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Neuromodulação - Para que serve?

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O que é neuromodulação?

A neuromodulação, também chamada neuro estimulação, é um tratamento médico que, por meio da aplicação de estímulos eletromagnéticos ou farmacêuticos diretamente na área nervosa alvo, altera e corrige desequilíbrios no nível de atividade cerebral e nervosa, característicos das disfunções neurológicas. Com o equilíbrio restabelecido, promove a melhora de sintomas1 e/ou retarda a evolução de disfunções neurológicas, psiquiátricas e outras, e suas respectivas repercussões orgânicas.

Com um escopo terapêutico amplo e melhorias contínuas na biotecnologia, a neuromodulação está prevista para ter um grande crescimento na próxima década.

Qual é o substrato fisiológico2 da neuromodulação?

A neuromodulação pode envolver estímulos eletromagnéticos, uma corrente elétrica ou uma droga instilada diretamente no espaço subdural (intratecal). As experiências mais comuns têm sido com estimulação elétrica.

A neuromodulação, seja elétrica ou magnética, se utiliza da resposta biológica natural do corpo estimulando a atividade das células nervosas3, que podem influenciar populações de nervos que liberam transmissores ou outros mensageiros químicos, modulando, assim, a atividade neural. Ela atua, pois, de modo parecido ao de um marca-passo4 cardíaco.

O efeito final é uma "normalização" de uma função de rede neural. Embora os mecanismos exatos da neuroestimulação ainda não sejam totalmente conhecidos, a eficácia empírica tem levado a uma aplicação clínica considerável da neuroestimulação.

Veja mais sobre "Lesões5 da medula espinhal6", "Paraplegia7", "Tetraplegia" e "Incontinência fecal8".

Como se processa a neuromodulação?

Esse termo geralmente se refere a dispositivos tecnológicos que são implantados cirurgicamente no corpo para tratar, sobretudo, a dor crônica e ajudar em outros problemas. Atualmente, existem diversas técnicas de neuromodulação, como estimulação da medula espinhal6, estimulação do gânglio9 da raiz dorsal, estimulação de nervos periféricos, distribuição intratecal de medicamentos, etc., que auxiliam pacientes com problemas que não podem ser tratados por meio de medicamentos ou cirurgias tradicionais.

Descreveremos aqui como se aplica a técnica da neuromodulação para alívio das dores crônicas, que é, de longe, a aplicação mais utilizada.

A forma mais comum de neuromodulação é a estimulação da medula espinhal6. Essa terapia existe há mais de 50 anos, embora os equipamentos e a tecnologia continuem sendo aprimorados. Ela é um procedimento no qual pequenos fios são inseridos no canal espinhal e conectados a uma bateria, a qual emite pequenas quantidades de eletricidade diretamente aos neurônios10 da dor, na coluna.

A implantação do estimulador é feita através de um procedimento minimamente invasivo e reversível. Antes de adotá-la, deve ter sido feita uma investigação completa para a causa da dor, e meios menos invasivos do que a neuromodulação devem ter sido testados sem sucesso para o seu alívio.

Uma ressonância magnética11 ou uma tomografia computadorizada12 da coluna pode ser necessária para ter-se certeza de que é seguro colocar o equipamento de neuromodulação em seu interior. Pacientes com histórico de problemas hemorrágicos13, em uso de medicamentos anticoagulantes14, com infecções15 ou outros problemas graves de saúde16 só devem se submeter ao procedimento depois de avaliações muito criteriosas.

Antes do implante17 do estimulador definitivo, será feito um teste para avaliar quão bem o equipamento funcionará. O teste corresponde à instalação ambulatorial e minimamente invasiva de um estimulador, no qual eletrodos temporários serão inseridos no canal espinhal e conectados a uma bateria externa. O procedimento demora aproximadamente 60 minutos, quando o paciente poderá ser liberado para retornar à sua casa.

Os equipamentos devem permanecer no local por uma semana, durante a qual serão avaliados os níveis de dor e os eventuais alívios dela, além de aspectos funcionais da parte do corpo envolvida, sono e outros objetivos personalizados. Ao final desse período, os eletrodos temporários são removidos e será tomada a decisão entre paciente e médico para determinar se o implante17 permanente deve ou não ser instalado.

Se a decisão for positiva, a implantação permanente será feita de modo muito semelhante à inserção do dispositivo temporário, mas os eletrodos e a bateria estarão totalmente implantados sob a pele18.

Outras formas de neuromodulação se referem a (1) estimulação do gânglio9 da raiz dorsal, (2) estimulação de nervos periféricos e (3) bombas de dor.

