Sepse em crianças
O que é sepse1 em crianças?
Quando uma criança (ou adulto) tem uma infecção2 por vírus3, bactérias ou fungos, o sistema imunológico4 do corpo entra em ação para combatê-la. Geralmente os sintomas5 dessas infecções6 são tratáveis e uma resposta imunológica saudável garante que a criança se recupere totalmente em poucos dias. No entanto, quando o sistema imunológico4 libera substâncias químicas na corrente sanguínea para combater a infecção2, essas substâncias podem atacar órgãos e tecidos normais, tornando a situação bem mais grave e, por vezes, fatal.
Essa reação imune exagerada é denominada sepse1, e pode ocorrer tanto em crianças quanto em adultos. Embora a sepse1 seja uma condição muito grave, ela é, felizmente, bastante rara.
Quais são as causas da sepse1 em crianças?
A sepse1 que afeta recém-nascidos é quase sempre causada por bactérias circulantes no sangue7. Bebês8 prematuros, especialmente aqueles que precisam passar algum tempo na UTI neonatal, correm maior risco de sepse1 porque têm um sistema imunológico4 ainda não desenvolvido e, ao mesmo tempo, precisam de procedimentos médicos mais arriscados. Eles podem ser expostos a bactérias por meio de manobras médicas que envolvem penetrar no organismo – como acessos intravenosos, cateteres ou tubos respiratórios, por exemplo.
Ocasionalmente, infecções6 transmitidas da mãe para o bebê também podem causar sepse1. Os riscos de infecção2 em recém-nascidos ficam aumentados se há infecção2 materna durante o trabalho de parto, infecção2 do útero9 ou da placenta, ruptura do saco amniótico antes de 37 semanas de gestação e ruptura do saco amniótico 18 horas ou mais antes do parto.
Qual é o substrato fisiopatológico da sepse1 em crianças?
O espectro da sepse1 varia de invasão microbiana da corrente sanguínea ou intoxicação com sinais10 precoces de comprometimento circulatório até colapso11 circulatório completo com síndrome12 de disfunção de múltiplos órgãos e morte. Todas essas manifestações fazem parte do que é mais apropriadamente denominado Síndrome12 da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS ou SIRS, do inglês Systemic Inflammatory Response Syndrome), que resulta de um insulto infeccioso e da resposta do hospedeiro a ele.
Se a SIRS for identificada e revertida precocemente, a cascata inflamatória subsequente pode ser evitada ou atenuada. No entanto, em algumas situações, danos adicionais ocorrem porque o insulto ou a resposta imune do hospedeiro é muito grande. Se a SIRS não for identificada e revertida precocemente, o débito cardíaco13 pode cair, a resistência vascular14 periférica pode aumentar e pode ocorrer uma derivação do sangue7 de seu fluxo normal. Isso resulta em hipóxia15 tecidual, disfunção de órgão-alvo, acidose16 metabólica, lesão17 ou falha do órgão-alvo e morte.
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Quais são as características clínicas da sepse1 em crianças?
A sepse1 leva a uma inflamação18 grave em todo o corpo que, por sua vez, pode gerar danos aos tecidos e falência de órgãos. Quando os órgãos começam a parar de funcionar, o corpo pode entrar em um estágio de sepse1 chamado “choque19 séptico” e a ameaça de morte é iminente.
Recém-nascidos ou bebês8 com sepse1 podem apresentar esses sintomas5:
- fontanelas20 ou moleiras (espaço amolecido entre os ossos do crânio21 dos recém-nascidos) salientes;
- alterações na frequência cardíaca;
- diminuição da micção22;
- dificuldade em acordar e se manter acordado;
- desinteresse ou dificuldade em se alimentar;
- febre23 alta;
- incapacidade ou falta de vontade de fazer contato visual;
- irritabilidade e/ou choro inconsoláveis;
- icterícia24 (pele25 e/ou olhos26 amarelados);
- letargia27;
- pausas respiratórias (apneias) por mais de 10 segundos;
- irritação na pele25 que se torna pálida, irregular ou azulada (cianose28);
- dificuldade em respirar ou respiração rápida.
Em crianças maiores, os sintomas5 podem incluir, além desses, confusão mental e detecção de uma infecção2 pré-existente – como pneumonia29, por exemplo.
O choque19 séptico é um agravamento da sepse1 e apresenta:
- uma pressão arterial30 muito baixa que não responde aos tratamentos típicos;
- dor abdominal;
- atividade cardíaca anormal;
- mudança no estado mental;
- plaquetas31 muito diminuídas;
- dificuldade ao respirar;
- diminuição significativa da produção de urina32.
Como o médico diagnostica a sepse1 em crianças?
Se o médico suspeitar de sepse1 ou quiser descartar uma infecção2 grave, ele pedirá exames de sangue7 para analisar a existência de infecção2. A função hepática33 ou renal34 pode estar anormal ou os níveis de oxigênio podem estar baixos, indicando sepse1. Ao examinar uma amostra de urina32, o médico pode procurar por bactérias que possam indicar sepse1.
Provavelmente ele fará também uma punção lombar e, ao examinar uma amostra de líquido espinhal, poderá verificar se há infecção2, incluindo meningite35. Por outro lado, uma radiografia de tórax36 ou outros exames de imagens podem mostrar pneumonia29 ou outras condições que causam sepse1.
Como o médico trata a sepse1 em crianças?
O tratamento deve ser iniciado quanto antes possível para evitar danos aos órgãos. Se a criança tiver sepse1, ela precisará ser tratada no hospital com antibióticos e fluidos intravenosos, bem como medicamentos para pressão arterial30 e, em alguns casos, equipamentos para ajudá-la a respirar.
O médico pode iniciar o tratamento com altas doses de antibióticos imediatamente, mesmo antes dos exames diagnósticos específicos voltarem do laboratório, continuando-os ou modificando-os conforme os resultados dos exames.
Como prevenir a sepse1 em crianças?
Não há como prevenir todos os casos de sepse1, mas existem maneiras de proteger as crianças das infecções6 que podem causá-la. As vacinas existentes contra muitos agentes infecciosos devem estar em dia. A mulher que esteja grávida deve fazer o teste de GBS (coleta com uma espátula ou com um cotonete de material na superfície da entrada da vagina37 e do períneo38) entre as semanas 35 e 37 da gestação, para análise em laboratório e saber se precisa de antibióticos e de qual deles, durante o trabalho de parto, de modo a não contaminar o bebê.
Outras crianças que podem eventualmente entrar em contato com um recém-nascido devem estar em dia com as vacinas. Pessoas doentes, mesmo de uma doença simples como a gripe39, não devem ser permitidas de visitar bebês8 e crianças pequenas. Deve-se cuidar para que todo dispositivo que venha a ser introduzido no corpo da criança esteja bem esterilizado.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NHS – National Health Service e do Hospital Infantil Sabará – SP.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.