Gostou do artigo? Compartilhe!

Sonda nasogástrica - como é feito o procedimento de colocação da sonda?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é sonda nasogástrica1?

A sonda nasogástrica1 é um tubo fino e flexível, geralmente de borracha ou plástico, que é colocado a partir do nariz2 para passar pela orofaringe3 posterior e pelo esôfago4, até alcançar o estômago5. Este procedimento deve ser feito em hospital.

Seu uso foi feito pela primeira vez em 1921, pelo Dr. Abraham Levi, motivo pelo qual foi chamada de sonda de Levi. Hoje em dia, dependendo das finalidades com que é instalada, existem diferentes tipos de sondas, cada uma delas projetada para um uso específico.

Quais são as razões para se usar e não se usar uma sonda nasogástrica1?

A indicação mais comum para a colocação de uma sonda nasogástrica1 é a descompressão6 do estômago5, quando de obstrução intestinal ou íleo paralítico7, casos em que muitos fluidos digestivos se acumulam no estômago5, causando distensão abdominal, dor e náusea8.

As sondas nasogástricas são usadas, ainda, em casos de náuseas9 ou vômitos10 intratáveis, para evitar a aspiração. Também podem ser usadas para administrar nutrição11 ou medicação a pacientes que não conseguem a ingestão oral ou para colher conteúdo estomacal a ser analisado em laboratório.

A inserção de sondas nasogástricas em pacientes com trauma facial significativo ou fraturas da base do crânio12 deve ser feita com um cuidado redobrado. A colocação de uma sonda pelas narinas nesses pacientes pode exacerbar o trauma e, em casos raros, serem direcionadas para o crânio13, devido às fraturas que podem envolver tanto as estruturas ósseas nasais como as da base do crânio12.

Também no trauma ou em certas afecções14 esofágicas há uma contraindicação relativa, porque a colocação de sonda nasogástrica1 pode criar ou agravar eventuais perfurações. A obstrução esofágica total é uma contraindicação óbvia.

Condições de anticoagulação exigem cuidados especiais e, às vezes, constituem contraindicações relativas, pois a colocação da sonda pode, em alguns poucos casos, causar sangramentos. Em pacientes com cirurgia gástrica ou anatomia gastrointestinal anormal, as sondas devem ser colocadas com guia endoscópica.

A colocação profilática de sondas nasogástricas em pacientes com cirurgia abdominal, como costuma ser feito, não é recomendada. Os pacientes que desenvolvem íleo pós-operatório15 tendem a se recuperar mais rapidamente sem a colocação de uma sonda.

Leia mais sobre "Sonda vesical16", "Nutrição11 enteral" e "Nutrição parenteral17".

Qual é a técnica para colocação de uma sonda nasogástrica1?

Como há diversos tipos de sondas, usadas para diversas finalidades, a colocação de uma sonda deve começar pela seleção do tipo que melhor se adequa aos objetivos almejados.

O comprimento de cada porção da sonda a ser introduzido no paciente varia de acordo com a compleição física do paciente, sobretudo o comprimento de seu tórax18. Existem vários métodos para estimar a profundidade em que uma sonda nasogástrica1 deve ser colocada. Como métodos de estimativa, todos eles comportam alguma margem de erro. Uma forma comum de fazer essa estimativa é colocar a sonda sobre uma das orelhas19 do paciente e estender a extremidade dela até o processo xifoide20 do paciente (cartilagem21 que forma a extremidade inferior do esterno22), e usar isso como o comprimento do tubo que deve ser inserido. Numa pessoa de estatura mediana, esse comprimento fica em torno de 55 centímetros.

Antes de introduzir a sonda, é importante procurar minimizar a ansiedade do paciente, explicando-lhe todas as etapas do procedimento e permitindo que ele faça perguntas a respeito. Embora haja casos em que o médico precise medicar o paciente para dormir, para só depois colocar a sonda, a maioria das pessoas fica acordada durante o procedimento e apenas recebe um sedativo para ficar mais calma. Nesse caso, a área nasal e a faringe23 do paciente podem ser anestesiadas com um spray anestésico, para evitar reflexos de vômitos10.

