Distúrbios da coagulação sanguínea
A coagulação1 normal do sangue2
A coagulação1 sanguínea consiste na transformação do sangue2 líquido num gel sólido, designado de coágulo3 sanguíneo ou trombo4. Ela tem como objetivo principal tamponar um vaso lesado e fazer cessar a hemorragia5 decorrente.
Normalmente, o sangue2 que circula no interior dos vasos sanguíneos6 é líquido, mas quaisquer lesões7 no endotélio8 dos vasos iniciam dois processos locais que poderão levar à coagulação1: (1) concentração de plaquetas9 e (2) formação de fibrina10 reticulada. Os dois eventos vão dar formação a um tampão cujo objetivo é tentar conter o sangramento.
Mas, a coagulação1 sanguínea é mais que isso. Ela compreende uma complexa cascata sequencial de reações químicas que resultam ao final na formação desse coágulo3 de fibrina10. Várias proteínas11 sintetizadas no fígado12 são envolvidas nesse processo e a alteração em qualquer uma delas resulta em um distúrbio da coagulação1. Cada uma dessas proteínas11 é denominada fator de coagulação1 e são numeradas com algarismos romanos de I a XIII. De fato, o que acontece é que, vencida cada etapa, a proteína da etapa seguinte é sucessivamente ativada e chamada a exercer seu papel no processo.
Se a pessoa tem baixa atividade de coagulação1, uma pequena lesão13 pode sangrar excessivamente, e se tem essa atividade em demasia, o sangue2 pode coagular14 dentro dos vasos sanguíneos6. Ambas as condições são perigosas: uma coagulação1 deficiente pode fazer com que mesmo uma pequena lesão13 leve a uma perda de sangue2 grave, e uma coagulação1 excessiva pode fazer com que vasos sanguíneos6 pequenos em locais críticos, como no cérebro15 ou coração16, por exemplo, sejam obstruídos por coágulos.
O que são distúrbios da coagulação1 sanguínea?
Os distúrbios da coagulação1 do sangue2 são disfunções na capacidade do corpo de controlar a formação e dissolução de coágulos sanguíneos. Eles ocorrem quando o corpo é incapaz de produzir quantidades suficientes das proteínas11 necessárias para ajudar a coagular14 o sangue2. Essas proteínas11 são, todas elas, produzidas no fígado12. Daí já se vê que doenças hepáticas17 também podem alterar o processo de coagulação1.
De um modo geral, existem dois tipos de distúrbios da coagulação1 sanguínea: (1) coagulação1 deficiente, que leva a sangramentos anormais e (2) coagulação1 excessiva, que leva ao surgimento de coágulos de sangue2 no interior dos vasos sanguíneos6 e à trombose18.
Saiba mais sobre "Como se dá a coagulação1 sanguínea", "Coagulopatias", "Coagulograma" e "Hemostasia19".
Quais são os principais distúrbios da coagulação1 sanguínea?
Hemofilia20
O termo hemofilia20 abrange diversas condições genéticas hereditárias, ou um distúrbio autoimune21 raro, as quais têm em comum a incapacidade de controlar os sangramentos, em razão de defeitos nos mecanismos de coagulação1 do sangue2. O hemofílico, à diferença do indivíduo normal, não forma o coágulo3 que tenta estancar os sangramentos.
Clinicamente, a hemofilia20 se caracteriza pela grande facilidade com que os sangramentos se dão, tanto externa como internamente, muitos deles ocorrendo de modo espontâneo.
Doença de Von Willebrand
A doença de Von Willebrand é um distúrbio hereditário da coagulação1 sanguínea devido a uma disfunção plaquetária que ocorre pela diminuição dos níveis séricos do fator VIII da cascata de coagulação1, chamado também de fator de von Willebrand.
Existem também casos raros de doença de von Willebrand adquirida, relacionadas a doenças linfoides22, mieloma23 múltiplo, macroglobulinemia24, doenças mieloproliferativas25, alguns tumores e algumas doenças autoimunes26. Clinicamente, se caracteriza por apresentar sangramentos espontâneos ou provocados, desproporcionais às lesões7 que os provocou.
Deficiência de vitamina27 K
Algumas das proteínas11 envolvidas no processo de coagulação1, produzidas pelo fígado12, necessitam de vitamina27 K para sua elaboração. A falta dela prejudica o mecanismo da coagulação1 sanguínea. Os sintomas28 da deficiência de vitamina27 K incluem o sangramento excessivo de qualquer ferimento, das mucosas29 e da pele30, hemorragias31 nasais, hemorragias31 internas do intestino ou do estômago32, melena33, hematúria34 ou quaisquer outras manifestações de coagulação1 deficiente.
Do ponto de vista clínico, a deficiência da vitamina27 K pode resultar em sangramentos descontrolados e os ossos podem enfraquecer, potencialmente levando à osteoporose35, e pode ocorrer a calcificação36 de artérias37 e outros tecidos moles.
Disfunção plaquetária
A agregação plaquetária é um mecanismo essencial à formação do coágulo3 sanguíneo. O mal funcionamento das plaquetas9 altera o processo de formação de coágulo3 e, assim, da coagulação1. A disfunção plaquetária pode surgir em virtude de alterações quantitativas (para mais ou para menos) ou funcionais das plaquetas9, e ser devido a um defeito intrínseco das plaquetas9 ou pela ação de fator extrínseco, como certos medicamentos, por exemplo.
Clinicamente, ela se manifesta pela formação de petéquias38 na pele30 ou de hematomas39 (manchas roxas) ante traumas de pequena intensidade.
Coagulação1 intravascular40 disseminada
A coagulação1 intravascular40 disseminada é uma condição na qual o sangue2 começa a coagular14 dentro dos vasos, por todo o corpo. A coagulação1 intravascular40 disseminada leva à deposição de fibrina10 nos microvasos e à inibição da fibrinólise41 posterior, o que contribui ainda mais para a acumulação de fibrina10 no interior dos vasos.
As doenças infecciosas, em particular a septicemia42 bacteriana, são as mais comumente associadas a ela, embora possa ocorrer em associação com uma grande variedade de outras condições clínicas. O evento comum a elas é a lesão13 endotelial promovida pela infecção43, que causa excessivas adesão e agregação das plaquetas9, formação de trombo4 e alteração da fibrinólise41. Isso compromete o fluxo sanguíneo para diversos órgãos, o que em conjunto com alterações metabólicas e hemodinâmicas pode contribuir para a falência deles.
Leia também sobre "Anticoagulantes44: prós e contras", "Trombocitose45 ou plaquetose", "Mieloma23 múltiplo" e "Leucemias".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Revista Médica de Minas Gerais e do Johns Hopkins Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.