O estimulador do gânglio9 da raiz dorsal é uma versão da estimulação da medula espinhal6 onde os eletrodos são colocados para atuar sobre o gânglio9 da raiz dorsal, em vez da própria medula espinhal6. Uma vantagem desta terapia é a estimulação direcionada para áreas específicas do corpo, porque estimula seletivamente a raiz nervosa dirigida a uma determinada área, escolhida conforme a situação a tratar.

A estimulação de um nervo periférico tem como alvo uma área específica de dor, afetando um nervo fora da coluna. Esse método é semelhante à estimulação da medula espinhal6 e inclui um pequeno estimulador vestível e um fio muito fino conectado ao nervo. O sistema envia pulsos elétricos leves diretamente para os nervos que, assim, podem reduzir os sinais19 de dor.

As bombas de dor são dispositivos implantáveis ​​que incluem um pequeno tubo (cateter) conectado a uma bomba cheia de medicação. A bomba libera, através desse tubo, de forma controlada, pequenas quantidades de medicação no líquido que envolve a medula espinhal6. Muitos medicamentos diferentes podem ser colocados nessa bomba, embora os mais comuns sejam anestésicos locais, opioides ou medicamentos para ajudar com espasmos20 crônicos.

Quais são as características clínicas da neuromodulação?

Frequentemente, as pessoas pensam na neuromodulação apenas como recurso de alívio da dor crônica, que é, de fato, sua indicação mais comum. Mas, os dispositivos e tratamentos de neuromodulação estão mudando a medicina em vários outros sentidos.

Atualmente, eles afetam praticamente todas as áreas do corpo e tratam quase todas as doenças ou sintomas1, como:

Além disso, os dispositivos de neuromodulação podem estimular uma resposta onde não havia responsividade anterior, como, por exemplo, no caso de um implante17 coclear que restaura a audição em um paciente surdo.

Leia sobre "Implante17 coclear ou ouvido biônico", "Dores crônicas" e "Eletroneuromiografia".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Mayo Clinic.

ABCMED, 2022. Neuromodulação - Para que serve?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1424590/neuromodulacao-para-que-serve.htm>. Acesso em: 5 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
3 Células Nervosas: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO.
4 Marca-passo: Dispositivo implantado no peito ou no abdômen com o por objetivo de regular os batimentos cardíacos.
5 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Medula Espinhal:
7 Paraplegia: Perda transitória ou definitiva da capacidade de realizar movimentos devido à ausência de força muscular de ambos os membros inferiores. A causa mais freqüente é a lesão medular por traumatismos.
8 Incontinência fecal: É a perda do controle das evacuações. Pode ocorrer por um curto período durante episódios de diarréia ou quando fezes endurecidas ficam alojadas no reto (impactação fecal). Os indivíduos com lesões anais ou medulares, prolapso retal (protrusão do revestimento do reto através do ânus), demência, lesão neurológica causada pelo diabetes, tumores do ânus ou lesões pélvicas ocorridas durante o parto podem desenvolver uma incontinência fecal persistente.
9 Gânglio: 1. Na anatomia geral, é um corpo arredondado de tamanho e estrutura variável; nodo, nódulo. 2. Em patologia, é um pequeno tumor cístico localizado em uma bainha tendinosa ou em uma cápsula articular, especialmente nas mãos, punhos e pés.
10 Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas
11 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
12 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
13 Hemorrágicos: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
14 Anticoagulantes: Substâncias ou medicamentos que evitam a coagulação, especialmente do sangue.
15 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
16 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
17 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
18 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
19 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
20 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
21 Cabeça:
22 Incontinência urinária: Perda do controle da bexiga que provoca a passagem involuntária de urina através da uretra. Existem diversas causas e tipos de incontinência e muitas opções terapêuticas. Estas vão desde simples exercícios de fisioterapia até complicadas cirurgias. As mulheres são mais freqüentemente acometidas por este problema.
23 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
24 Pélvicos: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
25 Angina: Inflamação dos elementos linfáticos da garganta (amígdalas, úvula). Também é um termo utilizado para se referir à sensação opressiva que decorre da isquemia (falta de oxigênio) do músculo cardíaco (angina do peito).
26 Doença vascular periférica: Doença dos grandes vasos dos braços, pernas e pés. Pode ocorrer quando os principais vasos dessas áreas são bloqueados e não recebem sangue suficiente. Os sinais são: dor e cicatrização lenta de lesões nessas áreas.
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