Status epilepticus
O que é status epilepticus?
Denomina-se status epilepticus (ou estado epiléptico ou estado de mal epiléptico) à crise prolongada de epilepsia1, durando mais de 5 minutos, ou a múltiplas crises sequenciais sem que haja retorno ao estado basal entre elas, principalmente a volta à consciência.
O status epilepticus é uma condição rara e a maioria das pessoas com epilepsia1 nunca o teve ou terá. Quando ocorre, trata-se de uma emergência2 neurológica, com mortalidade3 de cerca de 20%, que aumenta com duração das crises maior que 30 minutos. Em 54% dos casos não há diagnóstico4 prévio de epilepsia1.
Quais são as causas do status epilepticus?
Nas pessoas epilépticas, a causa mais comum de status epilepticus é a interrupção abrupta do uso dos anticonvulsivantes, mas o status epilepticus pode ocorrer também em pessoas não epilépticas, devido a lesões5 estruturais do cérebro6, alterações metabólicas, intoxicações, interrupções abruptas de drogas ou medicações e infecções7 sistêmicas ou do sistema nervoso central8, como as meningites9.
Em crianças, a principal causa do estado de mal epiléptico é uma infecção10 com febre11. Um pequeno número de casos ficará sem uma causa definida.
Existem muitos fatores de risco que favorecem o status epilepticus, a saber: epilepsia1 mal controlada, baixo teor de açúcar12 no sangue13, traumatismos na cabeça14, insuficiência renal15 ou insuficiência hepática16, encefalite17, HIV18, abuso de álcool ou drogas e doenças genéticas, entre outros.
Leia sobre "Epilepsias", "Intoxicações medicamentosas", "Crise convulsiva febril" e "Convulsões emocionais".
Quais são as características clínicas do status epilepticus?
O status epilepticus pode ocorrer indistintamente em homens ou mulheres. Em relação às faixas etárias, há uma distribuição bimodal, com um pico no primeiro ano de vida e outro em idosos com mais de 60 anos.
O status epilepticus pode ocorrer em uma de duas modalidades:
- status epilepticus convulsivo, que pode envolver convulsões com movimentos bruscos, grunhidos, salivação, movimentos rápidos dos olhos19 e tem maior probabilidade de causar lesões5 a longo prazo
- status epilepticus não convulsivo, em que a pessoa pode ter alteração da consciência, estar confusa por um longo tempo, ou como se estivesse sonhando acordado, sem conseguir falar e se comportando de maneira irracional
Os sintomas20 mais comuns do status epilepticus são espasmos21 musculares, quedas ao chão, confusão mental, emissão de sons incomuns, perda de controle do intestino e/ou bexiga22, dentes cerrados, respiração irregular e dificuldade em falar.
Como o médico diagnostica a causa do status epilepticus?
O diagnóstico4 de status epilepticus é auto evidente. O mais importante, e mais difícil, é diagnosticar a causa dele. Para tal, o médico provavelmente buscará saber sobre o histórico de saúde23 do paciente, medicamentos que ele esteja tomando e se ele usou álcool ou outras drogas recreativas, fará ou solicitará um exame neurológico completo e avaliação do fundo de olho24. Ainda para saber sobre as causas, o médico pode solicitar um eletroencefalograma25 e outros exames, como exame de sangue13, punção lombar, tomografia computadorizada26 ou ressonância magnética27.
Como o médico trata o status epilepticus?
O objetivo imediato do tratamento consiste em fazer cessar a convulsão28 o mais rápido possível. Em seguida, o médico deve tratar todos os problemas subjacentes que a estejam causando. O paciente pode receber oxigênio, se necessário, e manter um acesso intravenoso para administração de medicações anticonvulsivantes e de glicose29 se o nível de açúcar12 no sangue13 estiver muito baixo. As medicações anticonvulsivantes também podem ser administradas por injeção30 no músculo.
Devem ser adotadas ainda medidas de ordem geral, como manter o paciente em leito com grades laterais para evitar quedas, inserir uma proteção entre os dentes, prevenindo mordeduras e lacerações na língua31, fazer aspiração contínua para evitar pneumonia32 aspirativa, monitorar os sinais vitais33 e a temperatura e manter as vias aéreas desobstruídas, de modo a garantir uma ventilação34 adequada. A intubação orotraqueal35 deve ser feita sempre que necessário para prevenir a ocorrência de hipóxia36.
Veja também sobre "Crises de ausência", "Crise parcial complexa", "Estado crepuscular" e "Alterações da consciência".
Como evolui o status epilepticus?
Entre 10 e 30% das pessoas com estado de mal epiléptico devido a uma doença cerebral subjacente morrem em 30 dias. No entanto, pessoas com epilepsia1 que adotem um controle adequado têm um bom prognóstico37 e podem e até mesmo evitar convulsões futuras.
Quais são as complicações possíveis com o status epilepticus?
O desfecho do status epilepticus depende da sua causa subjacente e pode variar desde nenhuma complicação até a morte. Por exemplo: se a causa for um controle inadequado da epilepsia1 e puder ser corrigida, pode não haver complicações; se a causa for um acidente vascular cerebral38 ou lesão39 cerebral, as complicações podem incluir as sequelas40 dessa condição ou mesmo a morte.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Johns Hopkins Medicine e do NIH – National Institutes of Health (USA).
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.