Intolerância à glicose
O que é a intolerância à glicose1?
Intolerância à glicose1, também conhecida como tolerância diminuída à glicose1 ou resistência à glicose1, é um termo genérico para várias condições metabólicas que resultam em níveis de glicose1 no sangue2 mais elevados do que o normal, que não o diabetes3, criando um estado chamado pré-diabetes4. Com os estilos de vida ocidentais, temos visto a intolerância à glicose1 se tornar cada vez mais comum a cada ano.
Quais são as características clínicas da intolerância à glicose1?
De início, o estado de intolerância à glicose1 pode ser assintomático, mas, com o tempo, na medida em que o organismo caminha para o diabetes3, surgem sintomas5. Nem todos terão esses sintomas5 e, se houver, eles podem não ser graves. Os sintomas5 de intolerância à glicose1 correspondem aos do diabetes tipo 26: aumento da frequência e volume de urina7 (poliúria8); aumento da sede (polidipsia9); aumento da fome (polifagia10); perda de peso inexplicada; fraqueza e fadiga11; sonolência; infecções12 de repetição; demora para cicatrização de feridas ou machucados e visão13 borrada.
Um caso especial de intolerância à glicose1 ocorre durante a gestação e é chamado de diabetes gestacional14. Durante o primeiro trimestre de uma gestação normal, a tolerância à glicose1 melhora, porque os hormônios envolvidos na gestação fazem com que as células15 β (beta) do pâncreas16, que produzem insulina17, se proliferem. Contudo, nos dois últimos trimestres isso muda e a resistência à insulina18 aumenta aproximadamente três vezes mais do que a de uma mulher não-gestante. Essa situação é reversível com o fim da gravidez19, a não ser que a mulher seja portadora de uma forte predisposição para a diabetes mellitus20.
Leia sobre "Papel da insulina17 no corpo", "Como reconhecer e evitar a hipoglicemia21" e "Frutose22 - ela não é só o açúcar23 das frutas".
Como o médico diagnostica os níveis de açúcar23 no sangue2?
O exame mais utilizado, e de certa maneira o primeiro exame a ser realizado para avaliar a taxa de açúcar23 no sangue2, é a glicemia de jejum24. Esse exame é feito através da medida laboratorial da glicose1 em uma amostra de sangue2 extraído da veia. Para realizá-lo é preciso que a pessoa esteja em jejum de 12 horas, para que o resultado não seja influenciado por fatores aleatórios. As taxas desse exame devem ser consideradas da seguinte maneira:
- Normal: abaixo de 100 mg/dL25
- Pré-diabetes4: entre 100 a 125 mg/dL25
- Diabetes3: acima de 126 mg/dL25.
Ele deve ser complementado pela hemoglobina glicosilada26 (ou glicada), que é a percentagem de hemoglobina27 ligada às hemácias28 e cujos valores de referência ficam entre 4,5 e 5,6% no indivíduo normal e entre 5,7 e 6,4 nos pré-diabéticos. Como as hemácias28 têm uma vida média de 90 dias, a hemoglobina glicosilada26 reflete o nível de glicose1 no sangue2 nos últimos três meses.
O teste oral de tolerância à glicose1 (ou curva glicêmica29) é um exame que avalia a resposta do organismo, durante 2 horas, a uma carga de 75 gramas de glicose1, geralmente medindo-a a cada meia hora. Seus valores de referência, ao fim de 2 horas, são:
- Normal: abaixo de 140 mg/dL25.
- Tolerância diminuída à glicose1: 141 a 199 mg/dL25.
- Diabetes3: acima de 200 mg/dL25.
Veja sobre "Retinopatia diabética30", "Nefropatia31 diabética" e "Prevenção do Diabetes Mellitus20 e suas complicações".
Como o médico trata a intolerância à glicose1?
O tratamento da intolerância à glicose1 envolve invariavelmente três medidas que implicam numa mudança do estilo de vida:
- Perda de peso de pelo menos 7% do peso atual.
- Dieta adequada, constituída por vegetais, frutas, grãos, legumes, laticínios, peixes, sementes e castanhas.
- Atividades físicas regulares, de pelo menos 150 minutos distribuídos nos sete dias de uma semana.
Quando essas mudanças não são suficientes para reverter ao normal os níveis glicêmicos, pode ser necessária uma medicação antidiabética. Se uma medicação tiver de ser usada, a primeira escolha quase sempre recai sobre a metformina32. Algumas poucas pessoas podem precisar tomar uma medicação adicional ou alternativa.
Como evolui a intolerância à glicose1?
Pelo menos 50% das pessoas classificadas como tendo intolerância à glicose1 desenvolverão diabetes3 nos próximos 10 anos. Contudo, a intolerância à glicose1 é um estágio que ainda pode ser revertido (curado?) para um estado de glicemia33 normal, com tratamento adequado. Quando se chega ao estágio de diabetes3, já não é possível uma “cura”. A doença pode ser controlada, mas não mais “curada”.
Quais são as complicações possíveis com a intolerância à glicose1?
A intolerância à glicose1, se não corrigida, quase sempre evolui para diabetes mellitus20, enfermidade que comporta graves complicações, como enfermidades cardiológicas, neurológicas e renais, entre outras.
Leia também sobre "Atitudes saudáveis para evitar o diabetes tipo 26", "Diabetes3 na adolescência" e "Diabetes3 autoimune34 latente ou diabetes3 1,5".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Journal of Glycobiology e da American Academy of Family Physicians.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.