuma patologia27, mas ajuda a monitorar o curso de uma doença inflamatória conhecida e auxilia na detecção de doenças ocultas.
A utilidade dela consiste em (1) ajudar a descobrir alguma inflamação8; (2) avaliar a intensidade da inflamação8 presente e (3) avaliar a resposta ao tratamento da inflamação8. A VHS2 também está aumentada nas infecções28 agudas ou crônicas, na gravidez14, na anemia29, na tuberculose30, nas paraproteinemias, na febre reumática31, na artrite reumatoide32 e em algumas condições malignas.
Quanto maior for o valor da VHS2, maior a chance de se estar diante de uma doença em fase aguda. A VHS2 apenas reflete a atividade da doença e diz somente se a doença está ou não ativa. Quando está elevada, significa que a doença está ativa; quando normal, a doença está sob controle.
Leia sobre "Febre reumática31", "Artrite reumatoide32", "Coagulograma", "Hemograma", "Plaquetas33 baixas" e "Plaquetas33 altas".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.