Síndrome de Fanconi
O que é a síndrome1 de Fanconi?
A síndrome1 de Fanconi é uma síndrome1 rara, caracterizada por ser uma tubulopatia renal2 proximal3 na qual há um distúrbio na reabsorção de glicose4, aminoácidos, fosfato, bicarbonato e potássio, além de observar-se proteinúria5 tubular, concentração urinária deficiente e distúrbios no processo de acidificação da urina6. A síndrome1 de Fanconi não tem relação com a anemia7 de Fanconi e não deve ser confundida com ela.
A síndrome1 foi assim denominada em 1936, em homenagem ao pediatra suíço Guido Fanconi, que reuniu e sistematizou estudos feitos sob vários nomes e por vários pesquisadores que o precederam.
Qual é a causa da síndrome1 de Fanconi?
A síndrome1 de Fanconi pode ter como causa uma condição herdada (síndrome1 de Fanconi primária) ou uma doença adquirida (síndrome1 de Fanconi secundária) causada pela ingestão de determinadas drogas ou metais pesados. A única exceção a essa regra é a forma idiopática8 da síndrome1. A síndrome1 idiopática8 de Fanconi ocorre na ausência de qualquer causa identificável e, na maioria dos casos, é esporádica.
Nos casos herdados, o modo de herança parece variar entre autossômico9 dominante, autossômico9 recessivo ou vinculado ao cromossomo10 X.
Leia sobre "Desidratação11", "Desnutrição12", "Hipovitaminoses" e "Insuficiência renal13 crônica".
Qual é o substrato fisiológico14 da síndrome1 de Fanconi?
Nos rins15 normais, os túbulos renais proximais16 processam o líquido filtrado através de uma estrutura chamada glomérulo17 e reabsorvem substâncias tais como a glicose4, o ácido úrico, o bicarbonato, o fosfato e os ácidos aminados. Contudo, na síndrome1 de Fanconi, estas moléculas não são reabsorvidas e são excretadas pela urina6.
Numerosos mecanismos podem resultar na diminuição da reabsorção de solutos pelo túbulo proximal3, sendo os principais: (1) alterações na função dos transportadores através da membrana luminal; (2) alterações nas características de permeabilidade18 das membranas tubulares e (3) distúrbios no metabolismo19 da energia celular.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Fanconi?
Nem todas as manifestações da síndrome1 estão presentes desde o início da doença. As mais comuns são episódios recorrentes de desidratação11, raquitismo20 e incapacidade de desenvolver-se normalmente. As características clínicas incluem ainda poliúria21, polidipsia22, crises de desidratação11, deformidades ósseas e crescimento prejudicado. Com menos frequência, os motivos da investigação são achados laboratoriais, como proteinúria5, hipocalemia23, hipofosfatemia e acidose24 metabólica hiperclorêmica.
A poliúria21, polidipsia22 e desidratação11 são causadas principalmente pela perda de quantidades excessivas de solutos minerais na urina6, acompanhada pela perda de água. Apesar da desidratação11 que se segue, a urina6 é frequentemente diluída, o que reflete um defeito de concentração causado parcialmente por hipocalemia23.
A hipocalemia23 é o resultado de perdas urinárias secundárias ao aumento da secreção de potássio, estimulada pela liberação de grandes quantidades de sódio e líquido no néfron25 distal26. A acidose24 contribui para esse resultado aumentando a carga filtrada de potássio. A depleção27 de potássio pode resultar em fraqueza muscular, constipação28 e, quando grave, morte súbita. Além disso, a hipocalemia23 também contribui para o defeito na capacidade de concentração da urina6 observada nesses pacientes.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Fanconi?
Nas crianças com síndrome1 de Fanconi herdada, os pais podem perceber sede excessiva ou crescimento mais lento que o normal. As crianças podem ter raquitismo20 ou problemas renais. O médico deve solicitar exames de sangue29 e urina6 para verificar os níveis de glicose4, fosfatos ou aminoácidos e descartar outras possibilidades. Ele também pode verificar se há cistinose (deposição de cristais de cistina) observando a córnea30 da criança com um exame de lâmpada de fenda. Isso ocorre porque a cistinose afeta os olhos31.
A síndrome1 de Fanconi adquirida pode afetar a pessoa em qualquer idade e os sintomas32 são imediatamente percebidos. Os ossos e rins15 podem já estar danificados no momento do diagnóstico33.
Como a síndrome1 de Fanconi é um distúrbio raro, muitos médicos podem não estar familiarizados com ela e terem dificuldades de diagnosticá-la. Ela pode ser confundida com diabetes tipo 134, fibrose cística35, desnutrição12 crônica, hiperatividade da tireoide36, raquitismo20, distúrbio mitocondrial, etc.
Como o médico trata a síndrome1 de Fanconi?
O tratamento da síndrome1 de Fanconi depende de sua gravidade, causa e presença concomitante de outras doenças. Normalmente, a síndrome1 de Fanconi não pode ser curada, mas os sintomas32 podem ser controlados. Quanto mais cedo forem instituídos o diagnóstico33 e o tratamento, melhor a perspectiva de evolução favorável.
Para crianças com a síndrome1 herdada, a primeira linha de tratamento é substituir as substâncias que estão sendo eliminadas em excesso pelos rins15 danificados. A substituição dessas substâncias pode ser por via oral ou por infusão. Isso inclui a substituição de eletrólitos37, bicarbonatos, potássio, vitamina38 D, fosfatos, água e outros minerais e nutrientes.
Uma dieta rica em calorias39 é recomendada para manter um crescimento adequado. Se os ossos da criança estiverem malformados, a intervenção de um ortopedista e/ou um fisioterapeuta pode ser necessária.
A presença concomitante de outras doenças genéticas pode exigir tratamento adicional, inclusive um transplante renal2, em caso de insuficiência40 do órgão.
Como evolui a síndrome1 de Fanconi?
O prognóstico41 da síndrome1 de Fanconi é bastante variável. Alguns pacientes desenvolvem insuficiência renal13 no final da infância ou início da idade adulta. O raquitismo20 em crianças ou a osteomalácia42 em adultos é o resultado de excessivas perdas urinárias de cálcio e fosfato e de um defeito na hidroxilação da vitamina38 D.
Saiba mais sobre "Raquitismo20", "Osteomalácia42", "Deficiência de vitamina38 D".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Mayo Clinic, da U.S. National Library of Medicine e do The American Journal of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.