Notalgia parestésica - o que é isso?
O que é parestesia1?
Parestesia1 é uma sensação cutânea2 subjetiva (sensação de frio, calor, formigamento, coceira, agulhadas, adormecimento, pressão, etc.) que é vivenciada espontaneamente, na ausência de estimulação provinda do exterior. Pode ocorrer caso algum nervo sensorial seja afetado, seja por contato ou pelo rompimento das terminações nervosas.
O que é notalgia3 parestésica4?
Notalgia3 (do grego: notos = dorso5 + algos = dor) parestésica4, também denominada síndrome6 pruriginosa interescapular ou síndrome6 prurítica disestésica7 (disestesia8 = alteração na sensibilidade), é uma síndrome6 neuropática9 sensitiva que acomete a região dorsal, caracterizada por um prurido10 localizado no dorso5, sobretudo na região interescapular. A condição foi mencionada pela primeira vez em 1934 por Astwazaturow, sendo pouco descrita na literatura médica posterior.
Quais são as causas da notalgia3 parestésica4?
A causa da notalgia3 parestésica4 não é totalmente conhecida, mas é considerada multifatorial, incluindo predisposição genética, aumento da inervação cutânea2 local, neurotoxicidade por agente químico e lesão11 dos nervos espinhais devido a trauma crônico12 e/ou compressão deles por alterações degenerativas13 da coluna ou tecidos moles adjacentes. Isso pode acontecer por lesão11 nas costas14, hérnia de disco15, doença da medula espinhal16 (mielopatia17) e herpes zóster (cobreiro).
Leia sobre "Hérnia de disco15 extrusa", "Lesões18 da medula espinhal16" e "Reeducação postural global (RPG)".
Qual é o substrato fisiológico19 da notalgia3 parestésica4?
A sensação de coceira é um processo complexo, envolvendo neurônios20 e células21 adjacentes a eles. A desregulação desse processo leva ao disparo de estímulos de fibras nervosas transmissoras de coceira sem um estímulo físico exterior. Acredita-se que a coceira tem de passar por pequenas fibras nervosas não mielinizadas sensíveis à histamina22, conhecidas como fibras C, e por uma segunda fibra nervosa bifuncional, o que pode explicar por que alguns pacientes com notalgia3 parestésica4 experimentam outras sensações além do prurido10, como parestesia1 e alodinia23 (experimentar dor por estímulos que, em princípio, não deveriam ser dolorosos).
Em muitos casos de notalgia3 parestésica4 é possível observar a participação das raízes nervosas24 sensitivas correspondentes ao mesmo metâmero25 em que se situa a alteração cutânea2. Mas, verificou-se que além dessa há outras diferentes causas concorrentes, que têm em comum o fato de interferirem com a integridade do nervo sensitivo periférico.
Atualmente, acredita-se que a notalgia3 parestésica4 seja uma síndrome6 neurocutânea que envolve raízes posteriores sensitivas da medula espinhal16, desencadeando crises pruriginosas26 que levam à coçadura e à consequente hiperpigmentação.
A pressão sobre os nervos restringe o fluxo sanguíneo, faz os nervos incharem e os danifica. O inchaço27 e os danos fazem com que os nervos reajam de forma exagerada e enviem mensagens ao cérebro28 de que a pessoa está com coceira ou dor, quando não está objetivamente com essas condições.
Quais são as características clínicas da notalgia3 parestésica4?
A notalgia3 parestésica4 é uma doença benigna, que aparece na vida adulta, mas que afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes. O sexo feminino é mais afetado que o sexo masculino e não há preferência por raça. O prurido10 característico é frequentemente associado à dor, sensação de queimação, formigamento, dormência29, "agulhadas" e maior sensibilidade ao calor, frio, toque e vibrações, podendo apresentar área bem delimitada de hiperpigmentação na região interescapular.
Geralmente, localiza-se entre os dermátomos30 (uma área da pele31 em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa) de T2 a T6 (segunda e sexta vértebras torácicas32) e caracteriza-se por uma evolução crônica com períodos de remissão e exacerbação.
Têm sido descritas apresentações atípicas de notalgia3 parestésica4, incluindo prurido10 localizado na parte superior das costas14, couro cabeludo e ombro. Também têm sido descritas coceiras atípicas compatíveis com notalgia3 parestésica4 em antebraços, braços e/ou extremidades inferiores, incluindo as solas dos pés.
Como o médico diagnostica a notalgia3 parestésica4?
O diagnóstico33 é eminentemente34 clínico, baseado nos sintomas35, e nem sempre é fácil. Um exame físico da região interescapular também pode detectar sinais36 de anomalias da curvatura da coluna vertebral37, sinais36 de coçadura ou hiperpigmentação da pele31. Deve ser obtida também uma história médica detalhada sobre trauma vertebral e torácico, doenças degenerativas13 ou malignidades, fratura38 vertebral, doença do disco cervical, osteoartrite39, etc.
Exames laboratoriais podem ser eventualmente requeridos para excluir outras causas importantes: doenças degenerativas13, neoplasias40 e processos inflamatórios de origem não definida que afetem a coluna vertebral37 e a medula espinhal16. Um diferencial deve ser feito com dermatite41 de contato, prurido10 decorrente de picada de inseto, erupção42 medicamentosa, herpes zóster, líquen simples crônico12, neurodermatite e prurido10 diabético.
Como o médico trata a notalgia3 parestésica4?
O tratamento básico consiste em minimizar o prurido10, tratando a causa, quando ela é conhecida. Alongamentos, massagens, estimulação elétrica transcutânea, acupuntura, toxina43 botulínica e medicação sistêmica (analgésicos44, gabapentina, talidomida) por vezes se mostram úteis, embora sejam sintomáticos. Os tratamentos das alterações da coluna também têm sido promissores, visando a correção de posturas e/ou da osteoporose45 que aproxima as vértebras e resulta em pressão sobre as fibras nervosas sensitivas. Apesar de tudo isso, o tratamento da notalgia3 parestésica4 continua sendo desapontador, a longo prazo.
Veja também sobre "Osteoporose45", "Método de Busquet", "Fisioterapia46" e "Envelhecimento saudável".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do National Institutes of Health (NIH) e do American Osteopathic College of Dermatology.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.