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Hematócrito - Como é o exame e o que ele revela?

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O que é hematócrito1?

O hematócrito1 é um exame de sangue2 que mede a porcentagem de hemácias3 no sangue2, também chamadas de eritrócitos4 ou glóbulos vermelhos. O hematócrito1 pode fornecer informações valiosas sobre a saúde5 geral do indivíduo, incluindo a quantidade de células6 vermelhas e a quantidade de hemoglobina7 no sangue2.

No entanto, o exame de hematócrito1 sozinho não é suficiente para um diagnóstico8 preciso. Por isso, ele deve ser utilizado em conjunto com outros índices hematimétricos do sangue2 para avaliação das suas alterações.

A hemoglobina7 contida nas hemácias3 carrega o oxigênio para os tecidos e o hematócrito1 dá uma indicação dela. É, pois, muito importante a normalidade do hematócrito1 para que a saúde5 pessoal seja normal.

Qual é o procedimento para se obter o hematócrito1?

O exame de hematócrito1 é rápido, simples e indolor. O resultado do exame fica disponível em questão de horas. Ele é feito a partir de uma amostra de sangue2 colhida em uma veia do braço. Quase nunca o hematócrito1 é solicitado isoladamente, mas é acompanhado por outros exames de sangue2 feitos a partir da mesma amostra.

A técnica mais comum de determinação do hematócrito1 envolve a separação dos componentes sanguíneos, incluindo glóbulos vermelhos, plaquetas9, plasma10 e leucócitos11. Isso é feito em sangue2 colocado em tubos e centrifugado em uma máquina especial, que separa os componentes com base nas suas diferentes densidades.

Três partes então se diferenciam nitidamente: a mais alta delas contendo o plasma sanguíneo12; a intermediária contendo leucócitos11 e plaquetas9; e a inferior contendo os glóbulos vermelhos. Após a centrifugação13, a porção contendo os glóbulos vermelhos é medida e o volume é comparado ao volume total de sangue2. A porcentagem é então calculada e seu valor expresso em percentagem em relação ao sangue2 total.

Além da centrifugação13, outros métodos, como a microcentrifugação ou o uso de tubos de separação também podem ser usados. Em geral, o resultado é expresso como uma porcentagem ou um número que representa o volume de hemácias3 em mililitros por decilitro de sangue2.

Veja também sobre "Hemograma", "Hemoglobinopatias14", "Microcitose", "Reticulocitose" e "Policitemia vera15".

Valores do hematócrito1

Os valores do hematócrito1 considerados normais variam entre 40 a 50% nos homens e 35 a 45% nas mulheres. No entanto, uma série de fatores fisiológicos podem alterar esses resultados: viver em altitudes elevadas, gravidez16, idade, perda significativa de sangue2, transfusão17 recente de sangue2 e desidratação18 severa.

Por esta razão, o médico deve levar esses e outros fatores em conta ao interpretar o hematócrito1 de uma pessoa. Se o resultado do hematócrito1 se mostrar conflitante como as informações da pessoa, o médico pode repetir o exame ou solicitar outros que possam ser confrontados com o hematócrito1.

No caso das gestantes, o valor de referência normalmente é entre 34 e 47%; em recém-nascidos o hematócrito1 pode variar de 44 a 62%; no bebê até um ano de idade fica entre 36 e 44%; e em crianças até 17 anos fica entre 37 e 44%.

Os valores do hematócrito1 e o valor celular médio (VCM) estão intimamente relacionados. Para uma mesma quantidade de hemácias3 circulantes, se o VCM das hemácias3 aumenta (as células sanguíneas19 estão ficando maiores), eleva o valor do hematócrito1. Da mesma forma, se o VCM diminui (as células sanguíneas19 estão ficando menores), ocorre um decréscimo do hematócrito1. Por isso, é sempre importante cotejar o valor do hematócrito1 com a apuração do número de hemácias3 no sangue2.

As hemácias3 contêm hemoglobina7, uma proteína que se liga ao oxigênio que é transportado por todo o corpo. A correlação entre o número de hemácias3 e os valores de hemoglobina7 é geralmente positiva, ou seja, quanto maior o número de hemácias3, maior será o valor de hemoglobina7 e vice-versa. A quantidade de hemoglobina7 por célula20 geralmente é constante, por isso um aumento no número de hemácias3 resulta em um aumento na quantidade total de hemoglobina7 no sangue2.

Os valores normais da hemoglobina7 variam com a idade e o sexo. Em geral, os valores considerados normais para homens adultos são de 13,5 a 17,5 g/dL (gramas por decilitro) e para mulheres adultas está entre 12,0 e 15,5 g/dL, enquanto em mulheres grávidas está entre 11,0 a 16,0 g/dL. Em crianças de 2 a 6 anos, ele geralmente fica entre 11,5 a 13,5 g/dL e em crianças de 6 a 12 anos entre 11,5 a 15,5 g/dL. No entanto, esses valores podem variar um pouco, dependendo de fatores como a altura, o peso corporal, a condição de saúde5 geral e a presença de doenças.