De um modo geral, o médico pedirá ao paciente que se mantenha assentado, mas se o procedimento tiver de ser feito no leito, o médico ou o enfermeiro deve elevar a cabeceira da cama e cobrir o tórax18 do paciente com uma toalha para evitar que ele suje sua roupa, em caso de vômito24. A pessoa que colocará a sonda deve calçar luvas e lubrificar a ponta da sonda com uma substância apropriada.

A ponta da sonda deve ser direcionada paralelamente ao chão, diretamente em direção à parte posterior da garganta25 do paciente. Neste momento, deve ser pedido ao paciente que faça movimentos de deglutição26 ou ele deve receber um copo de água com um canudo para beber para ajudar a facilitar a passagem da sonda, a qual deve ser introduzida de forma firme e constante, mas delicada, enquanto o paciente está bebendo.

Uma vez que a sonda tenha sido inserida no comprimento apropriado, ela deve ser presa ao nariz2 do paciente com fita adesiva, para que não se desloque acidentalmente. Tomar uma radiografia abdominal é a melhor maneira de confirmar a localização exata da sonda, da qual antes já se terá tido uma indicação pela aspiração de conteúdo gástrico27. Deve-se ter a garantia de que a ponta da sonda para sucção fique dentro do estômago5, porque a localização dela além do piloro pode causar danos ao duodeno28. Para alimentação, ao contrário, a localização ideal é pós-pilórica, para diminuir o risco de aspiração.

Uma sonda pode permanecer no local por até 8 semanas, quando então deverá ser retirada ou trocada. A remoção da sonda nasogástrica1 geralmente é um procedimento simples. No entanto, o tubo não deve ser removido sem força, pois pode ficar preso em alguma estrutura. Esse processo de colocação e remoção da sonda nasogástrica1 pode ser incômodo, mas não é doloroso.

Quais são as complicações que podem ocorrer com a passagem de uma sonda nasogástrica1?

As complicações mais comuns relacionadas à colocação de sondas nasogástricas são desconforto, sinusite29 ou epistaxe30, que normalmente se resolvem espontaneamente com a remoção da sonda. A colocação de sondas nasogástricas pode causar ou piorar uma perfuração no esôfago4, sobretudo se ele estiver fragilizado. Num acidente mais grave, a colocação às cegas da sonda nasogástrica1 em pacientes com lesão31 na placa cribriforme32, que faz parte da separação entre o cérebro33 e a cavidade nasal34, pode levar a que ela tome uma direção intracraniana.

O uso prolongado de sondas nasogástricas pode causar irritação no revestimento gástrico, causando sangramento gastrointestinal. A pressão prolongada em uma área da narina pode causar úlceras35 por pressão ou mesmo necrose36.

Veja também sobre "Estado de coma37", "Úlceras35 de decúbito38 ou escaras39" e "Desnutrição40".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da OME – Oxford Medical Education e do BMJ - British Medical Journal.

