Como é o processo de produção e eliminação da urina?
O que é sistema urinário1?
O aparelho urinário2 é o conjunto de órgãos responsáveis pela produção e eliminação da urina3. Ele é constituído por dois rins4, dois ureteres5, uma bexiga6 e uma uretra7.
Os rins4 são órgãos localizados nos flancos8 superiores do abdômen, um de cada lado do corpo, e têm a função de produzir a urina3, além de secretar a renina, substância responsável pelo controle da pressão arterial9. Eles têm cerca de 10 cm de comprimento, peso entre 120-280 g e formato que lembra um feijão, apresentando uma borda convexa e uma borda côncava. Na parte côncava há uma região denominada hilo10 renal11, por onde entram e saem vasos sanguíneos12 e nervos e por onde emergem os ureteres5.
Os rins4 são responsáveis pela produção da urina3 através da filtração do sangue13 e os demais órgãos são responsáveis pela condução dela para o exterior. Logo depois de ser filtrada nos rins4, a urina3 desce por ductos de 4 a 5 mm de diâmetro e 25 a 30 cm de comprimento, chamados ureteres5, que terminam por alcançar a bexiga6. Esta, por sua vez, é um órgão muscular oco que serve de reservatório para a urina3 e que distende gradativamente conforme esse produto se acumula.
Por fim, a uretra7 conecta a bexiga6 com o exterior. No homem, a uretra7 tem um comprimento médio de 20 cm e, na sua parte terminal, percorre toda a extensão do pênis14 e desemboca na extremidade dele. Na mulher, a extensão da uretra7 é de cerca de apenas 4 centímetros.
Como é o processo de produção da urina3?
Para que a urina3 seja produzida é necessário, antes de tudo, que o sangue13 chegue aos rins4 em quantidade suficiente. A formação da urina3 então ocorre nos néfrons15 (unidades renais) por meio de três processos básicos: filtração, reabsorção e secreção. Esses processos garantem a eliminação de produtos indesejáveis do metabolismo16 ou dos que estejam em excesso no organismo.
A filtração, primeira etapa da formação da urina3, é um processo passivo caracterizado pela saída do filtrado do interior do glomérulo17 para a cápsula renal11 que o envolve. Esse filtrado contém substâncias que são fundamentais para o organismo e que devem ser reabsorvidas pelos chamados túbulos néfricos, o que é importante para evitar a perda excessiva delas, tais como água, sódio, glicose18 e aminoácidos, entre outras.
No entanto, em condições patológicas, algumas substâncias estão em concentrações tão elevadas no filtrado que não são completamente reabsorvidas e parte delas é perdida na urina3 (glicose18, proteínas19, sais, etc.).
Após isso, algumas substâncias presentes no sangue13 e que são indesejáveis ao organismo são eliminadas pelas células20 do túbulo néfrico, num processo chamado secreção. Assim, a urina3 formada é conduzida até os ureteres5, que a levarão até a bexiga6, onde permanecerá até sua eliminação através da uretra7.
Saiba mais sobre "Avaliação da função renal11", "Índice de filtração glomerular21" e "Obstrução das vias urinárias".
Como é o processo de eliminação da urina3?
A produção de urina3 pelos rins4 é um processo contínuo e ininterrupto. A urina3 aí produzida já está na sua forma final de excreção e não sofrerá novas alterações. Através dos ureteres5 é conduzida à bexiga6, onde fica armazenada para posterior eliminação. Assim que a bexiga6 atinge a sua capacidade plena, tem início o ato de urinar.
Quando uma pessoa tem vontade de urinar, seus músculos22 da bexiga6 começam a se contrair, o que aumenta a pressão na bexiga6 e empurra a urina3 para fora. Ao mesmo tempo, a musculatura do esfíncter23 vesico-uretral24 (que controla a retenção e soltura da urina3) e da uretra7 relaxa, permitindo que a urina3 flua para fora da bexiga6 e do corpo.
Quando a bexiga6 se esvazia completamente, a contração dos músculos22 vesicais diminui e a micção25 é concluída. Esses eventos são controlados pelo sistema nervoso central26.
Quais são as anormalidades possíveis no processo de produção e eliminação da urina3?
Os transtornos da produção e eliminação da urina3 podem ocorrer em qualquer uma das suas três fases.
