Geriatria - De quem ela cuida?
O que é geriatria?
Geriatria (do grego: geron = velho + iatros = aquele que cura), ou medicina geriátrica, é uma especialidade médica focada na prestação de cuidados à saúde1 de pessoas idosas. Tem como objetivo promover a saúde1 prevenindo, diagnosticando e tratando doenças em idosos.
Não há um limite etário definido para que os pacientes possam estar sob os cuidados de um médico especializado no atendimento de idosos (geriatra). Essa decisão é guiada pelas necessidades individuais do paciente e pelas estruturas de cuidado disponíveis para ele. Do ponto de vista sociológico, contudo, costuma-se referir como idosas as pessoas com mais de 65 anos. No entanto, os cuidados da geriatria podem ser dispensados àqueles que estão gerenciando várias condições crônicas ou enfrentando complicações significativas relacionadas a elas, sem consideração de uma idade limite.
Deve-se fazer uma distinção entre Geriatria e Gerontologia2. Esta última é um estudo multidisciplinar dos processos normais de envelhecimento, independentemente de lesões3, doenças e riscos ambientais ou comportamentais. A Geriatria pode, apropriadamente, ser chamada de Gerontologia2 médica. Isto é, ela lida com os aspectos médicos da Gerontologia2 e abrange desde a promoção de um envelhecer saudável até o tratamento e a reabilitação do idoso. O médico que pratica a Geriatria como especialidade é dito geriatra.
Leia sobre "Dores nas pernas", "Fratura4 do colo do fêmur5" e "Osteoporose6".
Por que a geriatria?
Cada vez aumenta mais o número de pessoas idosas na sociedade e é crescente o número de clientes idosos que os médicos de toda especialidade recebem para consulta. A Geriatria se justifica por que o organismo das pessoas idosas tem especificidades que o diferenciam das pessoas adultas comuns, seja na sua fisiologia7, na susceptibilidade8 às doenças ou no modo de reagir a elas e aos tratamentos.
Os geriatras, em geral, conhecem melhor que os outros médicos em que consistem essas peculiaridades. Eles lidam não só com as enfermidades comuns às pessoas de idade avançada, mas também com outros problemas de causas múltiplas, como tonturas9, incontinência urinária10, tendência a quedas, etc. Além disso, eles prestam cuidados paliativos11 aos pacientes portadores de doenças sem possibilidade de cura.
Quais são as características clínicas das doenças geriátricas?
Tal como acontece com as crianças na Pediatria, os idosos têm uma fisiologia7, uma clínica, uma resposta terapêutica12 e uma reação à doença diferentes das pessoas adultas comuns. Embora muitas doenças dos idosos também possam ocorrer no adulto mais jovem e inclusive em crianças, elas têm especificidades de grande significado clínico nos idosos. Também as reações às medicações são particulares e de grande significância.
De um modo geral, como consequência do envelhecimento costuma-se dizer que a Geriatria pode ser caracterizada pela presença dos 5 Is seguintes:
- Instabilidade postural
- Independência do idoso
- Imobilidade
- Incontinência urinária
- Iatrogenia
A instabilidade afeta grandemente a independência do idoso e é responsável por quedas que podem produzir ferimentos, fraturas e mesmo morte.
A independência do idoso fica comprometida também pelas suas insuficiências cognitivas, afetando suas atividades do dia a dia. Muitas vezes se expressam como demências, depressões, delirium13 e outras doenças psiquiátricas.
A imobilidade é qualquer limitação de movimentos, habitualmente progressiva. Uma síndrome14 crônica de imobilidade pode surgir em virtude de úlceras15 de pressão, contraturas e dores crônicas.
A incontinência urinária10 se dá quando há perda involuntária16 de urina17 e é mais comum nas mulheres que nos homens.
A iatrogenia é caracterizada pela reação a qualquer tratamento médico inadequado por desconhecimento das peculiaridades do idoso.
Quais são as principais doenças que afetam os idosos?
Nem todas as doenças dos idosos são tratadas pelo geriatra, porque muitas delas requerem a intervenção de especialistas, mas devem receber a assistência do geriatra em aspectos atinentes à sua especialização. As doenças crônicas que mais afetam os idosos são:
- Doenças cardiovasculares18: estão no topo da lista e representam a principal causa de morte dos idosos. Entre elas contam-se a hipertensão arterial19 sistêmica, o infarto do miocárdio20, a angina21 de peito22 e os acidentes vasculares23 cerebrais.
- Diabetes mellitus24: com as mudanças que ocorrem no corpo, o organismo passa a não processar tão bem a glicose25, o que contribui para o descontrole do diabetes mellitus24 clássico e para o surgimento do diabetes tipo 226. Disso decorrem as principais complicações do diabetes27, afetando os rins28, o coração29 e a visão30.
- Osteoporose6: atinge mais as mulheres que os homens e sofre uma acentuação brusca na pós-menopausa31 em razão das alterações hormonais. As dores prolongadas são um problema sério, e os ossos se tornam mais fragilizados e mais susceptíveis às fraturas.
- Catarata32: afeta o cristalino do olho33, o qual, com o passar do tempo, fica menos transparente e ocasiona uma sensação de opacidade da visão30.
- Depressão: é um problema recorrente nos idosos e, às vezes, um transtorno de difícil identificação.
- Infecções34 urinárias: são predominantes nas mulheres, embora o crescimento da próstata35 nos homens as faça também muito comuns neles.
- Mal de Parkinson: é uma condição degenerativa36 e progressiva que afeta partes cerebrais comprometendo os movimentos, provocando tremores, lentidões, rigidez involuntária16 dos músculos37 e desequilíbrios. Pode afetar também aspectos mentais produzindo um estado demencial.
- Doença de Alzheimer38: forma de demência39 que avança de forma progressiva, global e irreversível, afetando sobretudo a memória, embora outras funções cognitivas também sejam comprometidas.
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): doença crônica e progressiva que acomete os pulmões40 e destrói e/ou danifica os alvéolos41, prejudicando as trocas gasosas que ocorrem neles. Embora possa ter outras causas, a DPOC é predominante nos fumantes.
- Câncer42: pode acontecer também em pessoas jovens, mas é predominante nos idosos. Nas mulheres, o câncer42 mais frequente é o câncer42 de mama43 e, nos homens, o câncer42 de próstata35.
Ainda outros fatores ligados ao envelhecimento são frequentes. Os idosos também são mais propensos a sofrerem infecções34 respiratórias que podem evoluir para quadros de pneumonias graves.
Veja também sobre "O envelhecimento da pele44", "Envelhecimento precoce" e "Envelhecimento cerebral normal ou patológico".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Revista Médica de Minas Gerais – Volume 20.1 e da SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.