Plasmaferese: o que é isso? Quem deve fazer? Quais são as possíveis complicações?
O que é plasmaferese?
Plasmaferese (ou plasmaférese) é uma técnica utilizada para fazer a separação entre o plasma1 e os outros elementos do sangue2 e para remover do plasma1 os elementos que possam estar sendo responsáveis pela doença do paciente. A indicação mais comum da plasmaferese é a remoção de anticorpos3 e complexos autoimunes4 que estejam atacando órgãos do próprio corpo. Em grego a palavra férese é derivada de um termo que significa "remover uma parte de seu todo".
O que é plasma1?
O plasma1 é a parte líquida do sangue2 e representa 55% do total dele, sendo que 90 a 92% dessa porção é de água e 8 a 10% é composta por enzimas, proteínas5, anticorpos3, células6, sais minerais, glicose7, hormônios e várias outras moléculas necessárias para o bom funcionamento do organismo. A parte restante é sólida, representada pelas células6 circulantes: hemácias8, na grande maioria; leucócitos9 e plaquetas10. Essas duas partes podem ser facilmente separadas quando o sangue2 é submetido à centrifugação11.
Em que consiste a plasmaferese?
A plasmaferese é feita com uma máquina muito parecida com a que faz hemodiálise12. O filtro usado é capaz de remover o plasma1 e com ele as substâncias que causam doenças. Enquanto que a hemodiálise12 retira do sangue2 apenas as substâncias tóxicas, a plasmaferese filtra todo o plasma1 e retira dele tanto as substâncias benéficas quanto as maléficas. E como o plasma1 é essencial ao sangue2, um volume de plasma1 fresco ou soro13 albuminado idêntico ao que vai sendo retirado deve ir sendo reposto por transfusão14. Geralmente, como na hemodiálise12, o paciente deve estar deitado numa cama ou recostado numa poltrona e o sangue2 deve circular pela máquina e retornar ao corpo. Para isso, cateteres são colocados numa grande veia do corpo (geralmente a veia jugular interna ou a femoral) por onde o sangue2 sai e retorna ao corpo. Este é ininterruptamente aspirado por tubo plástico estéril e conduzido ao equipamento responsável por realizar a plasmaferese. O sangue2 extraído é centrifugado pela máquina e o plasma1 é dirigido para uma bolsa de plástico e os outros componentes são retornados ao paciente através de outra via. Em geral adiciona-se um anticoagulante15 para evitar a coagulação16 do sangue2. Cada sessão dura em torno de duas horas e pode ser feita diariamente ou em dias alternados, conforme o caso, por um prazo a ser determinado pelo médico, mas costuma se estender por uma a duas semanas.
Quem deve fazer plasmaferese?
Todos aqueles pacientes dos quais se deseje remover do plasma1 os elementos patógenos (causadores de doenças), sobretudo aqueles afetados por certas doenças autoimunes4. As doenças sensíveis ao tratamento pela plasmaferese são relativamente poucas e incomuns. As duas maiores indicações da plasmaferese são a miastenia17 gravis e a síndrome18 de Guillan-Barré. Algumas enfermidades em que a plasmaferese pode ser indicada são, entre outras, o mieloma19 múltiplo, o lúpus20, a esclerose múltipla21, a púrpura22 trombocitopênica, algumas glomerulonefrites, alguns casos de rejeição ao transplante de órgãos. Como a plasmaferese apenas remove as substâncias indesejáveis, mas não faz cessar a produção delas, torna-se necessária a associação dela com medicações imunossupressoras. Logo após a sessão, o indivíduo fica com a imunidade23 mais baixa e, portanto, deve evitar o contato com possíveis transmissores de infecções24.
Quais são as complicações que podem acontecer na plasmaferese?
Existe a possibilidade de sangramentos e infecções24 no local da punção ou da colocação dos cateteres venosos.
Nas reposições do plasma1 com soro13 albuminado pode haver hemorragias25 decorrentes da falta de substâncias necessárias à coagulação16.
Nas reposições por plasma1 fresco há a possibilidade das mesmas doenças que podem ser transmitidas numa transfusão14 de sangue2, entre elas hepatites26 e AIDS.
A redução do nível plasmático de cálcio, em virtude de detalhes técnicos da plasmaferese, inibe a formação de trombos27 e a agregação plaquetária. A hipocalcemia28 deve ser cuidadosamente monitorada porque pode causar complicações graves e, inclusive, parada cardíaca.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.