Dispraxia - Também conhecida como síndrome do desastrado!
O que é dispraxia?
Dispraxia (do grego: "dys" = dificuldade + "praxia" = agir) é uma disfunção neurológica que impede o cérebro1 de desempenhar os movimentos corretamente, caracterizada por um transtorno do desenvolvimento da coordenação motora. Esse transtorno compromete acentuadamente as atividades da vida diária e o rendimento escolar, e pode inclusive comprometer a articulação2 e a fala. Estima-se que 5% das crianças possuem esse transtorno e ele é quatro vezes mais comum em meninos que em meninas.
Dependendo do tipo de movimento afetado, a dispraxia pode compreender três tipos clínicos diferentes:
- A dispraxia motora é caracterizada por dificuldades para coordenar os músculos3.
- A dispraxia postural leva à dificuldade para manter uma postura correta.
- A dispraxia da fala é a dificuldade para pronunciar as palavras de forma correta.
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Quais são as causas da dispraxia?
As causas da dispraxia ainda não estão bem estabelecidas. É possível que haja causas hereditárias, ligadas a falhas nas conexões neuronais, o que gera a lentidão no processamento cerebral das informações. Caso estas alterações afetem também a esfera sensorial dos diferentes sentidos corporais, o planejamento motor pode vir a ser afetado.
Em cerca de 50% dos casos, a dispraxia está associada ao transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou a outro transtorno de aprendizagem, como acalculia, disgrafia e dislexia, e com problemas na memória. A dispraxia que surge no adulto acontece devido a traumas ou lesões4 cerebrais, como acidente vascular cerebral5 ou traumatismo6 craniano mecânico, por exemplo.
Alguns fatores de risco, tais como ter nascido prematuramente ou com baixo peso, ter história familiar de dispraxia, o uso de bebida alcoólica ou drogas ilegais pela mãe durante a gestação, todos contribuem com a possibilidade de dispraxia.
Quais são as características clínicas da dispraxia?
A dispraxia não afeta a inteligência e as funções cognitivas. Pode afetar as habilidades de coordenação em tarefas que exigem equilíbrio, como praticar esportes ou aprender a dirigir um carro, por exemplo. Pode também afetar habilidades motoras finas, como escrever ou usar pequenos objetos. Por tudo isso e pelo fato de que as pessoas afetadas costumam quebrar objetos com frequência, tropeçar e cair sem motivo aparente, é popularmente chamada de "síndrome7 do desastrado".
Seus sintomas8 são a falta de coordenação motora, falta de percepção das três dimensões e falta de equilíbrio. A criança dispráxica tem uma falta de organização do movimento, que se apresenta como uma dificuldade de organizar e planejar os movimentos intencionalmente ou na sequência correta.
As áreas que sofrem mais alterações são as do esquema corporal e da orientação temporo-espacial. Em alguns casos, a linguagem não é afetada. A criança com dispraxia frequentemente apresenta fracasso escolar, pois a escrita é uma das áreas mais comprometida.
De um ponto de vista pragmático, pode-se observar:
- Compromete a maneira como a pessoa aprende novas habilidades, pensa e se lembra de informações no trabalho e em casa.
- Dificulta a aquisição de habilidades de vida diária, como vestir ou preparar refeições, escrever, digitar, desenhar e pegar pequenos objetos.
- Afeta como a pessoa funciona em situações sociais e como a pessoa lida com suas emoções.
- A dispraxia também afeta as habilidades de gerenciamento de tempo, planejamento e organização pessoal.
Como o médico diagnostica a dispraxia?
O diagnóstico9 é eminentemente10 clínico, não havendo um exame laboratorial específico para estabelecê-lo. Nas crianças, a dispraxia normalmente só é diagnosticada entre os 3 e os 5 anos de idade, porque até essa idade a criança geralmente é vista como “desastrada”. Nos adultos, esse diagnóstico9 é fácil de ser feito, já que surge após algum tipo de trauma cerebral e pode ser comparado com o que a pessoa era capaz de realizar anteriormente.
Quatro critérios clínicos são importantes para determinar se uma criança tem um distúrbio de coordenação do desenvolvimento:
- coordenação motora bastante reduzida numa criança de inteligência normal;
- dificuldades de coordenação motora ou planejamento dos movimentos que interferem no cotidiano da criança;
- as dificuldades de coordenação não são devidas a outra condição médica;
- ainda que a criança também tenha comorbidades11, como retardo mental, por exemplo, a coordenação motora é desproporcionalmente afetada.
O diagnóstico9 deve sempre ser feito por um médico, porque a falta de coordenação pode ser sintoma12 de alguma outra doença subjacente, como uma infecção13, tumor14, intoxicação, síndrome metabólica15, etc.
A dispraxia pode, às vezes, ser confundida com debilidade motora, motivo pelo qual é necessário um diagnóstico9 refinado. Diferencia-se de outras condições que alteram a coordenação motora por não haver lesão16 neurológica.
Como o médico trata a dispraxia?
Não há cura para a dispraxia, mas existem terapias que podem ajudar na vida diária. A terapia ocupacional17 ajuda a encontrar maneiras práticas de permanecer independente e gerenciar tarefas diárias, como escrever ou preparar comida, por exemplo. A terapia cognitivo18-comportamental ajuda a gerenciar problemas, mudando a maneira como a pessoa pensa e se comporta.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH – National Institutes of Health e do NHS – National Health Service.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.