ABCMED, 2022. Sonda nasogástrica - como é feito o procedimento de colocação da sonda?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1423300/sonda-nasogastrica-como-e-feito-o-procedimento-de-colocacao-da-sonda.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sonda nasogástrica: Equipamento de uso médico que pode servir tanto para alimentar pacientes que não conseguem realizar a deglutição, como para drenar líquidos do estômago (em casos de intoxicação ou cirurgias, por exemplo). A sonda é um equipamento que consiste basicamente em um tubo com duas aberturas para comunicação entre o interior e o exterior do corpo do paciente.
2 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
3 Orofaringe: Parte mediana da faringe, entre a boca e a rinofaringe.
4 Esôfago: Segmento muscular membranoso (entre a FARINGE e o ESTÔMAGO), no TRATO GASTRINTESTINAL SUPERIOR.
5 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
6 Descompressão: Ato ou efeito de descomprimir, de aliviar o que está sob efeito de pressão ou de compressão.
7 Íleo paralítico: O íleo adinâmico, também denominado íleo paralítico, reflexo, por inibição ou pós-operatório, é definido como uma atonia reflexa gastrintestinal, onde o conteúdo não é propelido através do lúmen, devido à parada da atividade peristáltica, sem uma causa mecânica. É distúrbio comum do pós-operatório podendo-se afirmar que ocorre após toda cirurgia abdominal, como resposta “fisiológica“ à intervenção, variando somente sua intensidade, afetando todo o aparelho digestivo ou parte dele.
8 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
9 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
10 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
11 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
12 Base do Crânio: Região inferior do crânio consistindo de uma superfície interna (cerebral) e uma superfície externa (basal).
13 Crânio: O ESQUELETO da CABEÇA; compreende também os OSSOS FACIAIS e os que recobrem o CÉREBRO. Sinônimos: Calvaria; Calota Craniana
14 Afecções: Quaisquer alterações patológicas do corpo. Em psicologia, estado de morbidez, de anormalidade psíquica.
15 Íleo pós-operatório: O íleo adinâmico, também denominado íleo paralítico, reflexo, por inibição ou pós-operatório, é definido como uma atonia reflexa gastrintestinal, onde o conteúdo não é propelido através do lúmen, devido à parada da atividade peristáltica, sem uma causa mecânica. É distúrbio comum do pós-operatório podendo-se afirmar que ocorre após toda cirurgia abdominal, como resposta “fisiológica“ à intervenção, variando somente sua intensidade, afetando todo o aparelho digestivo ou parte dele.
16 Vesical: Relativo à ou próprio da bexiga.
17 Nutrição parenteral: Administração de alimentos utilizando um acesso venoso. Utilizada em situações nas quais o trato digestivo encontra-se seriamente danificado (pancreatite grave, sepse grave, etc.). Os alimentos são administrados em sua forma mais simples, como se fossem digeridos, para que possam ser absorvidos pelas células.
18 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
19 Orelhas: Sistema auditivo e de equilíbrio do corpo. Consiste em três partes
20 Processo Xifóide:
21 Cartilagem: Tecido resistente e flexível, de cor branca ou cinzenta, formado de grandes células inclusas em substância que apresenta tendência à calcificação e à ossificação.
22 Esterno: Osso longo e achatado, situado na parte vertebral do tórax dos vertebrados (com exceção dos peixes), e que no homem se articula com as primeiras sete costelas e com a clavícula. Ele é composto de três partes: corpo, manúbrio e apêndice xifoide. Nos artrópodes, é uma placa quitinosa ventral do tórax.
23 Faringe: Canal músculo-membranoso comum aos sistemas digestivo e respiratório. Comunica-se com a boca e com as fossas nasais. É dividida em três partes: faringe superior (nasofaringe ou rinofaringe), faringe bucal (orofaringe) e faringe inferior (hipofaringe, laringofaringe ou faringe esofagiana), sendo um órgão indispensável para a circulação do ar e dos alimentos.
24 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
25 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
26 Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior.
27 Conteúdo Gástrico: Conteúdo compreendido em todo ou qualquer segmento do TRATO GASTROINTESTINAL
28 Duodeno: Parte inicial do intestino delgado que se estende do piloro até o jejuno.
29 Sinusite: Infecção aguda ou crônica dos seios paranasais. Podem complicar o curso normal de um resfriado comum, acompanhando-se de febre e dor retro-ocular.
30 Epistaxe: Hemorragia de origem nasal.
31 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
32 Placa Cribriforme:
33 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
34 Cavidade Nasal: Porção proximal da passagem respiratória em cada lado do septo nasal, revestida por uma mucosa ciliada extendendo-se das narinas até a faringe.
35 Úlceras: Feridas superficiais em tecido cutâneo ou mucoso que podem ocorrer em diversas partes do organismo. Uma afta é, por exemplo, uma úlcera na boca. A úlcera péptica ocorre no estômago ou no duodeno (mais freqüente). Pessoas que sofrem de estresse são mais susceptíveis a úlcera.
36 Necrose: Conjunto de processos irreversíveis através dos quais se produz a degeneração celular seguida de morte da célula.
37 Estado de coma: Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte.
38 Decúbito: 1. Atitude do corpo em repouso em um plano horizontal. 2. Na história da medicina, é o momento em que o paciente é levado a deitar-se devido à doença.
39 Escaras: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
40 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.

Resultados de busca relacionada no catalogo.med.br:

Marco Antonio Correa Galvao

Clínico Geral

Araguaína/TO

Você pode marcar online Ver horários disponíveis

Omar Rodrigues Soares

Clínico Geral

Bragança Paulista/SP

Suellen Lemos Ramos Sousa Capuzzo

Clínico Geral

São José do Rio Preto/SP

Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.