Disfunção endotelial - causas, características clínicas, diagnóstico, tratamento e prevenção
O que é disfunção endotelial?
A disfunção endotelial é um tipo de doença arterial coronariana não obstrutiva devido a alterações do endotélio1 dos vasos sanguíneos2, em que não há bloqueios das artérias3 cardíacas, mas os grandes vasos sanguíneos2 na superfície do coração4 se contraem em vez de se dilatarem. Ela precede a formação de arteriosclerose5 das artérias3 coronarianas e suas consequências.
O que é endotélio1?
O endotélio1 é a monocamada de células6 achatadas de espessura variável que reveste o interior dos vasos sanguíneos2, incluindo vasos linfáticos, artérias3, veias7, câmaras do coração4 e, especialmente, os capilares8, onde atuam como uma barreira permeável entre o sangue9 circulante e os demais tecidos. Mas sua função não é de simples barreira de difusão passiva.
Ele exerce função determinante no controle da homeostase vascular10, participando da regulação de sinais11 intracelulares, permeabilidade12 e tônus vascular10, da cascata de coagulação13 e da angiogênese14 (produção de vasos sanguíneos2 novos), entre outras. Suas células6 são tipicamente epiteliais quanto à sua estrutura, posição e função, desenvolvem-se a partir do mesoderma e são chamadas de células6 endoteliais.
Leia sobre "Angina15 de peito16", "Infarto do miocárdio17" e "Dor no peito16: é sempre um sinal18 de alerta?"
Quais são as causas da disfunção endotelial?
A disfunção endotelial é causada quando o endotélio1 é agredido por um fator qualquer, incluindo diabetes mellitus19 ou síndrome metabólica20, hipertensão arterial21, hipercolesterolemia22, tabagismo e inatividade física ou uma combinação de mais de um desses fatores.
Qual é o substrato fisiológico23 da disfunção endotelial?
Antigamente pensava-se que o papel do endotélio vascular24 era principalmente o de ser uma barreira seletiva para a difusão de substâncias do interior dos vasos sanguíneos2 para o espaço intersticial25. Nos últimos 20 anos, no entanto, muitas outras funções têm sido atribuídas a ele, como a regulação do tônus vagal, promoção e inibição do crescimento vascular10 e modulação da inflamação26, da agregação plaquetária e da coagulação13.
Esse achado é considerado um dos mais importantes conceitos da biologia vascular10 moderna. O endotélio vascular24 produz substâncias biológicas, como o óxido nítrico, por exemplo, que contribuem para manter o tônus vascular10 e manter uma superfície endotelial não aderente.
O endotélio vascular24, quando agredido, perde progressivamente suas funções de proteção, passando a ser fonte de progressão das condições que levam à aterosclerose27, alterando sobretudo a resposta vasodilatadora, reduzindo a atividade antitrombótica e provocando dano vascular10.
A disfunção endotelial está sempre antecedentemente presente nos pacientes com aterosclerose27 das artérias coronárias28 e influencia na progressão dessa doença e de seus eventos adversos. As agressões ao endotélio1 geram uma resposta inflamatória, levando a um quadro de disfunção da célula29 endotelial, dando origem também ao enrijecimento da parede vascular10 e formação da placa30 de aterosclerose27.
A disfunção endotelial leva a uma redução de vasodilatadores derivados do endotélio1, tais como o óxido nítrico, marca funcional da disfunção endotelial.
Quais são as características clínicas da disfunção endotelial?
Atualmente, a aterosclerose27 é a principal doença que decorre da disfunção endotelial. Estudos experimentais têm demonstrado que exercícios físicos adequados são capazes de restaurar e melhorar a função endotelial pelo efeito vasodilatador que têm e pela atuação deles sobre os fatores de risco. Entretanto, a literatura ainda é controversa quanto à intensidade de esforço necessária para provocar alterações protetoras significativas na função endotelial, já que quando em excesso os exercícios podem ter efeito inverso. A relação entre exercícios intensos e aumento no consumo de oxigênio, com consequente aumento na formação de radicais livres, também é aventada como desfavorável.
A disfunção endotelial tende a afetar mais mulheres do que homens. Os sinais11 e sintomas31 incluem, entre outros: dor no peito16; aperto ou desconforto (angina15) no peito16, que pode piorar durante as atividades diárias e em momentos de estresse; desconforto no braço esquerdo, mandíbula32, pescoço33, costas34 ou abdômen associado à dor no peito16; falta de ar; cansaço e falta de energia.
Como o médico diagnostica a disfunção endotelial?
A função da camada endotelial dos vasos pode ser avaliada pela responsividade dela a estímulos vasodilatadores e/ou vasoconstritores. Os métodos consistem em análises in vitro, como cultura de células6 endoteliais, e in vivo, como a dilatação mediada pelo fluxo sanguíneo, pletismografia por oclusão venosa ou dosagem de marcadores séricos. No entanto, usualmente nenhuma dessas técnicas é utilizada para diagnóstico35 clínico, uma vez que elas são muito invasivas, caras ou difíceis de padronizar.
Como o médico trata a disfunção endotelial?
As principais medidas terapêuticas usualmente empregadas envolvem o emprego de medicamentos tais como os inibidores da enzima36 conversora da angiotensina, β-bloqueadores, estatinas, L-arginina e a prática de exercícios físicos, que se demonstram eficazes na redução do processo inflamatório do endotélio1, representando um importante benefício na melhora sintomática37 e no prognóstico38 da doença. Lembrando que o excesso de atividades físicas pode ser prejudicial.
Como prevenir a disfunção endotelial?
Como ainda é difícil diagnosticar a aterosclerose27 subclínica, o grande desafio é procurar evitá-la. Na verdade, os médicos fazem isso no dia-a-dia, seja sugerindo mudanças no estilo de vida ou com medicações para normalizar os lipídeos, a pressão arterial39 e a glicemia40.
Veja também sobre "Síndrome metabólica20", "Peso ideal e como calculá-lo" e "Como reduzir os níveis de LDL colesterol41".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da American Heart Association Journals e do periódico Vascular Health Risk Management.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.