Febre familiar do Mediterrâneo
O que é a febre1 familiar do Mediterrâneo?
A Febre1 Familiar do Mediterrâneo é um distúrbio orgânico que causa episódios recorrentes de febre1 e inflamação2 dolorosa do abdômen, tórax3 e articulações4. Geralmente, ocorre em pessoas de origem mediterrânea (judeus, árabes, armênios, turcos, norte-africanos, gregos ou italianos), mas pode afetar pessoas de qualquer grupo étnico.
Quais são as causas da febre1 familiar do Mediterrâneo?
A Febre1 Familiar do Mediterrâneo é um distúrbio genético hereditário, autossômico5 recessivo, ocasionado por mutações no gene MEFV localizado no braço curto do cromossomo6 16. Esse gene normalmente codifica uma proteína chamada pirina, que faz parte do sistema imunológico7 inato. Presume-se que ela atenue as respostas inflamatórias.
As mutações nesse gene resultam em moléculas de pirina alteradas que não podem suprimir gatilhos menores e desconhecidos das inflamações8, os quais são normalmente controlados pela pirina intacta. A consequência clínica é um surto espontâneo de inflamações8.
Qual é o substrato fisiopatológico da febre1 familiar do Mediterrâneo?
As mutações no gene do cromossomo6 16 que codifica a proteína chamada pirina levam à síndrome9 da Febre1 Familiar do Mediterrâneo, embora algumas mutações causem um quadro mais grave do que outras. A função da pirina ainda não foi elucidada, mas em suma, é uma proteína implicada na geração de resposta a determinadas inflamações8.
Não se sabe conclusivamente o que exatamente desencadeia os ataques da Febre1 Familiar do Mediterrâneo, que leva a sintomas10 específicos em órgãos específicos como, por exemplo, articulações4 ou cavidade peritoneal11.
Leia sobre "Reumatismos inflamatórios sistêmicos12", "Fator reumatoide" e "Doenças autoimunes13".
Quais são as características clínicas da febre1 familiar do Mediterrâneo?
O primeiro episódio da Febre1 Familiar do Mediterrâneo costuma ocorrer na infância ou na adolescência, mas também pode ocorrer mais tarde na vida. Normalmente, os episódios duram de 12 a 72 horas e podem variar em gravidade. O tempo entre os ataques também é variável e pode ser contado em dias ou anos. Durante esses períodos, os indivíduos afetados não apresentam sinais14 ou sintomas10 relacionados à doença, mas sem tratamento para prevenir os ataques e complicações pode ocorrer um acúmulo de proteínas15 (amiloidose16) nos órgãos e tecidos do corpo, especialmente nos rins17, o que pode levar à insuficiência renal18.
As principais manifestações da Febre1 Familiar do Mediterrâneo são episódios recorrentes de febre1, acompanhados de dor abdominal (peritonite19?), torácica (pleurite?) ou articular (artrites?). Nem todos os pacientes terão todos os sintomas10, e eles podem mudar com o tempo. Os episódios duram em média de um a três dias e desaparecem espontaneamente, sem tratamento.
A maioria das pessoas parece e se sente saudável entre os episódios, mas algumas crianças têm episódios tão frequentes que não se recuperam totalmente e não crescem adequadamente. Alguns dos episódios podem ser tão fortemente dolorosos que o paciente ou a família (se for uma criança) costumam recorrer a um pronto-socorro.
A dor abdominal intensa pode ser confundida com apendicite20 e alguns pacientes podem ser submetidos a cirurgia para remover o apêndice21. A dor no peito22 pode ser tão intensa que torna difícil respirar profundamente. As articulações4 podem estar tão inchadas e doloridas que a pessoa não consegue andar.
A dor nas articulações4 pode acompanhar os episódios de febre1. Normalmente, apenas uma articulação23 é afetada por vez, mais comumente um tornozelo24 ou um joelho. Um terço dos pacientes pode ter uma erupção25 vermelha nas extremidades inferiores, perto dos tornozelos e dos pés. Em alguns deles, o único achado da doença podem ser episódios de dor e inchaço26 nas articulações4, que podem ser erroneamente diagnosticados como febre reumática27 aguda ou artrite28 idiopática29 juvenil. O inchaço26 das articulações4 tende a desaparecer em 5 a 14 dias, mas às vezes pode se tornar crônico30.
Alguns pacientes relatam dores musculares nas pernas, principalmente após esforço físico. Crianças menores de cinco anos podem ter apenas episódios de febre1 recorrente sem outros sintomas10.
Como o médico diagnostica a febre1 familiar do Mediterrâneo?
O diagnóstico31 da Febre1 Familiar do Mediterrâneo inicialmente parte dos sintomas10 e do exame físico, podendo ser difícil de ser feito. Em casos em que há suspeita da doença, um teste para procurar mutações genéticas pode ser feito.
Suspeita-se de Febre1 Familiar do Mediterrâneo em crianças com febre1 episódica e uma origem étnica comum para a condição. Muitas vezes, um membro da família também tem febre1 ou insuficiência renal18 inexplicável. As crianças, especialmente aquelas com menos de cinco anos de idade, podem ter febres periódicas sem outros sintomas10, por isso é preciso observação cuidadosa e às vezes prolongada para se fazer um diagnóstico31 correto. Examinar a criança durante a febre1 e obter exames laboratoriais que mostrem sinais14 de inflamação2 pode ser útil.
Em alguns casos, um medicamento chamado colchicina pode ser administrado por três a seis meses como teste para verificar se os episódios de dor e febre1 se tornam menos frequentes ou menos graves, o que pode apoiar o diagnóstico31 de Febre1 Familiar do Mediterrâneo.
Como o médico trata a febre1 familiar do Mediterrâneo?
Embora não haja cura para esse distúrbio, ele pode ser controlado com o uso de colchicina durante toda a vida. A colchicina é um medicamento que impede que os episódios comecem, mas não trata um episódio que já tenha começado. Se a colchicina for tomada regularmente, a grande maioria das pessoas com a Febre1 Familiar do Mediterrâneo (inclusive crianças) pode viver uma vida normal com uma expectativa de vida32 também normal.
No entanto, a colchicina pode causar efeitos colaterais33 como diarreia34, náuseas35, vômitos36, cólicas37 abdominais e outras alterações nos padrões de funcionamentos orgânicos. Portanto, esse medicamento precisa ser administrado com cautela e sob supervisão médica. Mas, convenientemente ajustada, as crianças que tomam colchicina crescem normalmente.
Saiba mais sobre "Febre reumática27", "Artrite reumatoide38" e "Dores nas juntas".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do GARD – Genetic and Rare Diseases Information Center e do American College of Rheumatology.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.