Eletroforese das proteínas: o que é isso?
O que é eletroforese?
Eletroforese é um processo de separação de substâncias eletricamente carregadas mediante a migração diferenciada delas quando as mesmas são dissolvidas em um eletrólito1, através do qual é aplicada uma corrente elétrica. Essa técnica foi descoberta em 1937, pelo bioquímico sueco Arne Tisélius, que ganhou o Prêmio Nobel em 1948 por esse trabalho. Quando essas substâncias são as proteínas2 sanguíneas, fala-se em eletroforese das proteínas2.
Para que serve a eletroforese das proteínas2?
A eletroforese de proteínas2 é de grande importância no diagnóstico3 diferencial de algumas enfermidades, na avaliação da gravidade de alterações clínicas hematológicas e no diagnóstico3 de processos inflamatórios, gamopatias e disproteinemias4. É o teste mais utilizado para investigação de anormalidades proteicas presentes no sangue5. Taxas elevadas de proteínas2 plasmáticas ocorrem em função da hemoconcentração6 ou do aumento da produção de globulinas7, geralmente associado a processos inflamatórios. A hemoconcentração6 pode ser fisiológica8, em casos de contração esplênica9 e policitemia vera10.
Como se realiza a eletroforese das proteínas2?
Uma amostra de sangue5 humano é colhida numa veia e o soro11 é adicionado sobre um gel especial ao qual é aplicado um potencial elétrico gerado por um pólo positivo em um dos lados e outro negativo, do outro lado, o qual provoca uma migração diferenciada das diversas proteínas2, de acordo com o seu peso molecular e carga elétrica. Assim elas percorrem distâncias distintas, gerando diferentes bandas. As frações são quantificadas por densitometria12, gerando um gráfico que exibe as bandas. A comparação delas com um gráfico padrão demonstra as anormalidades por ventura existentes.
Quais são as principais proteínas2 encontradas nas bandas eletroforéticas e quais os seus significados clínicos?
Existe um grande número de proteínas2 identificadas no sangue5, mas as principais encontradas nas bandas eletroforéticas são a albumina13, alfa1-globulina14, alfa2-globulina14, betaglobulinas e gamaglobulinas15.
A albumina13 é a proteína mais abundante do plasma16, responsável por cerca de 80% de sua pressão oncótica17 e pelo transporte de inúmeras substâncias, como a bilirrubina18, o cálcio, os hormônios, os fármacos, etc. A quantidade de albumina13 no plasma16 diminui por falha em sua síntese no fígado19, por perda renal20, intestinal ou cutânea21 ou por condições que aumentam a permeabilidade22 capilar23, em estados de má absorção e subnutrição. A quantidade aumenta na desidratação24 ou por estase25 venosa excessiva.
A alfa-1-globulina14 atua na inibição de enzimas proteolíticas, podendo aumentar em processos inflamatórios agudos, em neoplasias26 e em doenças hepáticas27 e diminuir em virtude de um defeito genético grave, doença pulmonar ou hepática28 na infância.
A alfa-2-globulina14 elevada faz suspeitar de um processo inflamatório agudo29 ou de síndrome nefrótica30 e reduzida leva a pensar numa síndrome31 hemolítica.
A betaglobulina responde pelo transporte de ferro plasmático. Aumenta nos casos de carência de ferro e em processos inflamatórios e diminui em doenças autoimunes32.
A gamaglobulina33 é a fração eletroforética de maior interesse clínico. Sua diminuição ocorre em casos de imunodeficiências e no mieloma34 múltiplo não secretor e seu aumento se dá na cirrose35 hepática28, nas infecções36 subagudas e crônicas, doenças autoimunes32, etc.
Os resultados da eletroforese das proteínas2, correspondentes às frações separadas, são expressos em forma gráfica ou percentual de concentração das diversas frações e a interpretação deles fornece ao médico um importante auxílio no diagnóstico3 e acompanhamento de várias enfermidades.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.