Alterações patológicas do hematócrito1

Alterações no hematócrito1 podem ser indicativas de condições médicas sistêmicas ou de doenças do sangue2. Valores abaixo do normal podem indicar uma insuficiente quantidade de células6 vermelhas (anemia21); um número muito aumentado de células6 brancas, devido a enfermidades de longa duração, infecções22, distúrbios da produção de células6 brancas (como leucemia23 ou linfoma24), deficiência de vitaminas ou sais minerais; ou uma perda sanguínea recente ou duradoura (hemorragias25). Algumas condições médicas também podem levar à anemia21, incluindo certos tratamentos, como quimioterapia26.

Valores acima do normal podem acontecer devido à desidratação18, distúrbios que gerem policitemia27 (distúrbio que leva o sangue2 a produzir células6 vermelhas em excesso) ou doenças cardíacas ou pulmonares, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), por exemplo. Também aqui, algumas questões médicas como o uso de esteroides, podem elevar o valor do hematócrito1.

Leia sobre "Anemia falciforme28", "Anemia ferropriva29", "Talassemia30" e "Doação de sangue2".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

ABCMED, 2023. Hematócrito - Como é o exame e o que ele revela?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1433485/hematocrito-como-e-o-exame-e-o-que-ele-revela.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Hematócrito: Exame de laboratório que expressa a concentração de glóbulos vermelhos no sangue.
2 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
3 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
4 Eritrócitos: Células vermelhas do sangue. Os eritrócitos maduros são anucleados, têm forma de disco bicôncavo e contêm HEMOGLOBINA, cuja função é transportar OXIGÊNIO. Sinônimos: Corpúsculos Sanguíneos Vermelhos; Corpúsculos Vermelhos Sanguíneos; Corpúsculos Vermelhos do Sangue; Glóbulos Vermelhos; Hemácias
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
7 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
8 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
9 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
10 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
11 Leucócitos: Células sangüíneas brancas. Compreendem tanto os leucócitos granulócitos (BASÓFILOS, EOSINÓFILOS e NEUTRÓFILOS) como os não granulócitos (LINFÓCITOS e MONÓCITOS). Sinônimos: Células Brancas do Sangue; Corpúsculos Sanguíneos Brancos; Corpúsculos Brancos Sanguíneos; Corpúsculos Brancos do Sangue; Células Sanguíneas Brancas
12 Plasma Sanguíneo: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
13 Centrifugação: 1. Ato ou efeito de centrifugar; centrifugamento. 2. Aplicação de força centrífuga. 3. Afastamento, desvio do centro.
14 Hemoglobinopatias: Doenças genéticas que resultam de uma alteração na estrutura das cadeias de globinas em uma molécula de hemoglobina. As hemoglobinopatias mais comuns são as doenças falciformes e a talassemia.
15 Policitemia vera: Distúrbio mieloproliferativo crônico, devido à multiplicação anormal de células progenitoras hematopoiéticas, que resulta na superprodução de células sanguíneas tais como eritrócitos, plaquetas e alguns leucócitos. Isto impede que as células-mãe desempenhem suas funções corretamente.
16 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
17 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
18 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
19 Células Sanguíneas: Células encontradas no líquido corpóreo circulando por toda parte do SISTEMA CARDIOVASCULAR.
20 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
21 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
22 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
23 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
24 Linfoma: Doença maligna que se caracteriza pela proliferação descontrolada de linfócitos ou seus precursores. A pessoa com linfoma pode apresentar um aumento de tamanho dos gânglios linfáticos, do baço, do fígado e desenvolver febre, perda de peso e debilidade geral.
25 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
26 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
27 Policitemia: Alteração sanguínea caracterizada por grande aumento da quantidade de hemácias circulantes.
28 Anemia falciforme: Doença hereditária que causa a má formação das hemácias, que assumem forma semelhante a foices (de onde vem o nome da doença), com maior ou menor severidade de acordo com o caso, o que causa deficiência do transporte de gases nos indivíduos que possuem a doença. É comum na África, na Europa Mediterrânea, no Oriente Médio e em certas regiões da Índia.
29 Anemia Ferropriva: Anemia por deficiência de ferro. É o tipo mais comum de anemia. Há redução da quantidade total de ferro corporal até a exaustão das reservas de ferro. O fornecimento de ferro é insuficiente para atingir as necessidades de diferentes tecidos, incluindo as necessidades para a formação de hemoglobina e dos glóbulos vermelhos.
30 Talassemia: Anemia mediterrânea ou talassemia. Tipo de anemia hereditária, de transmissão recessiva, causada pela redução ou ausência da síntese da cadeia de hemoglobina, uma proteína situada no interior do glóbulos vermelhos e que tem a função de transportar o oxigênio. É classificada dentro das hemoglobinopatias. Afeta principalmente populações da Itália e da Grécia (e seus descendentes), banhadas pelo Mar Mediterrâneo.
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