Na fase pré-renal11 eles se devem a quaisquer condições que impeçam a chegada da quantidade normal de sangue13 aos rins4. Entre essas condições pode-se citar:
- a desidratação27, que pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo vômitos28, diarreia29, suor excessivo e uso excessivo de diuréticos30;
- a hipovolemia31 (redução do volume de sangue13 circulante), que pode ser causada por uma perda súbita de líquidos, como a perda de sangue13 devido a lesão32 ou cirurgia;
- a hipotensão33, ou pressão arterial9 baixa, que também pode ser causada por uma perda súbita de líquidos, como a perda de sangue13 devido a lesão32 ou cirurgia, ou por uma condição médica subjacente, como insuficiência cardíaca34 ou sepse35;
- e constrição36 dos vasos renais ou que dão acesso aos rins4, o que pode ser causado por uma variedade de fatores, incluindo o uso de medicamentos vasoconstritores e a presença de doenças subjacentes, como a doença renal11 arterial.
As anormalidades da fase renal11 podem se referir a quaisquer desvios na função normal dos rins4 e pode levar a vários problemas de saúde37, como insuficiência renal38, hipertensão39, desequilíbrio eletrolítico e outros problemas relacionados à função renal11. As causas de anormalidades na fase renal11 podem incluir: doenças crônicas, como diabetes40 e doenças cardiovasculares41; lesões42 nos rins4; infecções43; uso excessivo de medicamentos; entre outros fatores. O diagnóstico44 precoce e o tratamento adequado são importantes para prevenir complicações graves e preservar a função renal11 a longo prazo.
As anormalidades da fase pós-renal11 referem-se a problemas que ocorrem após a função renal11, na excreção de urina3 pelo trato urinário45. Se resumem a uma condição na qual há uma obstrução na saída da urina3, resultando em uma retenção urinária46. Esta fase pode ser afetada por vários problemas, incluindo obstruções do trato urinário45, como pelo deslocamento de cálculos renais; uma bexiga6 hiperativa ou hipertrofia47 prostática em homens; ou outras condições que possam impedir a liberação completa da urina3, como uma lesão32 na coluna vertebral48, por exemplo.
Em alguns casos, as anormalidades da fase pós-renal11 podem levar a problemas graves, como infecções43 do trato urinário45 e insuficiência renal38, se não forem tratadas. O tratamento dependerá da causa subjacente e poderá incluir medicamentos, procedimentos médicos ou cirurgia.
Em geral, as anormalidades da fase pré-renal11 podem ser tratadas aumentando o volume de fluidos corporais e estabilizando a pressão arterial9. Em casos graves, pode ser necessário o uso de medicações específicas e a hospitalização para monitoramento e tratamento adequados.
O tratamento das anormalidades da fase renal11 dependerá da causa subjacente, que podem ser várias. Algumas das condições mais comuns são:
- insuficiência renal38, que pode exigir medidas como o uso de diuréticos30 e terapia de substituição renal11, como diálise49 ou transplante renal11;
- doenças vasculares50, como aterosclerose51 ou hipertensão39, que demandam medidas para controlar a pressão arterial9, como o uso de medicamentos anti-hipertensivos, além de mudanças no estilo de vida;
- doenças inflamatórias renais, como glomerulonefrite52 ou nefrite53 intersticial54, a serem tratadas com medicamentos imunossupressores e outros para controlar a inflamação55;
- e lesões42 que, conforme sua natureza (traumatismo56, radiação, etc.), exigem medidas para proteger o rim57 e promover a cura, como repouso e medicação.
O tratamento das anormalidades da fase pós-renal11 depende da causa subjacente da obstrução. Algumas das opções de tratamento incluem:
- a remoção de cálculos urinários através de procedimentos como litotripsia, ureteroscopia58 ou nefrolitotomia percutânea;
- na obstrução por hiperplasia59 prostática benigna (aumento do tamanho da próstata60), o tratamento pode ser feito com medicamentos ou com cirurgia;
- cirurgia, radioterapia61 e/ou quimioterapia62 no caso de tumores;
- e, em casos de estenose63 ureteral, pode ser necessário tratá-la com dilatação ureteral, stent ureteral ou cirurgia.
É importante que a retenção urinária46 seja tratada o mais rápido possível, pois pode levar a complicações graves, como infecção64 urinária e insuficiência renal38.
Leia sobre "Principais distúrbios urinários", "Usos e abusos dos diuréticos30", "Oligúria65: o que é isso" e "Importância do exame de urina66".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da UNESP, da UFRGS e da UFJF.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.