Hemofilia. O que saber sobre ela?
O que é hemofilia1?
O termo hemofilia1 não denomina uma doença apenas, mas abrange diversas doenças genéticas, hereditárias ou de um distúrbio autoimune2 raro, as quais têm em comum a incapacidade de controlar os sangramentos, em razão de defeitos nos mecanismos de coagulação3 do sangue4.
O hemofílico, diferente do indivíduo “normal”, não forma o coágulo5 que estanca o sangue4.
O sangramento tanto pode ser externo, se a pele6 for danificada por um corte, abrasão ou ferimento, quanto pode ser interno, no tecido7 muscular ou em cavidades orgânicas. As hemorragias8 internas são mais graves porque são mais difíceis de serem diagnosticadas.
Há vários tipos de hemofilia1. Na hemofilia1 A, a mais comum de todas (cerca de 90% dos casos) falta o fator VIII da coagulação3; na hemofilia1 B falta o fator IX e na hemofilia1 C falta o fator XI.
Quais são as causas da hemofilia1?
A hemofilia1 é uma doença genética e hereditária, transmitida de pais para filhos, no momento da concepção9. O gene que causa a hemofilia1 é transmitido pelo par de cromossomos10 sexuais XX. Em geral, as mulheres não desenvolvem a doença, mas são portadoras do defeito e são capazes de transmiti-lo. O filho do sexo masculino é que pode manifestar a enfermidade. Mas embora seja raríssimo, existem também mulheres hemofílicas.
Quais são os sinais11 e sintomas12 da hemofilia1?
As manifestações das diferentes formas de hemofilia1 são praticamente as mesmas e se caracterizam pela grande facilidade com que os sangramentos se dão, muitos deles ocorrendo espontaneamente.
Na maior parte das vezes os sangramentos são internos, mas podem também ser externos e surgirem após um trauma ou acontecer sem nenhuma razão aparente.
Em casos moderados ou graves os sangramentos podem ser repetitivos. Muitas vezes ocorrem hemorragias8 intramusculares ou intra-articulares reincidentes, as quais desgastam as cartilagens13 e provocam lesões14 ósseas. Os principais sintomas12 são dor, elevação da temperatura e restrição do movimento. As articulações15 mais comprometidas são joelho, tornozelo16 e cotovelo.
Os sangramentos podem ocorrer desde o primeiro ano de vida, sob a forma de manchas roxas que aparecem com excessiva facilidade quando, por exemplo, a criança cai. Em quadros mais leves, o sangramento ocorre em situações como cirurgias, extração de dentes e traumatismos. Em alguns casos podem causar pressão sobre os nervos, resultando em dormência17, dor ou incapacidade de movimento.
Como o médico diagnostica a hemofilia1?
O primeiro passo para um diagnóstico18 correto é uma história clínica bem feita. Dosagens laboratoriais dos respectivos fatores de coagulação3 podem ser realizadas para determinar o tipo de hemofilia1.
Como é o tratamento da hemofilia1?
Não há cura para a hemofilia1, mas a doença pode ser controlada com a reposição intravenosa regular dos fatores de coagulação3 que estejam deficientes. Alguns hemofílicos, no entanto, desenvolvem anticorpos19 contra tais fatores.
Nas hemofilias severas, o paciente hemofílico pode receber uma terapia de reposição regularmente para evitar sangramentos, é a chamada terapia preventiva ou profilática. Nas hemofilias leves, usa-se fazer a terapêutica20 de reposição, a qual é usada apenas quando um sangramento ocorre, é a chamada terapia por demanda. Esta é menos invasiva e mais barata que a primeira.
Os concentrados de fator de coagulação3 podem ser feitos a partir do sangue4 humano tratado para prevenir a transmissão de doenças virais, por exemplo. Para reduzir ainda mais este risco, pode-se usar concentrados que não utilizam sangue4 humano, são os fatores de coagulação3 recombinantes. Eles podem ser fornecidos ao paciente hemofílico como uma dose terapêutica20 domiciliar para uso imediato em caso de hemorragias8 inesperadas, a qual deve ser aplicada por ele mesmo ou por uma pessoa próxima previamente treinada.
O paciente deve também se valer da fisioterapia21 após a fase aguda do sangramento para fortalecer a musculatura e as articulações15, acelerando a recuperação e diminuindo a possibilidade de sequelas22.
Quais são os cuidados que um hemofílico deve ter?
- Evitar e proteger-se de traumatismos que produzam sangramentos.
- Imobilizar as articulações15 em casos de hemorragias8 articulares.
- Observar e anotar episódios hemorrágicos23 para serem informados ao médico.
- Ter cuidados especiais na realização de cortes de cabelo24, barba ou unhas25, lavagens intestinais, aplicação de calor, etc.
- Ao escovar os dentes, ter cuidados para não machucar as gengivas ou a mucosa26 oral.
- Em caso de necessidade de realização de alguma cirurgia, o hemofílico deve receber previamente uma medicação adequada para melhorar temporariamente a coagulação3. Um médico hematologista deve ser consultado regularmente.
- Pacientes hemofílicos não devem usar medicamentos como aspirina, heparina, warfarina e determinados analgésicos27 e anti-inflamatórios não hormonais, pois podem agravar os sangramentos.
Levar sempre consigo um cartão identificando-se como hemofílico e contendo:
- Grupo sanguíneo e fator Rh.
- Nome da pessoa a ser avisada em caso de urgência28.
- Nome e telefone do médico assistente e do hospital para onde deseja ser levado.
Como evolui a hemofilia1?
O acompanhamento e tratamento corretos costumam ajudar muito a evitar as complicações desta condição.
Alguns hemofílicos produzem anticorpos19 contra os fatores VIII e IX transfundidos e por isso as transfusões tornam-se ineficazes, no entanto, a dosagem de concentrados de plasma29 pode ser aumentada ou podem ser utilizados diferentes tipos de fatores da coagulação3 ou drogas para reduzir os níveis dos anticorpos19, visando contornar o problema.
Os hemofílicos que sofram sangramentos de maior porte podem mais facilmente chegar ao óbito30.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.