Esclerodermia: conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução, prevenção e possíveis complicações
O que é esclerodermia?
Esclerodermia, escleroderme (do grego: esclero = duro + derma = pele1) ou esclerose2 sistêmica é uma doença crônica do tecido conjuntivo3, geralmente classificada como uma das doenças reumáticas autoimunes4 em que o sistema imunológico5 ataca os tecidos do próprio organismo e na qual o endurecimento e perda da elasticidade6 da pele1 é uma das manifestações mais visíveis. Há duas formas de esclerodermia: a localizada, que atinge apenas setores limitados da pele1 e a sistêmica, que atinge várias regiões da pele1, bem como órgãos internos. A doença costuma também ser chamada de "esclerose2 sistêmica progressiva", mas essa denominação tem sido abandonada, uma vez que se verificou que a doença não é necessariamente progressiva. A esclerodermia não é doença contagiosa7, infecciosa, cancerosa ou maligna.
Quais são as causas da esclerodermia?
As causas da esclerodermia ainda não são totalmente conhecidas. O que se sabe até aqui é que a doença envolve um excesso de produção de colágeno8. Embora ela não seja diretamente hereditária, alguns cientistas acreditam que haja uma leve predisposição a ela em famílias com histórico de doenças reumáticas. A maioria dos pacientes não tem nenhum filho ou parente com esclerodermia, no entanto, pesquisas indicam que há um gene de maior susceptibilidade9 à esclerodermia, embora não a provoque. A esclerodermia é mais comum no sexo feminino que no masculino, numa proporção de 4:1. Outros fatores como a etnia podem influenciar o risco de contrair essa doença, bem como ajudam a determinar a idade de início e a gravidade dela.
Qual é a fisiopatologia10 da esclerodermia?
Normalmente, o papel do sistema imunológico5 é o de garantir a proteção do organismo contra invasores externos, como os vírus11, por exemplo. Nas doenças autoimunes4, como a esclerodermia, a capacidade de distinguir entre os fatores externos agressivos e os do próprio organismo deixa de existir e o sistema imunológico5 ataca a ambos como estranhos. Esse ataque às estruturas orgânicas as danifica, causando inflamações12, alterações celulares e cicatrizações prejudiciais.
Quais são os principais sinais13 e sintomas14 da esclerodermia?
Os sintomas14 de esclerodermia variam grandemente de uma pessoa para outra e os efeitos da doença vão de manifestações ligeiras a outras que podem significar risco de vida. A gravidade da doença depende de quais partes do corpo são afetadas e da extensão em que o são. No entanto, um caso leve pode tornar-se grave se não tratado adequadamente. A doença pode se desenvolver em qualquer idade, mas seu início é mais frequente entre os 25 a 55 anos.
A esclerodermia localizada é mais comum em crianças, enquanto a esclerodermia sistêmica acomete mais os adultos. Na esclerodermia, talvez mais do que em outras doenças, há muitas exceções às regras e cada caso é diferente dos demais. Na doença localizada as alterações ocorrem em poucos lugares na pele1 ou nos músculos15, confinada aos dedos, mãos16 e rosto e desenvolve-se lentamente ao longo dos anos, raramente se espalhando. Quase sempre ela é relativamente moderada e não afeta os órgãos internos. Apesar de poderem ocorrer problemas internos, eles são menos frequentes e menos graves do que na forma difusa.
Nas esclerodermias sistêmicas, as mudanças que ocorrem podem afetar o tecido conjuntivo3 em várias partes do corpo e envolver não só a pele1 como também o esôfago17, o trato gastrointestinal, os pulmões18, os rins19, o coração20 e outros órgãos internos. Ela também pode afetar os vasos sanguíneos21, músculos15 e articulações22. Os tecidos de órgãos envolvidos tornam-se fibrosos e endurecidos, fazendo-os perder a sua funcionalidade, tornando-os menos eficientes.
Como o médico diagnostica a esclerodermia?
O diagnóstico23 e tratamento precoces e adequados da esclerodermia podem minimizar os sintomas14 e diminuir a possibilidade de danos orgânicos irreversíveis, mas uma vez que ela apresenta sintomas14 semelhantes aos de outras doenças autoimunes4, o diagnóstico23 diferencial entre elas pode se tornar difícil. O diagnóstico23 da esclerodermia exige uma boa história clínica, um exame físico bem feito, estudos de sangue24 e vários outros exames especializados, dependendo dos órgãos afetados.
Como o médico trata a esclerodermia?
Atualmente, ainda não há cura para a esclerodermia, embora existam medicações que lentificam a evolução da doença e auxiliam no controle dos sintomas14. Existem também muitos tratamentos capazes de aliviar sintomas14 específicos como, por exemplo, para controlar a azia25, melhorar os movimentos do intestino e diminuir a atividade do sistema imunitário26. Algumas pessoas com doença leve podem não precisar de medicação se a esclerodermia não estiver mais ativa.
Como evolui a esclerodermia?
Geralmente a expectativa de vida27 gira em torno de doze anos a partir do diagnóstico23, mas depende muito do órgão comprometido e do grau que ele for afetado.
Como prevenir a esclerodermia?
Não há como prevenir a esclerodermia.
Quais são as complicações possíveis da esclerodermia?
As complicações da esclerodermia dependem da região do corpo em que ela se manifesta. Nas articulações22, ela pode ocasionar perda da flexibilidade e deformidades, mas as principais complicações aparecem quando a doença acomete algum órgão vital, como o coração20, rins19 ou pulmões18, podendo gerar hipertensão28 pulmonar e doença renal29, que são as causas de mortalidade30 mais comuns na esclerodermia.
Por outro lado, o medo de não se sentir mais atraente e ser rejeitado pelo companheiro (a) é uma das principais causas da baixa auto-estima entre os pacientes devido ao acometimento da pele1 do rosto.
Outro problema importante está relacionado à dificuldade de aceitar a nova condição e suas limitações. Por isso, é importante a participação efetiva de uma equipe multidisciplinar que avalie e atue diretamente em cada complicação decorrente da doença, assim como a participação de reumatologista, dermatologista, cardiologista31, nefrologista32, pneumologista, fisioterapeuta e psicólogo são fundamentais.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.